Micael subiu vinte e quatro degraus até chegar no cubículo onde Sophia morava. E que cubículo! Sentiu nojo ao observar a sujeira que estava no ambiente.
Caixas de pizza que deveriam estar à três meses ali.
Meias sujas.
Calcinhas espalhadas.
Sapatos revirados.
Bitucas de cigarro.
E um cheiro de maconha terrível.
— KARL! — Sophia gritou. — Temos visita.
— Ah... Eu acho que vou indo. Você me liga...
— Não, não, não. Quer tomar alguma coisa? Acho que tem cerveja na geladeira. — Acredite, Micael estava com medo de olhar a geladeira.
— Tô bem, obrigado! — Sorriu falso.
O som de Could You Be Loved — Bob Marley ecoou na sala onde estavam, Karl havia aberto a porta do banheiro, onde estava fazendo suas necessidades, tinha um rádio nas mãos.
— Qual foi, gata? — Observou os dois. — O que esse cara tá fazendo na minha casa?
— Karl, eu já te disse pra trancar a porta quando usar o banheiro.
— Você me chamou, gata! Tô tentando ganhar uma promoção na rádio. Sou o ouvinte número trezentos e seis.
— Você nunca vai ganhar. — Sophia revirou os olhos.
— Se eu ganhar, eu te levo pra jantar hambúrguer. — Umedeceu os lábios, fuzilou Micael com o olhar. — Tá olhando o que, mano? Nunca viu alguém cagar?
— Eu já tô de saída. — Encarou Sophia. — Fique bem, ok? Qualquer coisa é só me ligar.
— Pode deixar, e desculpa por você ter visto isso. O Karl é um idiota.
— Deixa quieto. — Deu de ombros, saiu do cubículo de Sophia. Quem moraria ali? Só se estivesse precisando muito.
Voltou à empresa, quinze minutos atrasado. Entrou em sua sala junto com seus funcionários, que riam. Ainda estava em clima de pós-almoço.
— E aí. — Arregaçou as mangas da camisa social. — O que tanto fofocam? — Sentou em sua cadeira.
— Você perdeu o barraco do ano. — Carla ria. — Chay e a peguete dele!
— Ela veio o cobrar por alguma coisa errada. — Terminou o estagiário.
— Sério? — Micael estava boquiaberto. Sempre perdia essas oportunidades.
— Super sério! Veio aqui na empresa, xingou ele, bateu na cara dele e ainda disse que não o queria mais. O coitado tá acabado, foi até pra casa.
— Ele só tava comendo ela. — Debateu o outro funcionário.
Como fofocavam! Por Deus.
— Vocês são demais. — Micael terminou de rir. — Eu ligo pra ele depois. — Foi até o quadro branco. — Eu queria que a gente falasse hoje sobre um assunto interessante, eu recebi um anexo por e-mail...
— BORGES! — Bottin havia entrado na sala, mais uma vez, interrompendo Micael. — Ocupado?
— Claro que não, senhor Bottin.
— Ótimo. — Encarou os funcionários. — Eu preciso de você na minha mesa, urgente.
— Algo de errado? — Voltou a ficar tenso.
— Só vá até minha mesa. — Saiu da sala, Micael tinha um ar preocupante.
— Carla, fale aos outros a novidade do e-mail. Eu volto daqui á pouco. — Ela assentiu, o moreno foi até a sala de Bottin, que era dois andares a mais na empresa.
Tocou na porta de madeira o vendo sentado em cima da mesa, de pernas cruzadas. Ele assentiu.
— O que houve, senhor Bottin?
— Eu estava pensando. — Pausou. — Você é bom em agradar mulheres. Não é?
— O que? — Riu incrédulo. — Pensei que era algo importante.
— Pra mim é importante. — Cerrou os olhos. — Eu quero estar em um encontro, reservei pela internet, nesses aplicativos horríveis. — Explicou. — Quero que você me ajude em como me sair bem.
— Senhor Bottin, o senhor precisa apenas... Deixar fluir o momento, sabe? Eu não sei explicar, minhas namoradas eram...
— Fáceis? Desculpe mas você só namorou crianças. — Micael engoliu seco. — Me ajude à sair bem nesse encontro. Estou dizendo que quero surpreender.
— Compre um buquê de rosas, um lindo buquê e depois... — Pensou rápido. — Ela gosta de música clássica?
— Bee Gees.
— Ótimo! Mande alguém cantar pra ela How Deep is Your Love, ela vai amar!
— Você acha? — Bottin sorriu. — Que bom! Eu irei fazer isso, se não der certo... Eu brigarei com você.
— Estarei esperando.
Ótimo!
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Uma Mãe Para o Meu Bebê
Roman d'amourMicael, um jovem empresário de marketing tinha um sonho muito estranho, ser pai solteiro. E para isso, teve a incrível idéia de contratar uma barriga de aluguel. Ele achou que seria fácil, só que estava totalmente errado. Baseado no filme Baby Mom.