Não queira me conhecer

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• Jéssica Narrando •

A aula passava lentamente, alguns alunos nem prestava atenção no que a dona Kátia estava falando.

Pra ser sincera, acho que ninguém estava interessado na aula hoje.

Muito menos eu.

Meu pé estava doendo pra caramba, latejando pra caralho.

As vezes eu resmungava de dor e a Mariana insistia milhões de vezes pra mim ir até a enfermaria.

Ir até a enfermaria significaria correr o risco de ver o Gabriel pelo corredor, e eu pretendo não vê - lo por um bom tempo.

Como eu já disse, gosto dele, mas como amigo, apenas isso e nada mais.

E eu sei que assim que ele me ver vai começar os sermões sobre eu ter ido ao morro e blá blá blá. Fora a pequena discussão que tivemos por ele ter ligado para a Juliana.

Enquanto a dona Kátia tagarelava sem parar, escuto o sinal do intervalo tocar.

Ouvi um "Amém"?!

Todos estávamos entediados, graças a Deus que tocou o caralho do sinal. Os alunos levantaram praticamente corredor, eu em.

Continuo sentada, junto com a Mariana.

— Depois do intervalo falaremos mais sobre o assunto... — dona Katia falou arrumando uns papéis.

— Tô morrendo de fome... - Mariana diz se levantando.

— Ah eu também. Sai correndo hoje de novo e nem tomei café, se a Juliana estivesse em casa, com certeza me daria um sermão daqueles — digo rindo me lembrando da minha irmã. Já estava com saudades dela...

— Então, vamos mulher — Mariana diz pegando sua bolsa.

Ao me levantar sinto uma dor mais forte no pé, o que me fez sentar novamente.

— O que foi? — pergunta preocupada.

— Meu pé... — digo fechando os olhos por conta da dor.

Eu só não vou chorar porque não sou de ficar choramingando, mas a dor que tô sentindo é tão grande. Puta que pariu.

— Calma amiga, vamos até a enfermaria, eu te ajudo.

— Não quero.

— Jéssica, eu juro que vou dar na sua cara! Você não tá nem aguentando ficar em pé e ainda não quer ir até a enfermaria? — Mariana diz extremamente brava.

— Você não vai aguentar com meu peso...

— Você é gorda, mas não tanto assim né... — diz pera descontrair.

— Eu não sou gorda, sua vaca!

—  Vamos logo antes que eu te meta a porrada aqui mesmo! — diz me ajudando a levantar.

Mariana me ajudou a levantar e começamos a andar lentamente.

Eu não estava conseguindo mexer o meu pé, o que me fez ficar preocupada.