Brigando Demais

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— O que? — O marido de Michelle arqueou a sobrancelha.

— É uma brincadeira interna do Micael, ele adora fazer isso. — Sophia riu, sem um pingo de graça.

Já tinha entendido o que tinha acontecido.

— Eu sou muito... Engraçado. — Decidiu falar, estava cansado dos pensamentos.

— Bom. — Michelle bateu as mãos. — Nós vamos ir, meu menino está com a tia dele, não gosto de deixá-lo sozinho.

— Deveria ter trago.

— Não, ele está em boas mãos lá, quer dizer. — Sophia também tinha entendido.

Michelle e a cunhada não se davam bem.

— Voltem de manhã, qualquer dia, quem sabe. — Os levou até a porta. — Liam estará disposto pra receber vocês! — Sorriu.

— Eu voltarei, obrigada pelo vinho. — Deu um beijo na bochecha de Sophia. — Tchau, Micael!

— Ele deve estar no banheiro. — Sophia desenrolou, não estava coisa nenhuma! Estava sentado, do mesmo jeito que ficou quando Michelle saiu.

— Tchau, querida! Obrigado pela recepção. — O marido de Michelle despediu-se de Sophia. — Está convidada para ir lá em casa, leve todo mundo!

— Eu levarei. — Acenou quando o Porsche deu partida.

Graças a Deus! Respirou aliviada.

— Micael, o que foi isso hein? — Trancou a porta quando passou por ela.

— O cara tava te cantando e você gostando. — Cruzou os braços.

— Eu? — Riu incrédula. — Ele não tava dizendo nada demais, eu estava conversando com a Michelle. Só! — Explicou.

— Sei. — Bufou. — Eu só estava observando.

— Então usa um óculos porque você tá precisando. — Guardou o vinho.

— Vai ficar com raiva? Eu deveria estar com raiva! — Seguiu Sophia que foi até a dispensa.

— Eu também deveria estar com raiva. — Procurou um suco de caixinha, arrumaria a lancheira de Annora. — Tá difícil pra mim também, que coisa! — Encarou Micael.

— Eu tô precisando, não aguento mais. — Disse. — Eu tô necessitado, Sophia.

— Eu também. — Encostou no peito definido do marido. — Só mais alguns dias.

— Eu vou morrer até lá.

— Não morre, você ficou doze anos virgem, pode aguentar alguns dias. — Mexeu em seu cabelo. — Você tá fazendo o que eu te falei?

— Não. — Ficou bravo. — Não é a mesma coisa.

— É o único jeito de você aliviar. — Explicou.

— Eu preciso de alguém de verdade, eu preciso entrar em você, preciso... Eu preciso do seu cheiro perto de mim. — Fechou os olhos sentindo a fragrância de Sophia, ela estremeceu. — Da sua pele me chamando. — Encostou os lábios carnudos em seu pescoço.

— Eu sei, eu também preciso disso tudo. — Abriu os olhos azuis. — Só mais alguns dias, pronto!

— Isso é muito chato. — Saíram da dispensa. — Eu também acho muito chato a sua amizade com a Michelle.

— Jura? — Abriu a lancheira rosa. — Eu não acho, gosto da Michelle, apesar dela ter transado com você. — Guardou o suco de caixinha, foi atrás de uma tábua.

— A gente foi noivo, né? — Coçou a nuca, sem graça. — Mas também não tem o por quê de ficar lembrando, já passou. Agora ela tá com esse babaca.

— E você tá morrendo de ciúmes, agora resta saber por quem. — Preparou o lanche da pequena, enrolou em um papel alumínio. — Eu fiz peito de peru com maionese, amanhã é só colocar na lancheira.

— E o doce? — Perguntou. Annora adorava comer geleia depois do lanche.

— A nutricionista disse que devemos parar um pouco com o doce. — Explicou. — Só na semana passada você fez ela ingerir uma bomba calórica, ou seja, um perigo vocês dois sozinhos.

— Amor, ela é criança! Foi só um sorvete. — Deu de ombros.

— Micael, você deu um pote de dois litros de Ben&Jerry's pra ela. Isso não pode! — Deu uma dura. — Ela é criança mas precisa comer fruta.

— E também precisa comer doce.

— Mas não tanto assim, caramba! Você não me entende?

Estavam brigando, de novo!

— Eu te entendo perfeitamente meu amor, só que... Annora é criança e eu dei o que ela queria. Fim da história, boa noite! — Deu as costas, foi até a escada. — Eu não vejo a hora desse seu maldito resguardo acabar. — Encarou Sophia pela escada.

— Eu também!

— Estamos brigando demais, isso é falta de sexo. — Subiu os degraus, bloqueando a vista que tinha da esposa.

Tudo quase tranquilo na casa dos Borges.

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