Uma Mãe Para o Meu Bebê

Quero Te Dar a Bênção

Micael tinha voltado à tarde para trabalhar, deixou suas coisas na mesa de centro e avistou todos trabalhando, inclusive Chay, um milagre.

— Como vão as coisas por aqui?

— Bens, até você chegar. — O amigo largou o corpo na cadeira. — Seu querido chefe ligou, umas três vezes.

— O que ele queria?

— Conversar com você. Saber como vão as coisas da marketplace. — Umedeceu os lábios. — Tic-tac, tic-tac.

— Pra sua informação, eu já pensei em tudo. Porque você não consegue me ajudar.

— Te ajudar? Meu filho. — Bufou. — Você some a manhã inteira, volta de tarde, onde você estava? Ah, claro. Tomando Starbucks com a sua nova namorada.

— Primeiro que: Eu não tenho uma namorada e segundo, se eu tivesse, você estaria com... Ciúmes? — Riu do amigo que revirou os olhos.

— Eu? Claro que não. — Deu de ombros. — Mas você deveria estar trabalhando, e não tomando café com creme.

— Você sabe muito da minha vida.

— Com quem você estava?

— E te interessa?

— Me interessa sim. — Seguiu Micael até o bebedouro. — O nosso trabalho tá indo de mal a pior, e você tá tomando café, esquecendo os problemas.

— Eu estava com a minha Barriga de Aluguel. — Cerrou os olhos, cansado. — Eu fui levá-la pra tomar café depois da inseminação.

— VOCÊ TEVE UMA INSEMINAÇÃO? AH, CARA! EU NÃO ACREDITO.

— Qual é o problema? Não precisa surtar. Quem vai ter o filho sou eu.

— A gente já conversou sobre isso.

— E eu já te respondi centenas de vezes. — Achava simples, não tinha confusão, a não ser Chay berrando aos sete ventos. — Não precisa fazer esse escândalo, eu vou ser pai e ponto.

— Você é idiota! — Apontou o indicador ao amigo. — Mas não vou intrometer na sua vida, só quero que você foque na empresa. É pro bem de todo mundo.

— Você é o meu braço direito, você precisa me ajudar. — Esbraveceu. — Eu não tenho culpa disso tudo, vocês são capacitados, podem muito pensar em um nome pro produto e não ficar jogando UNO enquanto estou fora. — Amassou o copo descartável no lixo. — Eu não tenho obrigação de carregar vocês nas costas. — Encarou Chay. — Então, se querem agir como marketings, se posicionem como um! — Deixou Chay sozinho enquanto os outros cochichavam, odiava chegar à esse ponto.

Saiu da sala dando de cara com seu chefe, queria ser invisível no momento.

— BORGES! — Sorriu. — Por que está tão aflito? Consigo sentir sua energia negativa daqui.

— Eu estava dando uma bronca, apenas. — Explicou. — Como estão as coisas do...

— O local já está pronto, eu queria que você desse um tour comigo. — Assentiu. Micael seguiu o chefe, pegaram o elevador, sem horário de pico.

Ficaram em silêncio.

— Está ansioso para saber do nosso produto?

— Seu produto será um fracasso, eu sonhei com isso. — Engoliu seco. — Estou excitado. — Encarou Micael que piscava, rápido. Tentava engolir o que o chefe havia dito. — Eu quero te dar a benção.

— Mas o senhor...

— Eu não me importo. — Chegou mais perto de Micael, ia colando suas cabeças quando a porta do elevador se abriu.

Salvo pelo gongo!

— Ufa. — O moreno sussurrou, antes de sair do elevador.

— Disse algo?

— Claro que não, eu só estava... Blefando. — Mentiu. — O local está lindo! — Entraram na sala onde seria, uma enorme sala, caberiam dez exposições, juntando com a de Micael.

— Eu escolhi vermelho porque me dá sorte. — Respirou fundo. — E gosto de cores quentes.

— Também gosto de cores quentes. — Assentiu. O celular de Micael começou a tocar. — Posso?

— Não. — Pausou. — Voltando ao espaço, o seu projeto pode ficar bem aqui, de frente para a janela. Dará paz para os seus funcionários, mesmo eu sabendo que sua apresentação será um fracasso.

— Não será um fracasso, eu tenho certeza.

— Será sim, e não adianta me esconder. — Cruzou os braços. — Você tem até o final da semana para resolver isso, mesmo eu sabendo que não tem como mudar.

— Eu prometo ao senhor que dará tudo certo. — Esfregou as mãos, nervoso. Sabia que não daria certo, todos sabiam que não daria certo.

Só chegando no dia para saber.