Jantar da Discórdia

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— Oi, Dinah. — Encarou Sophia. — Tudo bem por aí?

Tudo e você? Tá aonde?

— Vim ao mercado com a minha prima, lembra dela? — Coçou a nuca, sem graça. — Então, viemos comprar as coisas do dia a dia.

— Coisas do dia a dia? — Pausou. — Eu queria ver você, que tal? Podemos jantar todos juntos.

— Sabe, Dinah...

— Tô indo pro seu apartamento. Beijo! — Desligou a ligação.

Sophia cruzou os braços esperando uma resposta de Micael, obviamente ele estaria pensando em uma.

— Quer dizer que eu sou a sua prima?

— Eu posso explicar. — Rendeu as mãos.

— Você não contou nada à ela, não é?

— A Dinah é imprevisível, e ela não gosta muito de você.

— Eu percebi. Mas você sabe que... Uma hora vai ter que contar. Você tá lascado!

— Eu sei que eu tô lascado, mas o que eu posso fazer? Morrer é que não dá.

— Não tá gostando dela?

— De verdade? — Encarava Sophia, como dois melhores amigos. — Eu acho que fiz burrada.

— Eu sabia. — Sorriu, tomando posse de tudo.

— Como você sabia?

— Você tá todo perdido perto dela, ela te liga, você inventa alguma coisa. Por que aceitou namorar com ela?

— Estar com ela é uma coisa legal. — Deu de ombros. — Porém, ela é muito grudenta. Eu não tô me sentindo confortável.

— Se você não está se sentindo confortável, é só fazer isso estar confortável!

Que?

— O que? — Micael franziu o cenho.

— Assim. — Sophia aproximou-se de Micael, deu um beijo no canto de seus lábios carnudos. Ele piscou rápido, seu coração estava acelerado. — Viu só? Isso é estar confortável, pelo menos eu acho.

Estava em transe, queria achar suas palavras e tascar um beijo em Sophia, mas não conseguiu.

— Tá tudo bem? — Os olhos azuis procuraram os olhos castanhos.

— Tá sim, eu... Eu só, precisamos ir. — Deu partida no carro e dirigiu até o apartamento.

Dinah já estava lá, do lado de fora, quando chegaram. Tinha uma lasanha nas mãos, entrou com Micael e Sophia que fizeram um arroz rápido na panela elétrica, o moreno abriu o vinho branco e deixou Sophia tomar um suco de maracujá, estavam em harmonia na mesa de jantar.

Ou pareciam estar.

— Então Sophia, quando pretende ir embora? — Dinah sorriu falsa para a loira que fez o mesmo. Micael quase se engasgou.

— Pretendo ficar por muitos meses ainda. Essa família me ama. — Tomou seu suco de maracujá.

— Que bom, é estranho um primo vir por agora, ainda mais que Micael não me disse nada.

— Não foi preciso. — A voz do moreno ecoou.

— E você, Dinah? Vende sucos industrializados. Como achou isso uma excelente idéia? Abrindo sucos de pacotinho e cheirando até ter um ataque de tosse? — Micael arregalou os olhos.

Era guerra!

— Eu gosto de inovar.

— Estou vendo. Precisa inovar na sua pessoa também.

— O que está querendo dizer, Sophia?

— Estou querendo dizer que aqui é Nova Iorque, uma metrópole que não compra sucos industrializados com sabores exóticos.

— Tem pessoas que gostam.

— Essas pessoas seria o Micael? Por que, pelo que me consta, ele foi o único que entrou na sua loja, até agora. E veja só, formaram um lindo casal.

— Sophia, por que você não vai lavar esses pratos aqui? O queijo pode grudar e demorar a sair. — Sorriu falso.

— Tudo bem, eu vou lavar. — Saiu da mesa, tinha os pratos na mão. — Foi um prazer te conhecer, Dinah. — Dirigiu-se à cozinha deixando Micael sozinho com sua namorada.

Ok. Nada de bom!

— Me desculpe, ela é imprevisível.

— Tô vendo. — Tinha ódio em sua face. — Quanto tempo ela vai ficar aqui?

— O tempo que ela quiser.

— O tempo que ela quiser? Micael? E a gente?

— O que tem a gente?

— Eu quero namorar com você, caramba! Quer dizer que não posso mais vir aqui? Ela vai ficar atrapalhando a gente?

— Ela é uma hóspede, você é minha namorada. Eu tenho dinheiro, posso muito bem pagar um motel.

— Eu não sou garota de motel pra ficar visitando toda a semana.

— E quem disse que a gente vai transar toda a semana? — Respirou fundo. — Dinah, de verdade mesmo, eu preciso descansar, tô exausto.

— Você tá sempre exausto pra mim.

— Claro que não! Eu só quero descansar, de verdade. — Encarou ela, cansado, não queria discutir com Dinah, era como discutir com uma criança birrenta. — Nos falamos por aí?

— Tanto faz. — Deixou a mesa indo embora. Micael bufou. Ali estava tedioso demais.

Mas na cozinha, não estaria tanto assim.

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