Capítulo XVII- Thierry e Pierry

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Os dias no Cabaré, era de  felicidade, Josephine realizava o seu sonho, de ser uma "dançarina." Viu que à fama das bailarinas, não era o que falavam, de que eram garotas de programa ou prostituta, ela presenciava a verdade, era mentira. Claro que sempre havia uma ou outra que saia depois do show, para beber e fazer com a sua liberdade o que quisesse, mas eram profissionais da dança. Tinham suas vidas após o show, afinal era um teatro e para maioria um trabalho como outro qualquer. Muitas tinham família fora de Paris. Algumas meninas faziam programas, mas faziam longe, o gerente não admitia tal comportamento no local. Depois de muito tempo Josepfine descobre a verdade, diretamente com ela,  que não era bem assim, tudo se revelava, as escondidas... 

Ela e Thierry foram acomodados juntos, todos pensavam serem um casal, mas no relacionamento dos dois era só amor, não tinham intimidade, companheirismo, nunca se tocaram intimamente, ele a respeitava, como ele mesmo dizia: " Somos jovens demais para termos um relacionamento de adulto" .Ele dormia no chão, num colchão improvisado, que comprou escondido. E todos admiravam o relacionamento, tirando o Sr. Pierry, ele sentia algo por sua pupila. Quando descobrira que ele não amava Josephine como mulher era tarde demais, ele à amava como filha, apenas semelhanças. Ele era um homem de 40 anos, era lindo, grisalho, pele alva, com um cavanhaque que dava graça ao seu sorriso. Todos o admiravam. Se tornaram grandes amigos, o que incomodava seu companheiro. Thierry pedia para ela que mantivesse distância de Pierry, ele sentia ciúmes dela, mas ela sempre não julgava que era ele era o gerente do estabelecimento, havia vários boatos dele entre as colegas da dança, todas davam sempre a maior atenção para ele, mas ele sempre calado, fingia que não via, mas dava para perceber que ele se fingia de cego, não queria nada com nenhuma das meninas. 

Com o passar dos tempos, Thierry que havia se tornado o braço direito dele, mantinha contato com todas as garotas do grupo de dança, ela sentia ciúmes, mas sempre dizia para ela mesma que era trabalho dele e se controlava, mas como tudo na vida, ela pressentia que algo de errado acontecia, e tudo viria à tona e descoberto. Uma noite, eram duas da manhã, acabara de deitar, viu quando ele se levantou devagarinho e saiu, queria ver aonde ia, porque saíra tão silenciosamente? 

Onde moravam era um prédio, com vários quartos no terceiro andar, onde era os aposentos. No segundo andar, ficava o escritório e os camarins , e embaixo era o palco do cabaré. Do terceiro andar se via tudo, tinha um corredor que dava acesso aos quartos,  uma cerquinha branca de ferro, que dava na altura da cintura, tudo era muito decorativo, lindo e de bom gosto. Lá embaixo as mesas e cadeiras do show, um grande salão onde o público assistia o espetáculo da dança. Subiam por uma imensa escadaria larga, que ao chegar na subida do terceiro andar tinha uma porta imensa, com fechadura, dali para cima, só entrava quem morasse ali, era regra do estabelecimento, cada uma com sua chave. Segurança acima de tudo, dizia Pierry, para terem  privacidade em suas vidas, evitando que algum desavisado da plateia quisesse pernoitar no local, era proibida à entrada de desconhecidos, ela achava boa essa regra, evitava ter homens pelos corredores do local e mais intimidade para elas, e não virava aquele antro de que parece casa de prostituição... 

Mas naquela noite, ela viu Thierry caminhar pelo corredor, e ver quando entrou num dos quartos. O gerente Pierry tinha um quarto onde ele pernoitava algumas noites no local. Mas ele não havia subido naquela noite. Ali estavam apenas as moças do grupo de dança. Thierry andava esgueirando o corredor e foi quando viu ele entrar no quarto de uma moça dançarina de 22 anos, ela era  da Rússia, falava pouco à  língua Francesa, isso não importava, aliás, era só dançar bem. Ela era alta, esguia, pele branca, parecia que nunca tomara sol, cabelos volumosos vermelhos todos encaracolados na altura da cintura, tinha os dentes muito brancos, e um sorriso de fazer qualquer um se apaixonar, e era no quarto dessa moça que ele entrara, seguiu-o, e ficou do lado de fora, e ouvia sussurros, e gemidos, seu sangue ferveu, teve vontade de entrar, mas se acontece, voltou ao seu quarto, e ficou ali envenenando seu sangue, com ódio. Não conseguindo dormir, após revirar centenas de vezes na cama. Após a chegada do rapaz, depois de algum tempo, fingiu estar dormindo, ele se deitou, conseguiu pegar no sono quando estava amanhecendo, acordou com olheiras profundas e uma tremenda dor de cabeça. Ela entendia que não faziam sexo, e homem sempre foi bicho predador pensava ela, mas ele não era seu marido, mas era o seu papel de mentira ou não, tinha que respeita-la, como ficaria sua reputação? Porque tinha que trair? Naquele dia, ela ensaiou muito pesarosamente, olhava ele e vinha imagens dele tendo relações sexuais com com a Natasha, imaginava a cena e doía dentro do seu coração. Pierry sempre muito atencioso com ela, as outras moças, sentiam ciúmes por sua predileção por ela, e ele a procurou e disse: 

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora