• Jéssica Narrando •
Hoje eu quase fui estuprada.
Diego subiu em cima de mim, invadindo o meu corpo e eu não consegui fazer absolutamente nada.
Eu não quero me lembrar dos detalhes. Eu não quero nem me lembrar desse dia.
Ele parecia realmente estar gostando do que estava fazendo, se o Arthur não tivesse chegado, com certeza o Diego ia até o fim.
Pela segunda vez, eu estava apavorada. Não precisou me esfolar ou esmurrar. A violência me atingiu por dentro.
A calcinha, em frangalhos no chão, só não ficou mais arrasada do que eu.
Depois que ele foi embora com a chegada do Arthur, eu apaguei, tudo escureceu.
Quem me estuprou foi a pessoa que disse que quando uma mulher diz "não", na verdade, está querendo dizer "sim".
O duro, o difícil, é ainda ouvir do ser desprezível que eu pedi para isso acontecer. Que eu estava querendo. Que minha roupa era curta demais. Que eu sou uma vadia.
Ainda sou capaz de sentir o cheiro nauseante do meu agressor. Está por toda parte. E então eu percebo que, mesmo se esse cara não existisse, mesmo se ele nunca tivesse cruzado o meu caminho, eu não estaria a salvo de ter sido destroçada. Porque não foi só aquele cara que me estuprou, a alguns anos atrás a cena se repetiu, mas foi bem pior, aquele maldito dia eu nunca esquecerei...
Me sento na cama devagar e observo por alguns minutos o Matheus que está dormindo profundamente.
Me levanto pra ir ao banheiro, mas assim que me levanto sinto uma tontura enorme, e me sento na cama novamente passando a mão sobre meu rosto.
Estou me sentindo muito enjoada...
— Você tá bem? — pergunta se sentando e me abraçando por trás.
— Sim. — digo apenas.
— O que o Diego fez com você, ele vai pagar. Pode ter certeza, que dá forma mais dolorosa que existe... — diz com raiva.
— Vamos esquecer o que aconteceu hoje, por favor. Lembrar disso só vai me fazer sofrer mais e mais...
Eu queria esquecer isso mesmo. Mas era impossível! Só de fechar os olhos já estava revivendo todo aquele momento de novo.
— Você tá certa... — diz pensativo — Você tá com fome?
— Morrendo...
Soldado esperto! Ja sabe que me ganha pela comida, fácil, fácil.
— Vou fazer alguma coisa pra gente comer então. — diz se levantando.
Assenti apenas e continuei sentada esperando o Matheus sair do quarto.
Observei o Matheus saindo do quarto e assim que ele fechou a porta, tentei me levantar novamente, mas a tontura ainda estava me dominando, e eu não consegui me levantar.
Me deitei na cama, eu estava exausta.
— O que tá acontecendo comigo? — pergunto pra mim mesma.
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Não queira me conhecer
RomansaMatheus é dono do morro da Rocinha. Ele é um cara frio, calculista, cheio de ódio e rancor. O único amor que ele conheceu foi de sua mãe, mas ela foi assassinada friamente em sua frente. Depois desse dia, ele jurou vingança. E desde então ele não da...