Morrendo aos Poucos

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— O seu chefe ligou! — Sophia avisou Micael enquanto estava no quarto de Liam.

As mobílias haviam chegado.

— O que ele queria? — Encarou o quarto com desprezo.

— Disse que você está suspenso do trabalho. Pode voltar quando quiser. — Apoiou a mão na cintura. — O que está acontecendo, hein?

— Você disse que não queria saber mais de mim. — Abriu uma caixa. — Então não devo compartilhar mais nada com você.

— Exatamente! Fim de Sophia e Micael. — Voltou a ser insurportável. — Consegui um apartamento barato, irei me mudar no começo do outro mês.

— Que ótimo! Fico feliz. — Ele não estava feliz.

— Vou deixar o endereço, caso você queira ver Annora.

— Irei adorar. — Encarou o mar pela janela.

— Amber me ajudou com o apartamento, ele tem bom gosto. — Queria massacrar Micael.

Mas ele não estava ligando. Sua vida tinha chegado ao zero!

— Que ótimo! Ele deve combinar com você. — Engoliu seco.

— Eu sinto que... Não sinto a mesma coisa quando estava com você, sabe? Amber é bem diferente! — Encarou as unhas. — Ele me enche com outra coisa. Me preenche o vazio, é muito engraçado, simpático, gente boa. — Sorriu. — Você também vai encontrar alguém desse jeito.

— Vou sim.

— E quando encontrar, quero que me diga também. — Aproximou-se do ex-marido. — Não sinto magoa de você, só quero que sejamos felizes. Entende?

— Sim. — Estava em transe enquanto encarava o mar.

Estava de noite, as ondas eram bravas.

— Só estou triste por deixar a casa, a cabeça de Annora deve estar a mil. — Bufou. — Coisas acontecem o tempo todo.

— Exatamente! Nunca vemos o fim delas, e quando chega o fim... — Não decidiu terminar, não estava dando trela para o que Sophia falava.

— Vou terminar o jantar, a carne está cheirando! — Avisou. Deixou Micael no quarto que seria de Liam.

Ou nem seria. Sophia decidiu decorar o quarto, para o menino ter um segundo cômodo na casa do pai. Seria bom assim, dois lugares para se sentir completo.

Realmente, ela estava ficando louca.

Desceu as escadas encontrando Annora na sala, em seu tapete decorado. Estava desenhando!

— O que está fazendo, filha? — Abriu o forno, vendo a carne.

No ponto!

[Sinais Annora] — Estou fazendo um desenho pro papai. Ele parece triste. — Fez uma carinha.

— Seu pai está estranho. — Balançou a cabeça não querendo se preocupar. — Vamos jantar, eu vou cortar a sua carne. Você quer suco? — A menina assentiu.

Largou o desenho e foi jantar, sentou-se em seu lugar buscando seu talher de gatinhos coloridos.

Micael desceu as escadas sem a mínima vontade, a carne embrulhou seu estômago. Foi até o seu lugar na mesa, seu prato estava vazio.

— Então querida, você sabe que eu e o papai estamos nos separando. Não sabe? — Doente! Como era doente!

Micael estava com o olhar morto, encarou o prato em sua frente sem a mínima vontade de se servir.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora