• Jéssica Narrando •
Matheus me beijou e ficamos nos encarando por alguns minutos.
— Bom, vamos tentar... — acaricia meu rosto com o polegar.
— Sou uma pessoa difícil de lidar... — digo sussurrando. Acho bom deixar claro pra depois não dizer que eu não avisei.
— Eu gosto do difícil. — morde meu lábio.
— Fique sabendo que eu nunca fui daquelas garotas que andam por ai procurando o príncipe encantado por todo canto, toda festa, toda ida a um shopping, ou em todas as esquinas da vida, na verdade, eu acho que príncipes encantados não existem. Sempre fui aquela desiludida da vida, desapegada de tudo e todos, de uns tempos pra cá sempre me forcei a não esperar demais das pessoas, e acredite, você vai querer se lembrar disso. Não comece a querer me deixar de lado, a me tratar diferente na frente dos seus amigos, a não me dar atenção, a deixar de me ligar a noite, eu sou daquelas que quando coloca uma coisa na cabeça, pronto, ninguém tira. Sou dessas garotas que já foram muito magoadas, mas que hoje magoam sem dó. Sou uma carta escrita em um idioma indecifrável, uma música de letra confusa, uma poesia cheia de metáforas escondidas, um livro gigante e cansativo, sou a parte entediante e melosa de um filme, nesse momento estou me perguntando o que você deve ter visto em mim. Será que foi o modo como eu sempre olho pro chão depois de trocar um sorriso com uma pessoa? Será que foi a minha risada esquisita? Será que foi o modo de eu sempre querer ver o lado bom de tudo? Será que foi a minha capacidade de acreditar no amor apesar dos pesares? Enfim, seu maluco, eu não sei o que te deu para entrar nessa, mas agora que entrou, fique sabendo que eu sou um enigma, e que agora você vai ter que me decifrar.
Decidi logo falar todas meus defeitos pra ver se ele ia desistir ou ia querer mesmo continuar.
— Irei adorar te decifrar, meu enigma. — diz me beijando.
Fomos interrompidos pelo som do meu celular, alguém está me ligando.
Pego meu celular que estava em cima do criado mudo e vejo no visor o número da minha irmã, Juliana.
— É minha irmã... — aviso.
— Vou deixar você falar com ela de boa, cê tá com fome?
— Morrendo...
— Vou ver o que tem pra comer — diz se levantando.
Esperei Matheus sair do quarto e atendi a ligação.
Ligação on:
— Oi amor da minha vida — digo animada.
— Jéssica... — diz num sussurro.
— Que foi Ju? Tá tudo bem? — pergunto preocupada.
— Você tá bem né? — devolve minha pergunta.
— Sim, por que?
— Eu estava com um pressentimento ruim...
— Relaxa Ju, eu estou ótima! — tranquilizo ela.
— Estou voltando para o Brasil.
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Não queira me conhecer
RomanceMatheus é dono do morro da Rocinha. Ele é um cara frio, calculista, cheio de ódio e rancor. O único amor que ele conheceu foi de sua mãe, mas ela foi assassinada friamente em sua frente. Depois desse dia, ele jurou vingança. E desde então ele não da...