Deixando-os para trás

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Juliette estava apreensiva, e tentava colocar sua mente em ordem antes de agir. Ela sempre procura o caminho da razão, observa tudo e a todos a sua volta antes de qualquer decisão. Arcrebiano estava se em pé próximo a janela, ele finalizava a ligação enquanto observava o movimento da cidade. Juliette não conseguia sentir mais segura ao seu lado e tão pouco sentia que poderia confiar em suas palavras.

Quando ele se virou, Juliette sentiu uma misteriosa e sombria sensação em seu semblante. Aquela ligação havia mexido com ele, ela pôde sentir. Seja lá quem estava do outro lado da linha tinha dito algo que o atingiu.

Juliette foi até ele, enquanto ele guardava o aparelho em um dos bolsos.

- Aconteceu alguma coisa grave? – Perguntou num manso, ao se aproximar dele.

- Nada que você mereça se preocupar. São só problemas do trabalho que não puderam esperar até amanhã para dá as caras. – Disse ele com a voz apertada.

Juliette o observou, mantendo o seu olhar fixado ao dele. Ela não tinha acreditado naquela desculpa esfarrapada que ele a tinha dado, até onde ele iria sustentar aquilo era o que ela se perguntava. Ele não conseguiu manter seu olhar sobre o dela, e foi o primeiro a desviar o olhar.

Arcrebiano voltou-se para a janela, fingia observar o movimento fora do apartamento.

- Preciso ir. – Disse ele numa voz mansa.

- Pensei que iriamos passar essa noite juntos.

- Eu iria adorar terminar o que começamos minutos atrás, mas eu preciso resolver esse problema ainda hoje. Eu sinto muito por não poder ficar. Acredite, se eu tivesse escolha, iria preferir mil vezes a sua companhia do que ter que gastar meu tempo com problemas de empresa. – Argumentou.

Juliette decidiu fingir que acreditava em suas palavras.

- Entendo meu amor. Sei como o trabalho pode arruinar nossos planos, mas espero que você me recompense por isso. – Disse ela, num tom meloso, o abraçando por trás.

Ele se virou, ficando assim de frente para ela, ainda mantendo o abraço.

- Claro que vou te recompensar, você merece o mundo. Estava desejando muito passar a noite com você, sinto falta de te ter nos meus braços. – Disse ele, dando um beijo na testa de Juliette. – Agora preciso ir. Vamos nos falando. Amo você.

Juliette o observou se afastar e esperou ele sair pela porta da frente, para só então correr para o seu quarto em busca da chave do seu carro. Ela havia deixado lá quando chegou na madrugada da delegacia.

Pegando o segundo elevador, correu para o carro, ao sair da garagem agradeceu por Arcrebiano ter estacionando o seu carro na rua e não no estacionamento do prédio.

Ao fluxo do trânsito estava tranquilo, o que permitiu que Juliette conseguisse avistar o carro de Arcrebiano um pouco mais a frente.

A advogada teve a cautela de deixar uma certa distância entre eles para que Arcrebiano não percebesse que estava sendo seguido. O fluxo de carros estava baixo, o que a obrigava a redobrar os cuidados para não ser vista por ele.

Alguns minutos depois Arcrebiano parou o seu carro em frente a uma agência bancária. Juliette ficou dentro de seu veículo esperando que ele retornasse, e, assim que ele novamente saiu, ela continuou a segui-lo cada vez mais intrigada com aquela situação.

Ele continuou o seu percurso, com Juliette o seguindo sem que ele notasse.

O caminho que eles estavam tomando não levava ao escritório da empresa da sua família, tão pouco a residência dos seus pais, Juliette pode concluir. Passados alguns minutos, Arcrebiano estacionou o seu carro em frente a uma residência, a qual Juliette não sabia a quem pertencia, pois ele nunca tinha levou-a aquele lugar.

Ela estacionou o seu carro em uma distância que pudesse observá-lo ao mesmo tempo que a permitia não ser descoberta.

Arcrebiano ficou alguns minutos dentro do carro, quando Juliette já estava ficando impaciente em querer saber o motivo dele estar ali, surgi uma mulher. Aparentemente a casa pertencia a ela, notando a sua presença, Arcrebiano salta do carro e se posiciona ao lado da porta do passageiro.

Quando ela fica ao seu lado, o cumprimenta com um abraço acompanhado com um longo beijo em seus lábios.

Juliette que observava a cena de dentro do seu carro, fica paralisada com o que vê.

Todas as suas suspeitas são concretizadas. O seu coração bate em disparada, os seus olhos começam a queimar com a ameaça de lágrimas. Ela aperta ainda mais suas mãos ao volante, tentando se controlar e manter a calma o suficiente para que junta-se energias para sair daquele choque.

A intimidade entre Arcrebiano e a mulher era visível pelo modo que se tocavam.

Juliette respirou fundo, limpando as lágrimas que teimavam em se derramar. Desafivelou o cinto de segurança. Descendo do carro, andou de forma determinada em direção ao casal que ainda se beijava de forma calorosa e envolvente.

- Espero que o problema no trabalho não seja maior que este que você acabou de arrumar. – Disse Juliette, com a voz firme ao se aproximar do casal.

Arcrebiano afastou a mulher num rompante, se assustando ao se dar conta da presença de Juliette.

- Eu. Eu. O que você está fazendo aqui? – Ele pergunta trêmula.

- Eu estava me fazendo a mesma pergunta. O que você estava fazendo aqui, aos braços de uma mulher, a qual não era eu, ao invés de estar resolvendo um suposto problema do seu, também suposto, trabalho. – Disse Juliette.

A mulher que estava ao seu lado o olhou de forma confusa.

Era uma linda mulher, com formas bem definidas. Seus cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo. Nariz fino, visivelmente passado por interferência estética, lábios volumosos. Emanava sexualidade e se comportava como alguém que tinha consciência disto.

- Você quer me explicar o que está acontecendo? – Pediu ela.

- Vamos, Arcrebiano. Também quero ouvir a sua explicação. – Disse Juliette.

- Ju, eu posso te explicar. Eu sei o que parece, mas não é bem assim.

- E o que parece?

- Ju eu te amo, foi um erro. Eu posso te explicar.

- Você o que, Bil? – Esbravejou a mulher.

Ele ficou sem saber a quem dar atenção, seu olhar ia da mulher para Juliette.

- Larissa, eu. Eu. – Ele tentava se justificar.

- Deixa eu simplificar para você. – Interrompeu Juliette. – A partir de hoje não existe mais nada entre nós. Não me procure, não venha atrás de mim. Esqueça que um dia eu fiz parte da sua vida. Eu ignorei todos os sinais, estive por muito tempo cega para as suas atitudes, ou falta dela. Mas isso acaba aqui. Mais cedo estava ao lado da sua mãe, a ouvindo falar sobre os planos para o nosso futuro, para o nosso casamento. E agora, encontro você aos beijos com outra. Nem ao menos foi homem o suficiente para assumir suas atitudes.

Se virando para a mulher, Juliette continuou.

- Se eu fosse você, também pularia fora das garras desse babaca.

Após terminar a frase, Juliette virou as costas para ambos e caminhou em direção ao seu carro. Deixando-os para trás. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora