História Vegeta e Bulma- Irreversível

Me sinto Tão Estranho Aqui

** Acredito que existem fases, ciclos, começos, recomeços.

E acho que estou bem no meio de um deles. ***

As coisas aconteceram num estalar de dedos propriamente ditas e Vegeta, estava ali tentando entender o que o levou para aquele planeta que ele mesmo não a muito tempo atrás, queria conquistar e vender e em um súbito ódio o destruir. Era no mínimo irônico ele ter simplesmente despertado ali. Esse não era seu mundo, ele fechou os olhos tendo a péssima sensação de se sentir um peixe fora d'água nesse planeta e além do mais, havia muito barulho a sua volta e conversas misturadas entre aqueles seres que tanto desprezava e que estavam também na mesma situação que ele, ou seja, sem planeta!

Por outro lado, esse pensamento de unidade o fez sentir raiva de si próprio o levando a serrar os dentes e apertar fortes seus dedos em suas mãos cerrando em punho e mantendo seus olhos fechados tentando apagar aquele sentimento que não cabia para ele, não ele, o grande príncipe Saiyajin, que vivia pelo seu próprio código de honra de que a sua vontade sempre seria atendida ou imposta, pela força de seus músculos se preciso fosse, pois ele era o príncipe de uma raça guerreira a que todos temiam. Vegeta balançou a cabeça se dispersando de seus pensamentos começando a ouvir barulhos que o cercavam, abriu os olhos e viu aquela terráquea se movendo de um lado para outro, gesticulando sem parar, a observou por algum tempo e seus pensamentos começaram a se focar nela, na terráquea de cabelos azuis como o tom do céu que os cercavam. Era incrível como ela conduzia aquele povo com firmeza e ao mesmo tempo se contrapondo aos movimentos delicados de seus braços e mãos. Ela tinha a habilidade de falar, gesticular, respirar e se movimentar tudo ao mesmo tempo enquanto sorria, ele deu uma pequena risada por dentro tentando entender como funcionava aquela cabeça coberta por aquelas mechas azuis.

"Simplesmente incrível" Ele pensou contendo um leve sorriso de satisfação no canto da boca até que sem ele prever, ele sentiu ela se aproximar bem perto dele.

— Ei?! Vegeta, certo?! — Bulma viu ele abrir os olhos a encarando. Ela estava envolvida com tantos afazeres de onde iria hospedar os Namekuseijins, até que as Esferas do Dragão pudessem ser usadas para reconstruir seu planeta, mas notava sempre que ia de um lado para o outro Vegeta parado ali, então resolveu logo conversar com ele.

Bulma o viu parado ali com um meio sorriso escondido e isso despertou sua curiosidade, e ao fixar seus olhos nos dele viu o tamanho que era os olhos negros que se fixava nela a fazendo engolir seco ao mesmo tempo tentando não perder o fio da meada de seus pensamentos interligados ponto a ponto.

Vegeta ao escutar aquela terráquea o chamando num rompante, o pegou desprevenido, isso não era comum para ele, de ser pego de guarda baixa, tentou disfarçar seus últimos pensamentos sobre a terráquea escondendo o pensamento que queria escapar num sorriso, sorriso esse que não era de alegria e sim de constatação de que estava gostando do que estava vendo, aquela terráquea que se virava permitindo ele ver os contornos perfeitos da raça dela. Mulher essa que não parava um minuto, até o momento em que ele conseguiu olhar nos olhos azuis dela.

Bulma sentiu aqueles dois olhos negros se prenderem no seu olhar a fazendo respirar mais fundo e engolir seco e o que ela ia dizer se perdeu naquele mesmo instante.

Vegeta desceu seu olhar percorrendo o corpo da terráquea, ele era extremamente observador e quando algo o interessava ele usava todos os seus dons e sentidos de Saiyajin no alvo de interesse, seja matando, dominando ou simplesmente conquistando. E seu alvo naquele momento tinha se tornado, a Bulma. E a vendo parada o olhando resolveu tomar a frente.

— Vai ficar parada me olhando até quando terráquea?

Bulma piscou algumas vezes, a voz imponente dele a fez recobrar a atenção a tirando daquele modo estático que nem sabia que havia entrado, até que a voz alta e forte daquele Saiyajin a trouxesse de volta.

— Eu?! Quer dizer, me chamo Bulma — Balançando a cabeça fazendo com que seus cabelos se encostassem em seu rosto a despertando dessa inércia e recobrou sua postura e respirou fundo voltando a se lembrar do porquê chamou ele. — Eu estou organizando onde todos irão ficar neste período de espera até que possa ser usada as esferas e você como os outros aqui também não tem onde ficar certo?

Vegeta desviou o olhar que tinha fixado nos dela e fingiu indiferença, pensando como aquela mulher vinha o questionando se ele tinha ou não onde ficar e ainda comparar a situação dele com os demais ali. Ele não era igual aqueles insetos aglomerados esperando a terráquea para guiá-los. Mas quando ele viu ela balançar aqueles cabelos espalhando o cheiro que vinha deles, um cheiro doce que invadiu em cheio o seu olfato sensível e apurado de Saiyajin e impregnou na sua garganta, fazendo ele sentir também o gosto, seria difícil não querer estar mais perto daquele cheiro que ele começou a apreciar.

— Ei Saiyajin! estou falando com você, poderia por favor, olhar para mim quando falo?

Vegeta percebeu seu tom impaciente e achou graça, resolveu ver até aonde ia aquela coragem doida de se dirigir a ele nesse tom, será que ela tinha se esquecido que ele era o príncipe de sua raça? Ele levemente balançou a cabeça e a encarou.

— Bom, agora que tenho sua atenção, bom... — Antes de prosseguir Bulma tentava não se perder naquele olhar que ao mesmo tempo que a atraia, parecia perigoso, então respirou fundo se concentrando e continuou — Não sei se você tem interesse de se abrigar em minha casa com os demais, apesar que já seu bem quais são seus planos, e já deixo claro que não gosto deles, mas nos últimos momentos em Namek, todos nós estávamos no mesmo barco e o negócio lá não estava bom para ninguém. Então, queria te convidar a ir com todos os demais para minha casa, mas se não quiser ao menos aceite um bom banho e comida, já providenciei tudo por lá e estão nos esperando. — Terminou com a voz mais baixa que a do início da sua fala, um pouco doce para falar a verdade, mas não se recriminou, ela estava ajudando todo mundo e não iria deixar que um Saiyajin, mesmo sendo tão diferente de Goku ficasse para trás.

Vegeta por sua vez continuou observando a terráquea falar e gesticular e percebeu a leve travada que ela deu ao engolir seco novamente, o encontro de seus olhos negros com os olhos azuis como o oceano, ele sabia que estava mexendo com as estruturas dessa mulher e estava adorando, ele não estava mais achando graça da coragem desmedida dela, ele achou lindo a maneira de como a humana falou com ele, a preocupação com seu bem estar e a liberdade que nem precisava ter que ela ofereceu de bom grado e principalmente da consciência de saber qual era seu principal objetivo neste planeta.

— E você acha coerente eu estar tão perto de tanta gente assim? Não tem medo? — Vegeta falou manso sem desviar um segundo do olhar da terráquea.

Bulma deu uma risada leve achando graça do questionamento.

— Você é que tem que se perguntar se você é civilizado o suficiente para estar tão perto dessas pessoas. — E foi chegando ainda mais perto ao ponto de sentir o calor que emanava do seu corpo. — E outra Saiyajin, eu estou te convidando para minha casa, então se resolver ir se comporte como um príncipe que você vive berrando aos quatro cantos que você é, pois, uma bela princesa mora lá. — E saiu dando risada se dirigindo ao grupo que a esperava ansiosamente.

Vegeta ao questionar a terráquea tentou implantar medo/dúvida no convite que ela tinha feito, mas não acreditou quando a moça lançou sua resposta sem ao menos pensar na possibilidade de alguém irritá-lo e ele mandar tudo para o espaço sem nem mesmo fazer muito esforço para isso. Ele ainda estava digerindo a empáfia da terráquea, quando a viu se aproximar e parar a um palmo dele, se ela tivesse a habilidade de sentir o ki, saberia que o seu tinha aumentado consideravelmente ao ponto de o calor emanar para fora de seu corpo, sem contar o cheiro doce dela que ainda estava impregnado em sua garganta. Quando pensou em responder, a terráquea simplesmente abriu um sorriso lindo para ele e se virou a caminho dos verdes que ali estavam esperando por ela. Ele ficou ali processando o que foi aquele momento que o fez não esboçar uma reação, simplesmente travou no sorriso da terráquea inconsequente.