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• Jéssica Narrando •

Acordo sentindo algumas dores por todo meu corpo, abri os olhos com dificuldade e todo meu corpo relaxou percebendo que aquilo não era um sonho, aquilo era real.

Meus olhos percorreram todo o local parando no meu amor.

Matheus, ele estava aqui... Meu amor me salvou!

Acariciei minha barriga dando um sorriso com dificuldade.

Meu filho, enfim estamos com seu pai!

Matheus estava de costa para mim, e eu fiquei apenas o observando. Ele se virou devagar me encarando e ao ver que eu estava acordada se aproximou da cama lentamente, se sentou na cama com cuidado, eu ainda apenas o observava, eu o amo tanto, que saudades eu estava desse homem.

— Eu te amo! — digo baixo.

Eu estava com uma necessidade enorme de dizer que eu o amava, que ele era o único e grande amor da minha vida e que agora iríamos viver nossa vida com nosso filho.

Apenas ele, eu e nosso baby.

O pesadelo acabou...

Percebi que o Matheus estava com os olhos vermelhos, ele havia chorado.

— Me perdoa? — diz sem me olhar.

Eu não entendi o porquê dele estar pedindo perdão, apenas continuei o olhando.

Matheus esticou sua mão e começou a alisar meus cabelos, me fazendo chorar ao lembrar das noites horríveis que eu passei e que naquele momento tudo o que eu mais queria era seus carinhos e eu não pudia tê-lo.

— Me perdoa por você ter passado todos esses dias lá naquele inferno? Me perdoa meu amor, eu juro que não deixei um dia se quer de pensar em você, em como você deveria estar, eu estava enlouquecendo sem você aqui Jéssica, sem meu filho — diz chorando muito — Eu não quero te ter longe de mim, nunca mais... Me perdoa princesa, por minha culpa você está desse jeito. Eu deveria ter cuidado mais de ti, mas eu não fiz isso, será que você poderia me perdoar por isso?

— Matheus... — tento falar.

— Eu só preciso que me perdoe — diz me interrompendo.

Eu o amava demais e sabia que o Matheus não tinha culpa de nada, eram coisas que eu querendo ou não, já sabia que estaria submetida ao me envolver com o Matheus, e mesmo assim meu coração escolheu seguir em frente e eu segui. Meu coração escolheu ele.

Sorri e deixei que minhas lágrimas respondessem.

Matheus se aproximou mais de mim e selou nossos lábios rapidamente.

Quantas saudades eu senti...

Matheus se afastou e ficou me olhando ainda chorando.

— E nosso filho? Ta bem né? — pergunto.

Matheus ficou me encarando sem dizer nada, o que começou a me deixar nervosa.

— Matheus... — digo nervosa.

— Eu sinto muito... — diz baixo.

Ele não precisou dizer mais nada, eu já sabia o que tinha acontecido...

Meu bebê. Meu filhinho...

Agora é um anjo...

Meu anjo.

As lágrimas começaram a rolar sobre meu rosto, passei a mão em minha barriga e me doía só de pensar que meu filho não estava mais aqui...

Me dói só de lembrar que ele não chutaria mais... Ele se foi...

Por que as coisas nunca dão certo pra mim?

Eu nunca rezei tanto, quando fui sequestrada e comecei a sofrer agressões, eu só pedia a Deus "Salve meu filho"

Eu pedi a Deus, pedi força, pedi chorando pra mim mesma, pro meu corpo, pro meu útero, por favor não tirar meu filho dali, meu menininho... Eu achei que pedir fosse o suficiente...

Quando a alguns minutos atrás eu acordei e vi que eu não estava mais naquele cativeiro, eu agradeci mentalmente, porque eu e meu bebê estávamos aqui, a salvos...

Mais ele se foi, o meu bebê se foi.

Como eu vou levantar da cama sabendo que eu nunca vou dividir ela com meu filho? Sim, eu posso engravidar de novo, mas aí vai ser outro filho. Outro filho, outra época, quem sabe seja até outra pessoa... Aquele bebê que a 5 meses eu descobri que existia, nunca vai existir de novo. E nenhum outro vai consolar a dor de não poder saber se ele realmente nasceria com os olhos do pai, se ele teria meus cabelos ou as minhas bochechas, se diria "mamã" ou "papa" primeiro, se caminharia logo, se choraria muito...

— Você precisa ficar calma — Matheus diz me abraçando.

— Eu não quero ficar calma! Eu quero meu filho. Meu filho! — grito chorando — Filho, você ainda tá aqui com a mamãe né? Por favor Deus... Não tira meu filho de mim...

Matheus ficou apenas me observando chorando em silêncio.

Logo vejo Mariana, Larissa, Arthur e doutor André entrarem no quarto quase correndo.

— Amiga, diz que é mentira! Meu bebê... Não. Por favor. Meu neném...

— Jéssica, se você não se acalmar eu vou ter que te dar um sedativo... — o doutor André diz se aproximando da cama.

— Não chega perto de mim! — grito — Eu quero meu filho! Vocês não entendem? Meu filho! Meu bebê...

Doutor André chegou perto de mim para me dar uma injeção, mais eu comecei a me debater com ele.

Eu não queria porra de sedativos nenhum, eu só queria que eles parassem de mentir pra mim.

Arthur e Matheus me seguraram enquanto o Doutor André me dava um sedativo.

Aos poucos fui sentindo meu corpo ficar sem forças.

— Matheus... Não deixa eles tirarem nosso filho de mim, por favor, amor. Eles querem nosso bebê... Não deixa isso acontecer...

A última coisa que vejo antes de apagar é o Matheus chorar e me dar um beijo na testa dizendo que me ama.

"Não existe amor maior. Não existe alegria maior de quando eu senti sua vida crescendo dentro de mim. Deus me deu um presente tão precioso. Agora que você entrou na minha vida, eu descobri que sem você eu sei que não posso sobreviver, pois você é a razão de eu viver todo dia. Você chegou e mudou minha vida. Porque o que eu sinto aqui dentro, era uma alegria que eu sei que nunca tive antes. E apesar de eu comentei erros, há algo que você deveria saber: Eu dedico meu amor e minha vida a você."

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