Não Se Misture com Ela, Annora!

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— É... Bom dia! — Sophia sorriu para a babá que lia uma revista de fofoca, Micael segurou o riso. — Annora foi à escola?

— Foi sim. Eu a levei, já que ninguém voltou a tempo. — Levantou-se. — Tudo certo? Eu já posso ir?

— Claro, pode sim. — Micael sorriu, sem jeito. — Obrigado por cuidar dela.

— É o meu trabalho! — Assentiu aos dois antes de sair.

Micael não se aguentou.

— Do que você tá rindo?

— Do que eu to rindo? — Respirou fundo. — Esse não foi o combinado da babá.

— A gente pagou ela, claro que foi o combinado. — Andou até o banheiro. — Eu preciso de um banho e cama, rápido!

— Banho, é? — Micael se enfiou no banheiro. — Que ótimo, eu também tava precisando de um banho.

— Nada disso. — O parou. — Esse momento é só meu.

— Só seu? Então tá. — Se entristeceu. — Você vai deixar o pai da sua filha na mão.

— Na mão? Eu já te segurei muito ontem, se é que me entende. — Ele riu. — Vá fazer o café, eu estou morrendo de fome.

Sophia tomou seu banho de ducha, bem quente. Lavou os cabelos e fez uma hidratação no rosto, passou o roupão felpudo no corpo e saiu, o apartamento estava quente pelo aquecedor.

— Você fez o café, pedação? — Sophia sentou-se em seu lugar, Micael a encarava.

— Ovos com bacon, peito de peru com torradas integrais. Iogurte light e leite de soja, sem lactose e zero glúten. — Sorriu falso.

— Você aprendeu direitinho. — Ficou feliz.

— A sua assessora te mandou mensagem? — Sentou-se pra tomar café.

— Acredita que eu nem vi o meu celular? — Riu leve. — Eu quero distância dessa coisa. Só quero aproveitar você e a minha bonequinha.

— Tem certeza que está conseguindo estudar pelo computador?

— Amor, eu precisava de um auxílio. — Explicou. — Acho melhor eu ir no curso, mesmo eu não querendo.

— Eu também acho melhor, você ainda não consegue entender nada do que a Annora se comunica. — Bebeu seu café.

— E a sua família? — Fez carinho nos cabelos de Micael. — Você não me contou deles.

— Minha mãe ficou ainda mais louca e a Lidiane teve outro filho. — Sophia se surpreendeu. — Por que o espanto?

— Ela gosta de ter filhos, não é?

— Ela ama ter filhos, ela e aquele marido chato dela. — Sophia riu. — É sério!

— Você gosta de ter filhos?

— Particularmente? Eu gosto. Annora foi minha companhia durante quatro anos.

— Vocês se dão muito bem, eu fico extremamente feliz.

— Ela me perguntou muito sobre você, quando tinha apresentações na escola. — Abaixou a cabeça. — Eu fui em quase todas, sabe Sophia, é cruel!

— Mas agora eu tô aqui. — Puxou o olhar de Micael pra si. — Tô aqui com vocês, e não quero mais sair desse lugar.

— E a sua carreira?

— Posso muito bem continuar ela aqui, em Nova Iorque.

— Com aquela sua assessora chata? Duvido!

— Ela chata mas você se acostuma.

Os dois ficaram em silêncio.

— Você soube do que aconteceu? — Micael franziu o cenho. — Eu não queria te contar, achei melhor... Ficar em silêncio.

— O que aconteceu? — Segurou nas mãos de Sophia.

— Karl faleceu, no último verão. — Encarou Micael. — Teve uma overdose, em um bar country, no Texas.

— Jura? — Ela assentiu. — Ninguém me disse nada.

— Eu era a única pessoa mais próxima de Karl, a família dele abandonou ele, vivíamos sozinhos. — Pausou. — Sempre pensei que Annora cresceria sem pai.

— Mas ela não cresceu. — Micael sorriu. — Sempre soube que nunca estava errado.

— Você fez o certo! 

A campainha tocou.

— O Ken tá perdendo o juízo de deixar todo mundo passar. — Micael levantou, foi até a porta verificando quem era.

A figura de Dinah apareceu, sorriu ao moreno e encontrou, sem ao menos ser convidada.

— Bom d... Oi, Sophia! Você tá diferente. — Sorriram. — Não sabia que tinham voltado.

— É a vida. — Micael deu de ombros. — Algum problema com Chay?

— Na verdade, é um pouco comigo também. — Pausou, parecia aflita. — Minha tia está no hospital em Chicago e eu preciso ir pra lá, não tenho ninguém pra deixar Laurel. — Explicou.

Sophia negava mentalmente.

— Eu posso deixar ela aqui? Só essa noite? — Juntou as mãos, implorando.

— Sabe, Dinah. — Sophia pronunciou-se. — O Chay não pode ficar com ela? Chicago é um pouco perto pra você ir sozinha.

— Não gosto de viajar sozinha. — Cerrou os dentes. — Por favor, Micael! Laurel não tem ninguém, você é o único que pode cuidar dela pra mim.

Micael acabou cedendo, Dinah vibrou de alegria ao saber que sua filha passaria a noite com Annora.

Mas Sophia, achou uma péssima ideia.

— Era só isso que você tinha pra dizer? — Parecia sem graça.

— Era sim! — Dinah caminhou até a porta. — Eu trago ela hoje à noite, dê um beijo em Annora.

— Pode deixar. Até mais! — O moreno fechou a porta.

E recebeu uma cara feia de Sophia.

— Posso saber que história é essa? — Cruzou os braços.

— Ela pediu pra menina dormir aqui.

— Quantas vezes a Laurel já dormiu aqui?

— Umas duas, ou três. — Deu de ombros. — Você encasquetou com a Laurel, que coisa!

— A menina não é companhia pra Annora, e eu vou te provar.

— De novo essa coisa chata de provar? Eu não preciso que me prove nada, eu confio na sua palavra. — Pausou. — Mas agora quero que não arrume confusão, ainda mais com o Chay e a Dinah.

— E a filha deles pode ficar fazendo merda sem eles verem?

— Você tá muito preocupada, tá legal? — Sophia revirou os olhos. — Eu vou tomar um banho, me trocar e ir na empresa. Antes que eu perca o emprego! — Beijou Sophia e saiu pelo corredor.

Tinha que achar um jeito de Annora não se misturar com Laurel.

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