Capítulo XVIII- Tristeza de Josephine

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O espírito de Pierry, de imediato saiu do corpo, e ficou ali vendo seu corpo físico ao chão. Uma mulher de beleza indescritível estava do lado dele, pegou sua mão e o levou embora. Enquanto lá embaixo, um corpo esfacelado jazia no chão. Um espírito sentado ao lado do corpo chorava, estava inconformado, ele via o povo se mover, as moças andarem para lá e cá e as chamavam, mas nenhuma via, então como podiam falar com ele? Viu Josephine, sentada no último andar e correu para lá.

— Josephine, me perdoe, não queria matar ele, nunca pensei nisso, o punhal eu acabara de ganhar de um amigo, não sou um assassino, me olhe, me responda por favor. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Diga que acredita em mim. A moça estava fora de si, aliás todos ali estavam atônitos, andando de um lado a outro, sem saber o que fazer com os dois corpos. Um homem negro alto, em espírito, pega as mãos de Thierry e saem do local. Ele não quer ir, mas o homem o segura e o leva, e apenas seu corpo físico fica ali, no chão inerte. 

Depois do acidente no cabaré, todas ficaram traumatizados, perdera um amigo e Josephine seu amor. O inverno havia iniciado com dias chuvosos, ela passava a maior parte dos dias, sem show, dormindo, se sentia febril e com muito sono e quando acordava sentia medo e solidão. O corredor parecia não ter mais aquele esplendor que via antes do acidente, lembrava como um filme aqueles momentos do acidente, que lhe atormentavam. Olhava pela janelinha da porta e não tinha coragem de sair. Os dias passavam lentamente...

Após Thierry ter caído, todas as moças choravam e gritavam, o dono do cabaré estava em excursão pela Europa, não tinham contato com ele, aliás nem sabia quem era o proprietário daquele lugar. Sempre fora Pierry quem dava as ordens, e todas não criavam problemas. O porteiro era o único do lugar que conhecia à família, ele era uma pessoa daquelas que fazia de tudo um pouco, pois nesse momento ele as acalmou, pedindo para que todas voltassem a seus quartos, deu um calmante para cada uma. Chamou a polícia, fez o que devia. E entrou em contato com a possível pessoa responsável pelo cabaré. 

Naquele dia, Josephine estava mais lenta do que o costumeiro, quando acordou, após três dias  da cena do crime era só as paredes e o chão, e ela como testemunha, mas tudo parecia calmo no local, desceu à escadaria, parecia bêbada, procurando por alguém, e o porteiro estava sentado atrás da escrivaninha, falava com alguém;

— Senhor, sabe que pode contar comigo...— Vou pedir que elas tirem férias...— Vou enviar todas para esse endereço...— Pode deixar... e quanto a ela, vem aqui?— Está bem, mande sim, quero que ela tome as providências junto delas...— Certo, vamos aguardar então...— Já coloquei o cartaz que o cabaré está em reforma...— Não... Ninguém soube o que houve, meu amigo policial se encarregou de tudo...— Sabe como é... Dinheiro o comprou... um escândalo desses acabaria com a casa... certo... vou aguardar então à chegada dela, boa noite. Viu a moça parada na entrada do escritório. — Olá Josephine, como está?

— Estou um pouco parecendo bêbada, quero saber quando será o velório do meu marido? Todos acreditavam ser casada;

— O corpo foi retirado daqui, e foi levado pelos policiais que resolveram tudo, veja tente entender um escândalo desses para esta casa seria a morte dos espetáculos, então tomamos providências de esconder tudo;

— Mas vai ter enterro, não é? Quero me despedir.

— Não, não vai, tudo aconteceu tem 3 dias , você dormiu todo esse tempo, acordava e dormia.

— Vocês não podem fazer isso, é meu direito;

— Entendo que seja seu direito, mas lembre-se que vocês todos moram aqui, imagine um velório neste local, só pode estar louca, levantou e saiu, deixando-a aos prantos. Ela se sentia cansada, começou a subir as escadas lentamente e voltou para a cama, não encontrou ninguém no corredor, achou estranho, mas não tinha forças para protestar, adormeceu logo. Horas mais tarde, acordou com movimentos no corredor, com dificuldade levantou, vestiu o robe, e abriu a porta, as moças estavam vestidas e com malas prontas, todas descendo, nem olhavam para ela  parada à porta, foi até a grade de proteção e olhou para baixo, sentiu uma tontura e afastou, começou a descer, avistou às moças sentadas nas mesinhas como se estivessem esperando alguém, todas caladas, cúmplices do medo, ninguém levantava o olhar, estavam tristes e muito mais magras, nunca havia reparado nisso, algumas eram esqueléticas. Nunca havia percebido a magreza delas. Estavam abaixo do peso ou desnutrida, olhos enegrecidos. 

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora