Micael trocou de roupa, seria ridículo se atendesse a polícia apenas de roupão.
Mas ficou com medo. O que a polícia queria com ele?
— Senhor Borges, há quanto tempo mora aqui? — A policial tinha um bloco de notas nas mãos.
— Vai fazer um mês. — Engoliu seco.
— Você falava com algum dos moradores?
— Não. Quer dizer, tinha um estranho que é meu vizinho. — Coçou a nuca. — E eu acho que ele entrou aqui em casa, alguns dias atrás.
— Certo. — Ela escreveu. — Estamos aqui porquê seu vizinho foi preso. Você sabia que ele mexia com tráfico de crianças?
Micael franziu o cenho e se desesperou. Como assim?
— Tráfico de crianças?
— Ele traficava crianças, andou mexendo em arquivos da Internet e depois se aprofundou no trabalho sujo. Estamos procurando ele há mais de três anos, se passava por outro nome aqui. — Pausou. — E pelo visto, o alvo era sua filha. — Mostrou uma pasta à Micael.
Havia uma foto de Annora, pegada do Facebook de Lidiane. Micael odiava redes sociais, justamente por isso.
— Isso é... Isso é loucura! É a minha filha. — Estava trêmulo.
— Não precisa se desesperar, senhor Borges. — Acalmou. — Ele está preso, atrás das grades.
— Esse monstro era meu vizinho? Eu dei audácia pra esse cara, eu... Eu achava que tinha vizinhos bons. — Passava a mão na cabeça, nervoso.
— Senhor Borges...
— É A MINHA FILHA DENTRO DESSES ARQUIVOS. UMA GAROTINHA INDEFESA! — Gritou.
— Parando aí, rapaz! — A agente do FBI lhe parou. — Não pode gritar com as autoridades.
— O que está acontecendo aqui? — Sophia desceu, de roupa trocada. Sabia que tinha visitas quando Micael abriu a porta, mas não sabia que a polícia havia lhe visitado.
Estranhou a movimentação de carros e sirenes, estava acompanhando tudo pela janela de Annora, mas nem imaginou que entrariam em sua casa.
— A senhora deve ser a esposa, não é? — A agente do FBI deu as mãos para Sophia.
— Sim, sou eu. — Estranhou. — O que houve aqui?
— Sente-se, por favor! — Pediu, tinha visto a barriga de Sophia em crescimento. — Estávamos contando para o senhor Borges que o vizinho de vocês traficava crianças, achamos a sua filha nos arquivos de computador dele. — Mostrou à ela o envelope pardo. — São diversas crianças que estavam cercadas, obviamente ele iria atacar! Mas já resolvemos isso, ele está preso, bem longe daqui.
— Que absurdo! — Sophia ficou boquiaberto. — Como ele soube da minha filha?
— Lidiane. — Micael disse. — Poxa, eu odeio esse negócio de Facebook ou Instagram. Eu odeio! — Grunhiu. — Tá vendo como estávamos expostos a todo esse tempo? Como esse cara achou a gente? COMO ELE SOUBE DA ANNORA?
— SENHOR BORGES, NADA DE GRITAR COM AS AUTORIDADES! — A agente pediu, mais uma vez.
Micael estava pedindo pra ser preso.
— Era um grupo na internet que traficavam crianças, o senhor se mudou recentemente, ele deve ter visto a sua filha, poucas vezes, mas viu. — A policial explicou. — O despertar nos olhos dele nasceu e então... Sua filha foi alvo, estava nos documentos dele.
— Isso é loucura demais. — Micael estava perplexo. — Ninguém pode chegar perto da minha filha, escutou? Ela é apenas uma criança. — Não conseguia dizer.
Encarou Sophia que chorava em silêncio, secou suas lágrimas.
— Senhora Borges, está tudo bem! — A agente lhe confortou. — Irei buscar uma água para a senhora, tudo bem?
— Não precisa, eu estou bem. — Olhou pra cima, respirou fundo. — Está tudo bem! — Secou suas lágrimas. — Só quero que minha filha fique a salvo desse monstro.
— Ela está! Eu garanto. — Sorriu, acolhedora. — A senhora quer algum...
— Eu só quero a segurança da Annora, nada mais. — Assentiu aos policiais. — Muito obrigada por nos avisarem. Eu odeio a Califórnia! — Exasperou, no final.
Micael estava quieto, com a mente a mil, ainda quieto. Não podia estar acontecendo isso com ele, não podia!
— Já que agora está tudo bem. — Os policiais se retiraram. — Obrigada por tirar um pouco do seu tempo, senhor Borges! Fique bem.
— Obrigado. — Os levou até a porta e fechou, trancando tudo.
Andou até Sophia que chorava ainda mais, só podia ser um pesadelo.
— Eu não quero mais ficar aqui. — Fungou. — Eu quero ir embora, eu quero voltar pra Nova Iorque, de onde nunca deveríamos ter saído.
Micael ficou em silêncio, só queria mudar de cidade. A Califórnia parecia um lugar legal!
— Por que com a gente? — Bufou.
— Eu não sei e nem quero saber. — Levantou-se do sofá. — Precisamos buscar a Annora, eu não quero deixar ela sozinha por aí. — Sabia que a filha estava na escola mas mesmo assim, teve medo.
Era preocupante demais à todos!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Mãe Para o Meu Bebê
RomanceMicael, um jovem empresário de marketing tinha um sonho muito estranho, ser pai solteiro. E para isso, teve a incrível idéia de contratar uma barriga de aluguel. Ele achou que seria fácil, só que estava totalmente errado. Baseado no filme Baby Mom.