NÃO TEM UM BEBÊ AÍ DENTRO?

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Sophia e Micael tinham chegado no apartamento, os trabalhares já tinham saído, deixaram um bilhete em cima da mesa, Micael sorriu, o quarto de hóspedes estava bagunçado demais, sem chances de entrar!

— Ainda tá brava? — Encarou Sophia que se jogou no sofá.

— Não, só quero ver alguma coisa na TV. — Na verdade, ela tinha que achar uma bela solução pra amanhã.

Não conseguiria, era burra demais!

Não podia ligar pra Karl, ele estava preso!

Não podia fugir no meio da noite, isso seria covardia!

Tinha que contar a Micael, da forma mais verdadeira possível.

— Tem um programa bem legal que reforma coisas. — Andou até a cozinha. — O que você quer comer?

— Tô sem fome.

— Está aérea! — Voltou rápido, comia uma maçã.

— Eu só tô pensando amanhã, no que vai ser. — Encarou Micael.

— Está triste? — Se preocupou. — Você precisa falar pra mim o que está acontecendo.

— Eu tô bem, tá tudo bem com a gente. — Respirou fundo. — É que... Eu estou me preparando, Micael!

— Se preparando pra que? Pra fazer um ultrassom?

Não estava entendendo nada.

— Me preparando pra... Me despedir disso aqui. Dessa vida que eu ganhei.

— Sophia, do que você tá falando? Assim você me deixa sem entender nada, amor! — Riu leve. — Tá querendo dizer... Depois que o bebê nascer?

— Não Micael, o assunto nem é esse. — Fechou os olhos. — Eu fiz uma... Uma tremenda...

— Uma tremenda o que? — Agora queria saber. — O que você fez?

Sophia ficou quieta, era a hora de calar a boca.

— Eu fiz uma tremenda surpresa pra você, que é... Justamente o ultrassom. — Mudou de assunto completamente. — Ainda bem que o transvaginal acabou, agora vamos conseguir ver o bebê.

— Você tá bem? — Franziu o cenho.

— Por que eu não estaria?

— Nada. — Negou com a cabeça. — Eu vou pedir comida japonesa, você gosta?

— Gosto. Pode pedir! — Sorriu, com medo. Estava com medo de tudo no momento.

Sophia jantou com Micael, em silêncio, deitou-se em silêncio, não estava com cabeça pra falar com ele. Estava com cabeça pra pensar no que falaria depois, como diria que mentiu, e além do mais, com a ajuda de Karl, e que tudo foi um golpe.

Iria pensar em tudo, até nos mínimos detalhes.


— Bom dia, amor! — Sophia estava pronta, sem a barriga falsa agora, que diminuiu bem menos.

Ela tinha apelidado de: pancinha. Havia engordado comendo porcarias todo o dia.

— Bom dia, amor. — Beijou Micael. — Estou pronta, você está?

— Eu estou. — Encarou Sophia. — Sua barriga...

— Eu li que é super normal a barriga desinchar, minha barriga estava um pouco inchadinha, agora desinchou. Andei comendo hambúrguer demais. — Mentiu.

Ótimo, tinha se saído muito bem.

— Eu já disse que você precisa parar de comer besteira. — Saíram do apartamento.

Foram até o estacionamento subterrâneo, entrando no carro de Micael.

— Hambúrguer é muito gostoso! — Estava tentando ser mais leve o possível, se ficasse nervosa, contaria ali no carro.

E seu principal motivo não era contar no carro, e sim, no consultório. Ele surtaria menos.

— Hambúrguer faz mal, meu amor. Eu já te disse um milhão de vezes. — Dirigiu até lá. — Estou ansioso, será que hoje vai dar pra ver alguma coisa? — Arrumou-se no banco do carro, sorrindo.

— Eu não sei.

— Será que vai parecer comigo, ou com você? Eu tô ansioso pra caralho! — Estava sorrindo tanto. — Quero tirar uma cópia do ultrassom, pra mostrar ao Bottin e a galera da empresa. Eles vão ficar loucos!

— Vão sim. — Sophia sorria, sem graça nenhuma. Estava sendo tedioso e caótico pra ela.

Estava sendo o início do fim.

— Bom dia, doutora! — Micael cumprimentou a mulher de cabelo longo.

— Bom dia, como estão? — Sophia deitou na maca. Levantou a blusa.

Sua pancinha com gorduras estava à mostra.

Aquela era a hora.

— Ansiosos? — A médica tinha o aparelho nas mãos.

— Muito. — Micael segurou na mão de Sophia.

— É, Micael... — Sophia decidiu falar.

A médica passou o gel em sua barriga.

— Oi, amor.

— Quando mentem pra você... Você fica muito bravo? — Tinha os olhos azuis com medo, a médica começou a passar o aparelho na barriga de Sophia.

Nada apareceu no monitor.

— Eu fico amor, por que? — Estava confuso. — Algum problema com o ultrassom?

— Não tá identificando nada. — A médica avisou.

— Você fica muito bravo? — Sophia voltou a perguntar.

— Eu fico, amor. Muito bravo mesmo, nem sei do que sou capaz de fazer. — Deu de ombros. — Ainda nada, doutora?

Continuou a mexer o aparelho na barriga de Sophia.

— Agora sim! — O ultrassom apareceu no monitor. — É um bebezão, Sophia!

— Ainda bem, doutora. — Sophia sorriu. — Então, Micael... Eu tava falando... — Se deu conta de que o ultrassom tinha aparecido.

Todos sorriram.

— AÍ MEU DEUS! TEM UM BEBÊ AÍ DENTRO? — Surtou. Encarava a barriga com os olhos arregalados.

— Lógico que tem, meu amor! — Micael sorria.

E Sophia... Estava surtando, de medo!

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora