Eu Não Nasci Pra Ser Fitness

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— A Calvin Klein aceitou o book. — Gregori entrou na sala, fumava um charuto cubano. — Micael Borges estampará a capa da marca mais comprada de toda Nova Iorque.

— Vai com calma! — Eli o parou. — E a Sophia?

— O que tem ela?

— Nós precisamos fechar o book dela com aquela revista, esqueceu?

— A de verão? Como não esquecer. — Bufou. — Depois chame ela até aqui, quero conversar.

— Só depois das seis. — Gregori mostrou o dedo do meio, sabia que depois das seis à agência era fechada.

— Vou mandar um e-mail para aquela vaca de cabelo loiro. — Mexeu em seus papéis. — Que foi, porra?

— Você tá estranho!

— Eu estou super normal, arrumando os trabalhos do meu cliente.

— Você tá fodendo o seu cliente!

— Essa era a intenção, não era? — Franziu o cenho.

— Tá indo rápido demais.

— E eu estou nem aí. — Acomodou em sua cadeira. — Me faz um café com caramelo, essa sua cara é péssima pra ficar encarando.

Eli deixou a sala, batendo à porta com força. Queria colocar veneno no café de Gregori, mas se fizesse isso veria o sol nascer quadrado por alguns longos anos.

Um pouco longe dali Sophia e Micael corriam no Central Park, a loira usava seu conjunto Nike Running acompanhada do marido, que queria morrer durante os quilômetros percorridos.

— Meu Deus. — Apoiou as mãos nos joelhos. — Eu tô. Morto! — Respirou fundo.

Fazia anos que não treinava assim.

— Você se acostuma. — Sophia sorriu, entre arfadas. — O ar tá ótimo hoje, corremos muito bem. — Piscou rápido.

— Ah, você acha? — Teve desprezo em seu olhar. — A gente correu pra caralho, eu quero voltar.

— Amor, nós precisamos se exercitar! — Advertiu. — Gregori vai cair em cima se não ver mais músculos em você.

— E eu vou meter um murro naquela cara velha dele.  — Foram andando. — Tô me sentindo estranho.

— Por que? — Sophia o encarou. — Por causa da caminhada?

— Não, nada disso. — Bufou. — É que... Eu não nasci pra fazer esse tipo de coisa.

— Você não quer mais ser modelo? É isso?

— Eu tô sentindo falta do trabalho com o Bottin. — Desabafou. — Tô sentindo falta de pegar no pé daqueles... Pirralhos do estágio. — Riram. — Meu lugar não é em uma agência de moda, tirando fotos seminu.

— Mas amor, você quem escolheu isso! Você assinou o contrato. — Confortou Micael. — Agora não tem como voltar atrás.

— Você acha?

— Gregori vai te matar se você voltar atrás, irá perder tudo o que conseguiu até agora.

— Mas eu não consegui nada até agora. — Remexeu os ombros. — Eu tô cansado dessa merda, é exaustivo pra caramba.

— Eu também fiquei assim nos primeiros dias, mas pensa comigo. — Ficou na frente de Micael. — Quando você estiver lá em cima, todos vão te conhecer, não importa onde você for. — Sorriu. — É surreal o carinho que as empresas têm com você, é irrecusável!

— Eu não quero ser assim.

— Meu amor, só pensa desse jeito. — Abriu o zíper da blusa de Micael. — Se você odiar lá na frente, pode conversar com Eli ou mais alguém.

— Eu queria voltar no tempo e saber o por quê de Bottin me despedir.

— Isso vai te ajudar em que? Nada! — Voltaram a caminhar. — Você vai se dar bem nesse trabalho, seremos uma família linda.

— Assim espero! — Atravessaram a rua.

Micael entrou no condomínio junto com Sophia, deram risada quando avistou Ken xavecando uma mulher, aparentemente mais velha.

— Olá, Ken! — Micael segurou o riso. — Tô vendo que não deu muito certo. — Referiu a mulher que foi embora.

— Eu estava praticando minhas técnicas com mulheres mais velhas. — Sophia gargalhou.

— Desse jeito? Você não vai ir longe! — Terminou de rir.

— Então o casal fitness saiu pra correr? Que fofo!

— Pra você ver, agora eu sou um modelo. — Micael deu meia volta fazendo os dois rirem. — Tenho que me manter em forma.

— Tá certo! — Ken riu leve, escutou o telefone tocar. — Só um minuto, casal. — Pegou o aparelho nas mãos.

Sophia beijou de leve os lábios de Micael.

— Micael? — Ken o chamou. — É a sua mãe!

O moreno foi atrás do balcão, atendendo o telefone.

— Mãe? Mãe? Calma, o que aconteceu? — Estava aflito. — Se você ficar chorando eu não vou conseguir te escutar.

Sophia aproximou-se.

— COMO ASSIM, MÃE? ONDE ELA TÁ? EU TÔ CORRENDO PRA AÍ. — Desligou às pressas.

— É A ANNORA, O QUE ACONTECEU? — Sophia se desesperou.

— Ela caiu do brinquedo e era muito alto... A gente tem que correr pro hospital, vamos! — Pegou nas mãos de Sophia e saíram.

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora