Nada de Opiniões

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3ª semana.

A vida de Micael seria mais agitada se ele ligasse para Dinah, convidando a mesma para jantar. Mas não era, ele não tinha comandos para fazer isso. Ao invés disso ficou em casa, compartilhando projetos via Skype com Bottin. Um caos!

— Galera. — Micael sentou-se de mal jeito na cadeira com rodinhas, que havia em sua sala. — Vocês já pensaram em alguma idéia para a XXTD?

— Eu pensei em algo revolucionário, tipo, uma maquete do Bottin e sua, dando a benção. — O estagiário gargalhou, fazendo todos rirem. Micael lhe mostrou a língua.

— Aí, isso não tem graça. — Foi tentado pela força do riso. — Continuando. — Cerrou os olhos. — Ninguém pensou em nada? Certo, pensem com carinho e admiração, eu preciso desse emprego.

— Por que a gente não inventa algo sexual? Os produtos de sexy shop são uma boa. — Chay mexeu em seus cabelos, Micael não tinha escutado aquilo.

— Chay! Quem vai testar os produtos? E outra, somos uma empresa com vínculo familiar.

— Você acha que a sua mãe e seu pai não treparam pra te ter? — Encostou as costas na cadeira. — Eu acho uma idéia juvenil e atraente. Nova Iorque inteira transa, nada mais justo a gente criar uma polêmica.

— Ah claro, e o Bottin comeria meu rabo por fazer uma porcaria dessas. — Negou com a cabeça. — O que você havia pensado?

— Eu pensei em uma camisinha com sabor, mas não essas tradicionais que a mina chupa e pronto: Sabor morango com chantilly. — Chay gesticulava com as mãos. — Eu estava pensando em uma camisinha que saísse o sabor, um exemplo: A menina faria o sexo oral, certo? E quando o cara gozasse, TCHAN. — Levantou-se. — Gozo de chocolate.

Micael encarou Chay por alguns segundos, assim como os outros, passou a mão no rosto não tendo o que dizer.

— Sabe. — Mexeu em seu maxilar. — A sua mãe deveria trocar o seu remédio, eu sei que sua doença te deixou com graves sequelas.

— Tá vendo? — Pausou. — É por isso que eu não ajudo em nada, você não gosta das minhas idéias.

— Chay, pelo amor de Deus! Quem vai comprar uma camisinha que a porra sai no sabor de chocolate? — Estava incrédulo. — Isso nem existe, e também não teria como existir.

— Nada é impossível. Somos uma empresa de marketing, criamos o produto e fazemos a marca dele. Isso iria estourar.

— Chay, não iria estourar. — Explicou, estava perdendo a paciência. — Somos um vínculo familiar, já pensou no caos que seria lançar uma camisinha dessa merda? Você sabe que Bottin recebeu uma indenização cara na época de 2000.

— O Bottin só pensa com a cabeça debaixo, todo mundo sabe que ele quer se aproveitar da gente.

— Ele é doido!

— E você cai nas palhaçadas dele. — Estava bravo. — A partir de hoje eu não darei mais nenhuma opinião, e eu gostaria de ficar no lugar do estagiário, ele tem mais idéia própria do que eu. — Cruzou os braços, esperando pela resposta.

— Ataque de pelanca?

— Choque de realidade. — Cerrou os dentes. — Você não me aceita como um funcionário normal, eu te dou as cartas e olha o que você faz? — Remexeu os ombros. — Exclui todas elas.

— Qual a parte da idéia você não entendeu? Temos um vínculo familiar, ou você quer perder o seu emprego por denúncia de censura?

— Micael tem razão, Chay. — Carla de intrometeu. Tinha uma caneta nas mãos. — Vamos trabalhar em equipe e criar uma idéia bacana, que tire os sussurros dos outros.

— Eu estava pensando em pegarmos a parte de computação, tipo robôs, essas coisas. — O estagiário opinou, Micael assentiu, estava proposto a receber boas idéias.

Chay estava cabisbaixo, deixou a sala bem rápido. Micael o seguiu.

— Chay! — Chamou o amigo.

— Me erra, tá? — Desceu as escadas.

Nada de dia bom.

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