Responsabilidades

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Micael tinha voltado à sala, o estagiário estava desenhando algumas fórmulas no quadro branco, mas ele não prestou a atenção. Apenas assentia, eram idéias boas mas o fato de brigar com Chay o deixava desse jeito.

Foram 4 horas trabalhando desse jeito, triste. Não queria magoar o amigo, não queria ser drástico à esse ponto.

— Micael, você quer alguma coisa? — Carla perguntou ao moreno que negou. Estavam em horário de almoço, todos saíam.

— Estou bem. Obrigado! — Levantou-se, tinha o celular nas mãos, optou por ir andando.

E estava procurando receber brigas hoje, decidiu isso quando entrou no mini-café, não havia barulho de liquidificador, estava em silêncio, nem o som ambiente tinha. Apenas Dihan no balcão, coando algumas frutas batidas.

— Me desculpe por não ter te ligado. — Encolheu os ombros.

— Eu sei que você não ia me ligar, sou uma garota do Queens. — Deixou a peneira na pia, lavando em seguida.

— Nada a ver. Eu já fiquei com meninas do Queens quando era mais novo. — Lembrou. — Eu estava tenso, eu não sabia como agir.

— Tá com medo de uma mulher?

— Eu não estou com medo. É que... Sei lá, tá acontecendo tudo rápido demais.

— O que está acontecendo rápido demais? — Estava ficando brava. — Isso não é um encontro, não tem o por quê de você ficar com medo.

— Dinah, eu gosto da sua companhia, tá bem? Mas o dia que você apareceu no meu apartamento, eu sei lá, achei que seria um encontro.

— Eu só queria um amigo, você sabe que fico sozinha aqui.

— Eu também queria uma amiga. E você é, mesmo a gente não se conhecendo muito. — Respirou fundo. — Eu sinto muito em não ter te ligado, minha vida está um caos, os problemas da empresa, os problemas de casa. — Tinha dores de cabeça ao pensar. — Por favor, me desculpe.

— Tá tudo bem. — Deu um sorriso. — Você pode me procurar quando estiver com problemas, somos amigos. Você pode me contar o que está acontecendo.

— Você é tão legal, me sinto um merda por não corresponder.

— E por que se sentiria um merda? — Saiu do balcão. — Eu deveria me sentir uma merda, ou você poderia comprar o meu estabelecimento.

— Como é? — Franziu a sobrancelha. — Está querendo fechar isso aqui?

— Micael, eu só tenho prejuízos. Eu pago dois mil dólares em frutas industrializadas, o caminhão descarrega e eu só consigo receber três clientes ao dia, em pelo menos uns dois meses. Foi a pior coisa que pude montar, eu deveria estar estudando ao invés de construir isso aqui.

— Onde conseguiu o dinheiro pra construir isso aqui? — Teve curiosidade ao perguntar.

— Meu padrasto meu deu, de presente. Antes de ir embora com a minha mãe. — Lamentou. — Ele tinha dinheiro e, achou uma forma de me deixar feliz, me entregando uma boa quantia. Eu era inútil e jovem, construir isso era parte do meu pensamento.

— E você não pensou duas vezes, não foi?

— É! Eu me arrependo. Gastei muito dinheiro com obras, eu realmente me arrependo.

— Você poderia vender pra algum galpão de construção, já pensou em deixar o seu contato em algum lugar desse tipo?

— Não. Eu nunca pensei, na verdade. — Pausou. — Me desculpe, eu não deveria ter te contado isso.

— Não se desculpe, eu sou amigo, lembra? — Segurou nas mãos de Dinah. — Mas agora, eu gostaria de um suco de morango, com bastante gelo e açúcar.

— Ok, patrão! Você é quem manda. — Saiu do conforto de Micael indo até o balcão, pegou os utensílios preparando o suco de Micael, que ficou pronto em três minutos. No capricho!

— Aqui está. E pode ficar com o troco. — Entrou o dólar para Dinah que sorriu.

— Com pena? Eu vou devolver o seu troco.

— Nada disso. — Negou com a cabeça. — Eu preciso ir, me ligue. Por favor!

— Pode deixar, eu ligarei. — Sorriu ao moreno que passou pela porta de vidro.

Estava caminhando na rua quando seu celular tocou, teve cuidado ao segurar o copo de suco e atender o aparelho.

— Borges?

— Oi, Micael! É a Sophia.

— Oi Sophia, você não me ligou mais. Desapareceu.

— Eu estava na casa da minha tia, na verdade ela era uma conhecida do meu pai que virou minha tia, ela fez pães de batata pra gente. Eu trouxe vários!

— Que ótimo! — Riu leve.

— Eu liguei pra saber como estava. Você é bem legal, Micael! — O moreno sorriu, uma tremenda doida mesmo!

— Eu estou bem, e você?

— Eu também estou. — Pausou. — Deixa eu te falar, eu fiz xixi nesse termômetro e apareceu dois pauzinhos.

Micael deixou o copo cair, fazendo um estrago. Estava em transe, seu corpo não respondia, e o sorriso então.

EU VOU SER PAI. — Gritou, feliz.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora