Exausto da Vida

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— Bom dia, Micael! — O moreno havia chegado na empresa, quase atrasou-se.

Ele não se importava mais.

Josh lhe parou, queria conversar com o amigo.

— Bom dia. — Estava triste. — Tudo bem com você? — Quis parecer simpático.

Caçou mais dois comprimidos no bolso da calça social.

— Eu estou bem e você? — Viu o homem sentar na cadeira. — Veja só, não vamos mais trabalhar com Jason Derulo.

— É uma notícia maravilhosa. — Desligou o IPhone.

— Você está... Doente?

— Gripe constante. — Mentiu.

— Hum, ok! — Josh desistiu de tirar palavras da boca de Micael, estava monossilábico.

Sua cabeça doía, o corpo também. Ligou o computador e decidiu trabalhar, ou pelo menos tentar.

No trabalho de Sophia estava tudo as ordens, a não ser Alisson que havia acabado de chegar. Sheron cumprimentou a amiga com um abraço apertado.

— Como você está? — Chamou a companheira para ir ao lado de fora. Não queria que Sophia escutasse.

— Bem. Aquela vagabunda falou alguma coisa?

— Veio pedir desculpas. Sabe Alisson, não fomos rudes demais?

— Ela xingou a minha filha! Ela tocou no nome dela! Ela tocou no meu passado! — Estava se alterando. — Ninguém tem o direito de fazer isso. — Levantou o peito do pé, ficando um pouco maior. — Ela está se achando por causa do Amber, isso não se faz!

— Ok, eu sei que isso não se faz mas... Ela está fora de si!

— Ela necessitou apanhar ontem, não está fora de si. — Bufou. — Dê uma nota de cem pra ver se ela rasga.

— Também não gostei da atitude dela.

— Então. — Cruzou os braços. — Eu não quero que ela fale comigo, muito menos Amber.

— O Amber não tem nada a ver.

— Ela vai cair, e quando cair eu vou dar muita risada. — Alisson negou a cabeça.

Amber apareceu perto das duas, ela ia saindo.

— Precisamos conversar.

— Por que não conversa com a sua amiga Sophia? — Encarou ele em tom de deboche.

— Porque ela está off-line no momento. — Riu sarcástico. — Shel-Shel por quê não nos deixa a sós?

Sheron assentiu, andou até a sala de trabalho. Alisson e Amber estavam sozinhos agora.

— Fale suas merdas. — Alisson escorou-se na máquina de café.

— Odiei o que ela fez ontem, preciso confessar.

— Ainda bem que abriu seus olhos.

— Ela é só mais uma modelinho encubada.

— Ela precisa de uma lição.

— E qual você quer dar? Eu posso te ajudar. — Mexeu nos cabelos de Alisson. — Soube que ela está se divorciando.

— Ela ainda é casada! E você. — Apontou para Amber. — Está dando em cima dela.

— Eu não estou dando em cima de ninguém, vá com calma. — Rendeu as mãos. — Você que está com ciúmes, não existe ciúmes por aqui!

— Pra mim existe. — Pausou. — Poxa, Amber! A garota é um pé no saco, eu estou muito chateada.

— Sei muito bem o que você pode fazer. — Aproximou-se de Alisson. — Detone Sophia, diga a ela que você quem chegou primeiro.

— Como se fosse fácil! — Revirou os olhos.

— Ela chegou ontem e quer colocar você contra a parede. Ela vai aprontar com você, ela tocou no seu passo. Feriu seus sentimentos! — Como era cara de pau. — Vai deixar isso assim? E a família dela? E os filhos?

— Eu não quero saber mais dessa vadia.

— Alisson, me escute! — Segurou a mulher. — Sophia vai aprontar e eu não quero ver você caindo.

— Eu me viro com ela. — Deixou Amber e voltou ao seu trabalho.

Que a propósito, estava muito feliz com seu joguinho.


Na empresa onde Micael trabalhava tudo estava em perfeita harmonia, ele conseguiu trabalhar mas ainda sim sentia dores de cabeça.

E tomava dois remédios para quebrar a dor. Sempre! Remédios que não eram receitados, remédios que não eram apropriados.

Eram simples remédios para lhe anestesiar.

Anestesiar sua cabeça.

Seu corpo.

Sua mente.

E principalmente: Anestesiar os problemas dentro de casa.

Na sala de Teddy era outro problema. Teve Josh sentado na cadeira em sua frente, o jovem funcionário pareceu-se abrir com o chefe. Não tinha cinco anos de empresa atoa.

— O que ele anda fazendo?

— Ele anda estranho. Não conversa mais, quase não conversa sobre o trabalho. Ele está diferente!

— Eu tentei falar com ele, parece que está... Sei lá, eu não sei o que acontece dentro da casa dele.

— Pode ser indícios de depressão. — Josh resumiu.

Bem resumido.

— Depressão? Ele não me parece um homem com tempo para ter depressão! — Teddy riu, mas logo seu riso morreu. — Me fale mais disso, Josh.

— A depressão se instala em qualquer pessoa. Pode ter acontecido algo dentro da casa dele, por isso está tomando variados remédios. — Pausou. — Hoje peguei ele tomando duas pílulas, disse que era pra gripe, eu não vejo coriza nele e nem sinais de gripe. — Explicou. — Precisa conversar com Micael, precisamos ajudá-lo.

— O que eu posso fazer? Ele não quer ajuda! — Gesticulou. — Gosto muito dele mas infelizmente ele não quer ajuda.

— Ele precisa se ajudar, Teddy! Converse com ele, dê tempo à tempo para Micael se recuperar.

— Eu devo falar que ele está com...

— Não toque nesse assunto, ele pode se assustar e reagir de outro jeito. — Josh se levantou. — Vou voltar ao trabalho, mas converse com Micael. Ele é um cara legal, não merece isso!

Não merecia mesmo. Josh voltou à trabalhar vendo Micael mais triste do que antes, não tinha mais vida enquanto encarava a tela do computador, com abas abertas. Suspirou ao pesquisar sobre sua vida no Google, sentiu-se triste com as fotos da época de Calvin Klein.

Sentiu-se triste quando as notícias do site lhe indicaram à uma série de informações, entre elas, o namoro com Sophia.

Sentiu-se triste quando pesquisou sobre a empresa de Bottin, sentiu saudade daquele tempo.

Sentiu-se mais triste ainda quando logou sua antiga conta no Facebook, vendo fotos do seu noivado com Michelle.

Naquele tempo, Micael era um homem feliz. Por que sua vida não podia ser feliz? Ele gostava de Sophia, teria mais um filho, tinha uma filha linda entre os dois.

Ele não conseguia mais ver a luz, estava exausto da vida. Da carreira, dos amigos, do trabalho, da mulher, de casa.

Só não estava exausto com suas aspirinas, duas ao mesmo tempo. Acompanhado com um bom Jack Daniel's.

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