Capítulo II-Visões de Yul

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Yul e Genghis voltariam para casa no dia seguinte, com o tempo ruim se afastando poderiam seguir viagem sem perigos. O monge seguiu com eles. Yul teve sonhos preocupantes na noite anterior e que o monge lhe explicou: 

 —Yul, nosso espirito sai do corpo quando dormimos e ele pode ver coisas e estar onde nós em estado normal não saberíamos e nem estaria. Nosso espírito é livre, vai onde quiser quando estamos dormindo, podemos voltar para casa como é o seu caso. Nós deslocamos para o futuro ou para o passado conforme nosso merecimento e discernimento (condição de entender) Atividade real e efetiva do Espírito, durante o sono. Há uma ampla exteriorização do períspirito. Desprendendo-se do corpo e adquirindo maior liberdade, a alma terá uma atividade real no plano espiritual. Estes sonhos de etéreos ou profundos, por suas características de mais acentuada emancipação da alma. Nos sonhos espíritas nós liberamos parcialmente do corpo e gozamos de maior liberdade, são os retratos de nossa vivência diária e de nosso posicionamento espiritual. 

Refletem a nossa realidade interior, o que somos e o que pensamos. O Espírito se subtrai à vida física, desprende-se da matéria, percorre a superfície da Terra e a imensidade onde procura os seres amados, seus parentes, seus amigos, seus guias espirituais. Dessas práticas, conserva o Espírito impressões que raramente afetam o cérebro físico, por sua impotência vibratória." Nos sonhos espíritas, teremos que considerar a lei de afinidade. Nossa condição espiritual, nosso grau evolutivo, irá determinar a qualidade de nossos sonhos, as companhias espirituais que iremos procurar, os ambientes nos quais permaneceremos enquanto o nosso corpo repousa. Quando encarnados na crosta, não temos bastante consciência dos serviços realizados durante o sono físico, contudo, esses trabalhos são inexprimíveis. Infelizmente, porém, a maioria se vale do repouso noturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos dignas. Relaxando-se as defesas próprias, e certos impulsos longamente sopitados durante a vigília, extravasam-se em todas as direções, por falta de educação espiritual, verdadeiramente sentida e vivida. 

— Monge vi minha irmã em desespero e isso me abalou, senti ela desesperada por algo que me deixou angustiado, era amor monge e ainda sinto, ela me parece mais familiar do que nunca, sempre me mantive afastado dela, mas agora sinto um desespero tão grande pela distância, que quero estar perto dela, mas não como irmã, como mulher, me explica isso ou vou ficar louco?

 — Não fique se martirizando, outro dia contou-me que ela não é sua irmã de sangue, se sentir algo por ela é normal, e quem sabe pode se casar se for o caso. E quanto às lembranças de sentimentos, é que vocês podem ter sido amantes em outra vida e como uma chave, abriu essa informação em seu inconsciente. O inconsciente ocupa a maior parte do cérebro e controla quase tudo que fazemos, veja vou tentar te dar um exemplo, pessoas que se tornaram cegas após o nascimento podem ter sonhos com imagem. 

Pessoas que nasceram cegas não veem nenhuma imagem, mas também tem sonhos vividos em outra vida, envolvendo seus outros sentidos como sons, cheiro, toques e emoções. É difícil para uma pessoa que vê imaginar, mas a necessidade de sono é tão forte que o corpo pode lidar com praticamente todas as situações físicas para que isso aconteça. Nossos sonhos estão frequentemente cheios de rostos estranhos e que sua mente não está inventando esses rostos, são reais que você viu na sua vida ou em outra vida, mas não se lembra. Todos nós já vimos centenas de milhares de rostos durante nossas vidas, por isso, temos infinidade de personagens para o nosso cérebro utilizar durante nossos sonhos. 

— Então o senhor quer dizer, que os nossos pesadelos e sonhos, não são ao acaso, que nos traz essas imagens, mas sim são lembranças de outra vida? 

— Veja bem, tudo tem que ser analisado de forma que: o que representa para nós, porque nos traz tantos sentimentos e emoções e quando isso ocorre, pode ter certeza com fundo de outras vidas. Somos espíritos que viajam no tempo e espaço, não temos fronteira, o limite é nosso corpo físico, mas o corpo espiritual é livre como já falei, e depois você nunca se perguntou por que nós sofremos para onde nós vamos? Por que uns são ricos e outros pobres? Porque uns felizes, e outros tão infelizes? Tudo nesta vida terrena tem fundo espiritual, é só prestar que verá prova no seu dia a dia. 

Enfim o monge calou, sabia que o garoto tinha que digerir as informações dadas. 

— Monge meu pai e minha mãe jamais permitiriam que eu casasse com ela e tem meu irmão que é meu pai número 2; 

—Vou com vocês, assim converso com eles e você ficará mais calmo, essa viagem para mim, é um retiro, sei que vamos encontrar problemas pelos caminhos, mas Deus estará na nossa frente, nos livrando dos perigos de avalanches e qualquer outro problema. No outro dia cedinho partiram, levaram comida e cordas. 

O monge mostrou uma agilidade que os irmãos ficaram impressionados, ele tinha conhecimentos dos perigos das montanhas, era cuidadoso, e tinha noção de onde poderiam passar. Os dias nas montanhas eram cruéis, andavam pouco e tinham que parar, porque tinha lugar que não dava para passar, com isso os dias foram passando, e eles preocupados com a família. Yul, tinha sonhos atormentados, acordava chorando e o monge o acalentava, dando apoio emocional, o rapaz estava suando. Genghis começava a ficar preocupado com o irmão, nunca o viu assim, realmente estava começando acreditar nas visões dos sonhos do rapaz, e por causa disso falou com o monge:

 —Monge, o senhor acredita mesmo, no que disse ao meu irmão, que temos outras vidas, que não é só essa, que fomos pais de outras pessoas, ou irmãos dos nossos pais, ou outra coisa, que moramos em lugares diferentes depende da nossa existência na terra?

 —Sim, Genghis, tenho, tivemos irmãos de credo que relataram sonhos onde se confirmava problemas de outras vidas que afetam sua vida no presente, e a cura que aconteceu agora de doenças obtidas em outras vidas. Existem outras vidas vividas, esta não é a primeira.  As dificuldades que enfrentamos é obra das nossas faltas de solucionar os mesmos. Então voltamos com as pessoas que tem ligação conosco, para acertamos tudo, se não for nesta, será em outra e assim por diante.

 — E eu então posso ter sido pai do meu irmão ou ao contrário, porque nós somos amigos, e companheiros; 

—Sim, pode, e muito mais, é um leque de opções. Os dias foram passando, fazia 9 dias que estavam na estrada, Yul estava mais calmo, sabia que estavam chegando, faltava pouco, mas era justamente a parte mais perigosa da montanha. Teriam que começar a descida, por caminhos muito estreitos e com a neve seria uma luta. Amarraram corda em cada um, e foram andando passo a passo e presos aos cavalos . 

O monge parou e fez uma prece pedindo proteção a todos e inclusive para os familiares que estavam à espera deles. O lugar era maravilhoso, com montanhas altas e branca, parecia uma fotografia, o monge mesmo com todos os problemas conseguia parar e ver a beleza na natureza. Ele contemplava com o coração a imensidão gelada e fazia uma oração, agradecia a Deus a vida, a proteção. Meditava em suas paradas, ficava ali sentado, e Genghis ficava olhando sem entender, queria ter sua sabedoria. Descansavam de hora em hora e continuavam com passos cuidadosos, não podiam piscar, senão cairiam nas profundezas do abismo que estavam aos seus pés. As montanhas acabaram e eles continuavam, agora as planícies que os levariam até sua casa. No último descanso, Yul teve outro pesadelo, acordou gritando e contou para os companheiros de jornada: 

—Me vi nas montanhas, sozinho e chorando,  vi minha esposa morta, ela tinha se suicidado, a família era diferente, mas eu sabia serem todos de hoje. "O monge,calmamente falou: 

—Yul, como falei, algo está abrindo suas memórias, mas não deixe que isso o abale, seja forte, és um guerreiro e verá que tudo é só para te fortalecer.

 ''Nossa gavetinha das recordações de vidas anteriores é fechada justamente porque não temos capacidade de suportar coisas erradas ou até atrocidades cometidas por nós, a sabedoria divina, nos poupa de desequilíbrios desnecessários, e assim continuamos acertando ou errando de acordo com nosso livre arbítrio. '' 

Continua...



Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora