Qual Destino?

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Dois dias depois.

— Bom dia, amor! — Micael desceu, tinha acordado.

— Bom dia. — Beijou o marido. — Como foi a noite?

— Foi bem, o barulho do mar me acalma demais. — Sentou-se comendo uma fruta. — Onde está Annora?

— Lá em cima, brincando. — Avisou. — Eu não consegui dormir direito.

— Por que não? — Franzi o cenho.

— Não sei, acho que esse negócio de arrumar as coisas...

— Tá com medo do bicho papão? — Riu.

— Micael, é sério!

— Amor, eu não sei de onde você tirou essa idéia maluca de ter assombração aqui dentro. Isso não existe! — Bebeu seu suco.

— Você fica duvidando da sorte, vai que existe.

— Ok, se existir... Não está aqui na nossa casa. Certo? — Encarou a esposa que bufou. — Isso é coisa da sua cabeça porque a casa é grande. Logo passa.

— Você é imprevisível, sabia? — Sorriu à Micael.

— Eu sei, eu sou um homão da porra. — Sophia negou com a cabeça, rindo.

— Eu vou na escola mais tarde, levar os documentos da Annora.

— Vou aproveitar e mandar um currículo pra empresa. — Terminou de comer. — E você? Já tem idéia do que vai fazer?

— Não faço a mínima idéia. Também vou procurar alguma coisa. — Levantou os ombros. — Falou com a sua mãe?

— Ela me mandou uma mensagem mas nem liguei. — Piscou rápido.

— Ok. — Sophia levantou-se. — Eu vou arrumar o resto do resto que falta, depois você arruma a mesa? — Micael assentiu. — Obrigada!

— Isso vai custar caro.

— Eu não ligo, não irei pagar mesmo. — Deu de ombros mais uma vez e saiu da cozinha.

Subiu as escadas e parou no imenso corredor, tirou o carpete trocando por um novo, na cor vinho. Varreu, passou pano em todos os quartos, tinha a caixa nas mãos andando até o fundo do corredor. Encarou o teto.

Que ótimo, que ótimo! Estava ótimo para as paranóias de Sophia.

— Eu não acredito nisso. — Encarou o sótão da casa, com a porta aberta.

Precisava de uma escada pra subir ali, urgente.

E foi atrás de uma, sem Micael ver. Colocou a escada na ponta e subiu, sem as caixas. Observou o local antes de entrar totalmente.

Estava sujo, com poeira, os vidros embaçados de tanto pó que havia. Ela morreria de espirrar se vivesse ali dentro, andou pelo sótão vendo o quão era grande.

Deparou com alguns objetos enrolados em lençóis, revirou os olhos e os tirou.

— Nem pra jogarem fora, não é? — Disse sozinha, as cadeiras antigas despertaram Sophia.

Amor? — Escutou Micael, tinha que descer, rápido.

— Eu... Eu já estou indo! — Desceu as escadas e a guardou, colocando dentro do sótão novamente.

Conseguiu fechar a porta, não queria aquele troço aberto. Já estava paranóica demais!

— Onde estava? — Micael apareceu, tinha Annora nos braços.

— É... Guardando as caixas. — Sorriu falsa, estava com medo.

— As caixas ainda estão aqui, Sophia!

— Eu tava vendo aquele negócio lá em cima. Você sabia que tinha um sótão aqui?

— Normal. — Deu de ombros. — Podemos reformar e fazer alguma coisa.

— Lá em cima tá horrível! — Negou com a cabeça. — Onde estavam indo?

— Vou levar Annora pra ver o mar, depois podíamos ir à praia. O que acha?

— Podemos sim. — Sorriu. — Vou no centro verificar as coisas de Annora. Divirtam-se.

[Sinais Annora] — Tchau, mamãe!

Sophia se trocou, penteou os cabelos, colocou os sapatos e procurou pelos documentos de Annora, que estavam em uma pasta. Ajuntou direitinho e saiu porta a fora.

— PORTA DA FRENTE ATIVADA.

Ok, ela iria matar Micael! A voz eletrônica ecoou quando Sophia saiu de casa, a loira continuou a andar chamando por um táxi.

Mas antes, ligou para Micael, que estava a poucos metros longe de si.

— Oi, amor!

— Não vem com: oi amor. — Fez uma careta. — Que história é essa de ter um alarme que fala?

Que? — Ele queria muito rir.

— Micael, eu acabei de sair e uma voz falou que a porta da frente tava ativada. O que significa isso?

É o alarme da nossa casa! Eu achei ideal, ainda mais pra Annora. Podemos monitorar ela a qualquer parte do dia, ou da noite.

Por um lado, não era tão ruim.

— E o alarme tinha que falar?

Você queria que apitasse que nem uma sirene irritante?

— Você nunca assistiu Atividade Paranormal, não é?

Pensei que você só gostasse de Romance de Chorar.

— Quer saber? Eu tenho mais o que fazer! — Bufou. — Cuidado com ela aí, não deixa ela na água, o tempo está virando, pode pegar o resfriado.

Tá bom!

— E cuidado também com a areia, ela pode pisar em algum bichinho, e isso pode infeccionar se der uma picada, essas coisas. — Entrou no táxi.

Tá bom. — Estava perdendo a paciência.

— Cuidado também com o sol, você passou protetor nela?

— TÁ BOM! — Gritou. — Vou nessa, até mais! — Desligou a ligação.

— Bom dia, moço! — Sophia cumprimentou o taxista. — Você acha que eu estou ficando doida? — Franziu o cenho.

— Moça, é a Califórnia! — Deu risada antes de ligar o veículo. — Qual o destino?

Uma Mãe Para o Meu Bebê Onde histórias criam vida. Descubra agora