Positivo

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— Olá, Sophia! Tudo bem? — A ginecologista lhe recebeu sorridente.

— Tudo. — Estava um pouco nervosa.

O ar condicionado lhe deixava nervosa, queria ela pensar assim.

— Sente-se aqui. — Sentaram em suas cadeiras. — O que te trás nesse ótimo dia? — Tirou da gaveta um bloco de notas.

— Eu acho que tô grávida de novo. — Mordeu a ponta dos dedos. — Mas meu marido não pode saber, quer dizer, ele até pode mas não sei se ele vai ficar feliz.

— Primeiro filho? — Preencheu as lacunas da folha.

— Segundo. — Tranquilizou as costas na cadeira.

— Certo. — Carimbou a folha. — Eu vou fazer um transvaginal em você, daí podemos saber se você está grávida ou não.

— Ok. — Levantou da cadeira indo até o pequeno trocador reservado. Era péssimo usar aquele avental descartável, tinha cheiro de éter e deixava Sophia pensando que estava doente.

Antes de retirar a calça avistou o IPhone que vibrava irritante, negou a ligação de Micael.

— Tudo certo por aí? — A obstetra estava pronta, esperando por Sophia.

— Eu só estava me preparando. — Deitou na maca esterilizada.

— Coloque os pés aqui em cima. — Ligou o monitor, retirou os aparelhos enrolados no fio. — Você anda desmaiando demais?

— Só tonturas. E meus seios estão doendo muito! Eu quase choro de dor. — Explicou. — Não tive isso na primeira gravidez.

— Depende de gravidez pra gravidez. — Posicionou o aparelho na vagina de Sophia, foi desconfortável. — Enjoos matinais?

— Nenhum até agora.

— É! — Encarou o monitor em HD. — Eu não vejo nada.

— Como assim? — Franziu o cenho.

— Não consigo ver nenhum feto. — Decretou. — Sua menstruação está atrasada?

— Doutora! Eu tenho certeza que estou grávida, isso não é possível. — Alterou-se.

—Bom... No meu monitor você não está grávida. — Retirou o aparelho. — Vamos fazer o seguinte, eu vou marcar um exame de sangue à você e te entregar isto. — Foi até o seu armário retirando um teste de gravidez. — Sabe como funciona.

— Sei. — Teve a caixinha nas mãos. — Volto aqui quando?

— Vamos marcar na semana que vem! — Colocou as mãos no bolso do jaleco. — Pare de tomar os seus anticoncepcionais, tudo bem? — Sophia assentiu. — Se tiver um feto, irá atrapalhar.

— Isso realmente tem possibilidade?

— De que?

— Engravidar tomando os anticoncepcionais? — Fechou um olho fazendo a ginecologista rir.

— Em uma em um milhão! — Levantou os ombros. — Faça isso que te falei e vamos ter uma consulta na semana que vem, ok? — Sophia assentiu novamente.

Voltou ao pequeno banheiro retirando o roupão descartável, vestiu suas roupas e saiu do consultório. O iPhone voltou a vibrar revelando a foto de Micael, parecia estar desesperado do outro lado da linha.

Cinco ligações perdidas. Sophia o atendeu.

— Oi, Micael! — Disse sem paciência.

— Onde você está?

— No shopping. — Mentiu. — Vim comprar um salto pro ensaio da semana que vem. — Pediu um táxi. — Onde você está?

— Trabalhando... — Quer dizer, eu estou quase trabalhando. — Sophia escutou as vozes de Eli, exaltada! — Você vai buscar Annora quando sair?

— Eu não posso. — Mentiu mais uma vez. — Não sei quando vou chegar em casa, o shopping está lotado!

— Engraçado. Não tô escutando barulho de gente falando.

— Estou no banheiro do shopping. — Fechou os olhos, aquilo foi mesmo necessário? — Nos falamos mais tarde, pode ser? Preciso desligar o meu celular!

— Por que não me atendeu mais cedo? O que você está fazendo? — Desconfiou.

— Estou fazendo compras e você está me atrapalhando! — Soltou, por fim. — Desculpa.

— Tá certo! Desculpe se eu estou te atrapalhando.

A ligação ficou em silêncio.

— Nos falamos mais tarde. Eu te amo! — Não conseguiu obter uma resposta, Micael desligou a ligação.

Ótimo! Não fazia nem setenta e duas horas que estavam casados e já começaram o dia brigando.

Sophia saiu do táxi, parou na frente de seu condomínio, trocou breves palavras com Ken e subiu de elevador.

Era um sonho chegar em casa e ver tudo vazio, sem Micael falando em sua cabeça, sem ter Annora brincando com seus brinquedos. Não que isso fosse um problema à Sophia, mas ela queria paz.

Um minuto se quer de paz.

Encontrou-se no banheiro, sentada no vazo sanitário, urinou no teste de gravidez e lembrou-se da vez que encontrou com Micael, que aceitou a fazer aquele absurdo com Karl. Riu brevemente antes de enrolar o teste em um pedaço de papel higiênico.

Decidiu ligar à Micael.

— Amor? — Esperou sua voz no outro lado da linha.

— Oi, vida. — Aliviou de escutar aquilo.

— Eu estou em casa, eu menti pra você. — Decidiu dizer. — Me desculpa.

— O que está fazendo em casa? Passou mal de novo?

— Eu tô grávida de novo, Micael! — Encarou o teste positivo.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora