Converse Com a Parede

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Micael abriu os olhos, em um susto. Franziu o cenho e tentou se levantar, estava com o roupão descartável do hospital, sentiu a bunda nua encostar na maca. Aquilo não podia ser real! Ele queria mesmo estar sonhando.

— Micael Borges? — A enfermeira que deveria ter 300ml nos seios, entrou. — Você irá ser liberado.

— Onde está Dinah?

— Sua mulher? — Ficou surpresa. — Está descansando, ficou nervosa pelo seu desmaio. — Olhou a prancheta. — Será pai!

— Nem me lembra. — Deixou a cabeça cair no travesseiro. — Eu quero fugir desse hospital.

— Vai abandonar a criança? — Seu semblante mudou.

— Eu não posso ter dois filhos, eu tenho uma Barriga de Aluguel, eu... — Bufou, estava perdido. — Minha vida vai virar um caos.

— É só não deixar que vire um caos.

— Ah, e como? — Riu sarcástico. — Eu tenho duas mulheres e as duas estão grávidas!

— Uou. — Pausou. — Você é muito garanhão.

— Vou considerar como um elogio. — Saiu da maca, sentiu o piso frio. — Pode me deixar sozinho?

— Ah, claro! Você está sem roupa. — Deu uma risadinha. — Eu vou... Vou sair, fique à vontade.

A enfermeira saiu, Micael vestiu suas roupas e andou pelos corredores do hospital, procurando algum médico para perguntar sobre Dinah. Queria ir embora, queria sair daquela situação.

— Ei, você. — Tocou o braço de algum médico. — Eu gostaria de saber da minha namorada. Dinah, ela está grávida...

— Dinah? — Mexeu em seu prontuário. — Deram alta pra ela, não está mais aqui.

— COMO ASSIM ELA NÃO ESTÁ MAIS AQUI? — Mexeu em seus cabelos, nervoso. — Obrigado! Me ajudou muito.

Micael saiu correndo até o estacionamento, entrou em seu carro e dirigiu até a casa de Dinah. Quase quebrou a porta de tanto que bateu, os ossinhos da mão lhe doeram. A morena atendeu, não tinha a cara muito boa.

— Você.

— É, sou eu. — Estava bravo. — Por que foi embora? Por que não me esperou?

— Eu preciso processar isso que aconteceu.

— Isso que aconteceu? — Estava perplexo. — Você precisa conversar comigo, iremos ser pais. — Gesticulou.

— E você não está nada feliz com isso.

— Tem... — Iria falar, mas preferiu o silêncio. — Dinah, eu te conheci a poucos meses, é muito recente. Minha mãe vai me matar!

— Você é filhinho de mamãe agora? Sua irmã é cheia de filhos, ela nunca reclamou, você mora sozinho, tem o próprio emprego, um carro, uma boa quantia de dinheiro. E eu tenho um pequeno café. — Disse autoritária, Micael não gostou de seu comportamento.

— E o que isso tem a ver com a nossa vida?

— Tem a ver que agora somos uma família! Você precisa me tirar daqui, eu tenho que morar com você...

— Pera, pera, pera, pera, pera. — Queria rir, de desgosto. — Você tá muito estranha, Dinah! Desde a vez que eu fui viajar.

— Eu sei com quem você foi viajar, Micael. Não sou tão idiota assim. — Cruzou os braços.

Agora a merda tinha fedido!

— Quem te contou?

— VOCÊ FOI PRA VENEZA, COM A SUA QUERIDA PRIMA QUE TAMBÉM ESTÁ GRÁVIDA. — Surtou. — Mas não me contou, porque achou...

— Porque você iria reagir desse jeito, é por isso que eu não te contei.

— Tá saindo com ela?

— Que? Não! — Balançou a cabeça. — Sophia é uma boa pessoa, estava distante, não merece sofrer mais.

— Sofrer mais? — Debochou. — Você acha que me engana com esse papinho idiota! Acontece que eu não sou uma das suas prostitutas. — Umedeceu os lábios, queria guerra! — Você fez, você irá criá-lo.

— Eu sou fiel, Dinah! — Demais. — Não irei te deixar sozinha, mas vou descobrir essa estranheza sua. Ninguém muda do dia pra noite. — Apontou o indicador para a namorada que gelou, rapidamente.

Deu meia volta, ia indo embora.

— Micael, espera! — Ele parou. — Vamos entrar e... Conversar melhor.

— Converse com a parede, uma bela terapia à grávidas!

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora