A hora do jantar. A pior hora, no momento errado, no clima errado. A única que se salvou foi Annora, comendo seu arroz com brócolis e subindo para dormir.
Os barulhos dos talheres se batendo era a única coisa na casa.
— Pode me passar as batatas? — A voz de Micael foi tranquila.
E triste.
— Por que não liga pra Michelle? Ela pode te passar as batatas! — Foi irônica e debochada, comeu sua batata vendo Micael ficar irritado.
— Pare de ser criança!
— Criança? Eu? — Riu, incrédula. — Você é o culpado disso tudo, a Michelle ligou pra mim.
— Viu só? Ainda diz que eu sou o culpado.
— Micael, duvido eu dó que você não dormiu com essa mulher. — Arrumou os cabelos. — Essa história já deu pra mim.
— Eu não dormi com ninguém. Caramba! — Bateu as mãos na mesa. — Será que dá pra você olhar nos meus olhos?
— Estou cansada!
— Ok, vai ser assim então?
— Vai. E como você já sabe, estamos divorciados. — Levantou-se da mesa. — Vou procurar algum lugar na semana que vem, talvez eu fique na casa da Sheron.
— Na casa da Sheron? — Micael passou as mãos no rosto, estava ficando muito nervoso. — Vai ficar lá como um peso? Sendo que você tem uma puta casa, um marido e uma filha. Aliás, dois! — Lhe fuzilou com o olhar. — O que você está querendo? Onde quer chegar?
— Eu quero chegar no assunto onde nos separamos. É esse assunto que eu quero chegar. — Se encaravam, feio.
Não estava sendo algo produtivo.
— Eu não te trai! — Cerrou os dentes.
— Traiu sim! Traiu desde o momento que emprestou o seu cartão pra Michelle. — Umedeceu os lábios. — E quer saber de uma coisa? Eu estou em outra!
— O que? — Foi sua vez de rir. — Tá ficando maluca?
— Eu sempre fui maluca.
— Estou vendo.
— Boa noite, Micael! Eu não ligo mais pra você. Pode fazer o que quiser. — Deu de ombros.
Micael sentiu o coração doer, não parecia a sua mulher. Terminou de jantar sozinho, lavou a louça e retirou a mesa.
Tomou um banho, passou no quarto de Annora entregando um beijo à filha, foi para o quarto de hóspedes e deitou-se. Estava cansado, com a cabeça a mil, sentiu dores quando se deitou.
Precisava dormir e rápido! Mas não conseguia, esse era o problema.
— Bom dia, meninas! — Sophia apareceu, radiante como sempre. Só que dessa vez, teve Amber lhe esperando, em sua frente. — Bom dia, Amber! — Largou sua bolsa na mesa. — Dormiu bem?
— Perfeitamente. — Sorriu. — E você? Como está com seu marido?
— Ex-marido. — Umedeceu os lábios, encarando os de Amber. — Ele está no mundinho dele, acha que ainda não nos separamos.
— Ele gosta de sonhar. — Amber riu.
— Demais, eu me sinto exausta só de olhar pra cara dele. — Fechou os olhos. — Preciso da sua ajuda!
— Diga. — Pegou um post-it da mesa de Sophia.
— Gostaria de alugar uma casa, apartamento, essas coisas. — Gesticulou. — Eu não sei por onde achar, não aqui. — Levantou os ombros.
— Uma casa? — Rabiscou o post-it. — Apartamento? — Deu risada. — Sophia, não estamos mais em New York. NEW YOOOOOOORK! — Cantarolou à loira que gargalhou.
Aquilo era tão nojento e falso, soava o ridículo para Sheron e Alisson.
— Eu sei que não estamos mas você precisa me ajudar.
— Ok, por onde você quer começar? — Arrumou-se na cadeira.
— Começando por alugar uma casa.
— Fora do seu orçamento. Me desculpe! — Fez uma careta.
— Apartamento?
— Um apartamento SIMPLES. Eu digo, simples. — Levantou o dedo indicador. — Pode ser que você encontre aos redores da Califórnia.
— Gostaria um perto do trabalho, o que você acha?
— Eu disse: simples! — Lembrou. — Querida, você não vai achar nada por aqui.
— Por que está falando isso? — Se irritou. — Meu dinheiro é bom, consigo me sustentar.
— Nada disso, nada, nada, nada, nada! — Amber balançou a cabeça. — Entenda uma coisa. — Largou o post-it. — Você e o homem da Calvin Klein tinham uma quantia boa, ele trabalhando, você trabalhando... Está me entendendo? — Sophia revirou os olhos. — Você não está mais com ele, ou seja. — Rasgou uma folha do post-it. — Sua renda salarial está lá em baixo, fofa. — Tocou o rosto de Sophia. — Ou pode ser que você guarde dinheiro debaixo do colchão, não seria uma má ideia.
— Você destruiu todos os meus sonhos. — Emburrou.
— Eu apenas acordo a pessoa para à realidade. Apenas! — Largou-se na cadeira como fazia, virou-se a Sheron. — Querida Shel-Shel. Como vai nesse dia maravilhoso?
— Ótima! — Disse grossa. — Me deixe trabalhar. Você deveria ir embora!
— Ooh, claro que não! — Foi até à mulher. — Eu amo você, não posso deixar minhas três princesas sozinhas. — Mexeu no cabelo de Sheron. — Vamos almoçar e esquecemos esse ciúme horrendo. Que tal? — Sussurrou no ouvido da morena.
Amber não valia o que comia!
— Posso pensar no seu caso. — Piscou rápida.
— E você, querida Alisson lábios de mel? — Lá se foi Amber. — Como está se sentindo hoje?
— Me sinto cansada e traída. — Encarou Sophia com desprezo. — Existem pessoas nesse ambiente que estão se achando demais.
— Diz isso pra mim, Alisson? — Sophia remedou. — Não me diga que está com ciúmes?
— Você deveria cuidar da sua vida!
— E eu estou cuidando. — Sorriu. Soando falsa! — Veja só: eu tenho um emprego, amigos de verdade e estou por aí, solta!
— Você acha bonito isso? — Alisson negou com a cabeça. — Você não está separada coisa nenhuma! Seu marido está tendo tudo sob as costas dele, eu sei a realidade, sei o que aconteceu. Está com um ciúme bobo de oitocentos anos atrás! — Aumentou o tom de voz. — Não está se passando de uma vadia machucada.
— O que foi que disse? — Sophia saiu de seu lugar. — É melhor rever o jeito que fala comigo!
— Ou vai fazer o que? Me bater e acabar com a sua vida fracassada? — Alisson fez o mesmo, levantou-se.
— Meninas, parem com isso! — Sheron interviu. — E você Amber, cai fora!
— Pelo menos eu tenho dois filhos pra contar a minha história. E você Alisson? Cadê a sua filha? — Sophia segurou o riso. — Ops! — Escondeu a boca.
Recebeu um belo tapa no rosto, os cabelos voaram e sua face agora doía. Alisson tinha sangue nos olhos, dentes cerrados e a amiga lhe segurando. Não podia fazer aquilo de novo.
Mas Sophia mereceu.
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Uma Mãe Para o Meu Bebê
RomanceMicael, um jovem empresário de marketing tinha um sonho muito estranho, ser pai solteiro. E para isso, teve a incrível idéia de contratar uma barriga de aluguel. Ele achou que seria fácil, só que estava totalmente errado. Baseado no filme Baby Mom.