Voz da razão

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• Perspectiva de Sarah

Sarah estava irritada por estar presa em uma sala só por agir contra um cara desprezível que a tocou sem seu consentimento. Ela havia tentado explicar, sem sucesso, os motivos de ter partido para cima do carro do cara com uma chave de roda. Ela sentia-se injustiçada por esta ali. Ela não tinha feito nada além do que defender sua honra. Não é porquê estava dançando desacompanhada em uma boate que isto daria o direito de qualquer babaca passar a mão nas suas partes íntimas sem o seu consentimento.

O seu amigo tentou a impedir, ser a voz da razão, mas no final acabou sendo colocado em uma sala com ela. Isso só fez com que sua fúria aumentasse. Eram dois inocentes privados de curtir a noite por conta de um grupo de babacas.

O álcool que ingeriram não estava facilitando em nada suas vidas, alterando seus ânimos.

- Desculpa por estragar a sua noite – Ela falou em um sussurro, já que o delegado ranzinza a repreendeu várias vezes quando ela tentada levantar a sua defesa e explicar o porquê não merecia estar ali.

Gilberto pegou sua mão, dando um aperto para reconforta-la e disse:

- Quem disse que você estragou? – Ele sorriu e deu uma piscada para ela.

- Estar nesta sala não estava em seus planos, eu aposto.

- Não estava, mas isto não quer dizer que nossa noite foi estragada. Garanto que você irá lembrar dessa noite para sempre, se não você, o delegado aí na frente. Garanto que não é todos os dias que ele registra uma ocorrência contra uma loira gostosa e  um viado maravilhoso como eu.

Sarah tenta segurar o riso.

- Só você para me fazer rir nesse momento.

Depois de muita insistência, finalmente o delegado deixa Gilberto fazer uma ligação. Ele não se demora muito, logo volta ocupar o seu lugar ao lado da amiga.

Quinze minutos se passaram desde que Gilberto fez a ligação, Sarah volta a ficar agitada. Sua paciência, a que já quase não existia, ainda  mais  aquela altura, estava se esvaindo.

Sarah tentava manter sua mente limpa da nuvem causada pelas bebidas, mas está pequena manobra estava sugando suas energias. Seu corpo também começou a trabalhar contra ela, a vontade de ir ao banheiro aumentava a cada segundo, dividindo sua concentração.

- Preciso ir ao banheiro – Informou ao delgado, que a ignorou.

Ela olhou para o seu amigo incrédula pela atitude do Homem. Aquilo não poderia estar acontecendo, pensou.

- Eu. Preciso. Ir. Ao. Banheiro. – Repetiu pausadamente.

O homem a estava ignorando deliberadamente, aquilo só fez com que sua raiva atingisse  um nível ainda mais elevado. Gilberto estava visivelmente bêbado, a bebida tinha alterado os ânimos dos dois. Enquanto Gilberto estava mais receptivo, Sarah se transformou em pura raiva pelo fato de estar sendo ignorada e se sentir injustiçada por estar ali não estava colaborando positivamente com a situação.

Quando estava preste a explodir de raiva, uma  morena entrou na sala ignorando a ela e ao seu amigo. Ela foi em direção ao delegado.

Sarah ficou paralisada com a beleza daquela mulher. Sentiu-se atraída por ela, enquanto a desconhecida falava com o delegado, Sarah não conseguiu deixar de imagina-la em seus braços.

A mulher pediu um minuto a sós com Gilberto e ela para o delegado, que prontamente concedeu o pedido.

Quando ela veio até o seu amigo, pôde observar com mais detalhe seus rosto e a forma do desenho da sua boca. E a ideia de unir seus lábios aos dela a enlouqueceu.

Sarah se perguntou como poderia sentir tudo isso em frações de segundos. Como poderia esquecer de tudo o que passou e se sentir atraída por aquela desconhecida. Ela não podia fazer aquilo novamente, não iria deixar que isso acontecesse.

A raiva que sentiu de si, por ter se sentido atraída por ela acabou sendo projetada quando falou com  Juliette. Assim que ela também a ignorou e se dirigiu apenas ao seu amigo.

Se não bastasse o delegado, agora está desconhecida. Usou esse sentimento de raiva por esta sendo ignorada por todos  para sufocar o interesse que sentiu por ela.

Ela tinha vindo para o Brasil em buscar de esquecer os priores momentos que passou por conta de um amor que acabou de forma trágica. Tinha estado no fundo do poço por muito tempo, e não queria correr o risco de voltar para lá novamente. Não daria espaço para que isso acontecesse.

Sarah não conseguiu se manter em silêncio, observar o movimento dos lábios de Juliette, a estava deixando agitada.

- quer me dizer onde ficou sua educação? – Sarah a interrompeu, a mulher. A inquietação que estava sentindo dentro de si a fez querer provocá-la.- Aposto que no berço, ou pior, deve ter nascido sem.

Isso fez com que Juliette a encarasse.

Sarah sentiu seu coração aumentar as batidas, a vontade de puxa-lá em um beijo voltou com forças. Ela precisava controlar esse sentimento. Quem era aquela mulher que estava provocando esse sentimento? Sarah se perguntava.

As provocações duraram até a volta do delegado.

Pela fisionomia da mulher, Sarah sabia que tinha conquistado o seu desprezo. E assim era melhor, não queria correr o risco de se aproximar daquela mulher que conseguiu fazer seu coração bater novamente, de forma tão louca, quando seu antigo amor. Amor esse que Sarah jurou ser o primeiro e último da sua vida.

E ela estava disposta a cumprir com essa promessa.

Depois de vinte minutos de conversa e negociações, a morena conseguiu que Sarah e Gilberto saísse da delegacia. Juliette tinha conseguido um acordo em que Sarah pagasse apenas pelo prejuízo que causou no automóvel, assim o homem não iria formalizar a queixa contra ela.

Sarah não achou justo aquele acordo, mas Gilberto a convenceu a aceitar.

Juliette ficou responsável por levá-los para o apartamento de Gilberto.

O clima no carro estava carregado pela tensão. Sarah tentando reprimir sua atração por Juliette, encontra partida Juliette tentava controlar a repulsa que sentia por Sarah.

O trajeto até o apartamento foi em total silêncio, até mesmo Gilberto sentiu que deveria se manter em silêncio.

Assim que o veículo estacionou em frente à entrada do prédio, Sarah saltou batendo a porta atrás de si e deixando os dois para trás. Não se atrevendo a olhar para trás para ver-la.

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora