· Perspectiva de Juliette
Tudo aquilo lhe parecia a maior loucura. Juliette tentava manter a calma com a interferência de Vitória em seus planos. Entendia que ela a queria ajudar, mas não era esse o caminho. Não queria ficar devendo nenhum favor a Rodolfo, tão pouco incluir ele e o irmão em sua viagem, ainda mais para perto da sua mãe.
Ela sabia que sua amiga só estava tentando fazer com que ela se sentisse bem, pensava que seu sofrimento era por conta do termino com Arcrebiano, e isso fazia com que Juliette ponderasse sobre suas atitudes.
Mas aquilo já estava passando do limite, pensou ela.
Ela queria aquelas pessoas longe da sua casa.
- Eu agradeço muito o convite, mas não poderei aceitar. E sinto muito se parecer grossa, mas não tenho como fazer sala para vocês. Muito obrigada pela visita e, principalmente, pela oferta. – Disse ela encarando Rodolfo.
- Entendo. – Disse Rodolfo.
- Ju, deixa de bobagem. Podemos estar perto da sua mãe em poucas horas, você disse que não tinha encontrado voo. Não precisa ter orgulho, amiga. – Insistiu Vitória.
- Não é orgulho, só não vejo a necessidade de incomodar o Rodolfo com algo desnecessário como fazer vocês se deslocarem de um estado para o outro por minha causa.
- Não é um incômodo, como a Vitória disse, eu mesmo que ofereci a ajuda. Para você, sou capaz de parar até o mundo se assim for o seu desejo. – Disse Rodolfo num tom aveludado.
Vitória ainda mantinha seus braços em volta do corpo de Juliette, em um abraço lateral.
- Ele é ou não um príncipe? – Sussurrou para Juliette.
Juliette ignorou o comentário da amiga, tudo o que achava dele naquele momento não se enquadrava em um príncipe.
· Perspectiva de Sarah
Sara tinha escutado os conselhos do seu amigo, e mais uma vez estava ali, na entrada do prédio de Juliette. Seu coração batia de forma descompassada, as lembranças dos acontecimentos da manhã voltaram como enxurradas a fazendo questionar se estava tomando a melhor decisão em voltar ali.
Reconheceu o concierge que lhe ajudou, ele permitiu que ela entrasse.
- Boa tarde! Eu sou a Sarah... – Começou.
- Eu lembro da senhora, que bom constatar que estar melhor. Deseja visitar a senhora Juliette, não é? – Perguntou num tom gentil.
Desde a primeira vez que foi aquele prédio, não entendia o poder que Gilberto tinha sobre os funcionários dali. Em nenhuma das vezes encontrou dificuldade para acessar o local, bastava menciona-lo que sua entrada era permitida sem precisar ser anunciada. Mas desta vez sua menção não foi necessária, o rapaz sabia muito bem quem ela era.
- Sim, desejo. – Disse num tom vacilante.
- Espero que faça uma boa visita. – Disse ele a guiando até a entrada do elevador e acionando o botão.
Sarah sentia que sua pulsação aumentava a cada andar que o elevador passava. O filme da desagradável surpresa que teve, a não muito tempo, voltava para atormenta-la.
Assim que a porta do elevador abriu no andar de Juliette, Sarah sentiu vontade de desistir. O medo tomava conta de todo o seu ser. Lembrou-se da conversa que teve com Gilberto, precisava fazer aquilo. E assim saiu do elevador indo em direção a porta de entrada do apartamento de Juliette.
· Perspectiva de Juliette
- Eu agradeço a gentileza, mas mais uma vez irei recusar. – Olhando para Vitória ela continuou. – Não que ache uma má ideia você ir conhecer a minha mãe, mas eu preciso fazer essa viagem sozinha. Preciso me dá esse tempo. Sei que vocês tiveram a melhor das intenções, mas eu agradeço.
Assim que terminou de falar a campainha tocou.
Juliette já estava a ponto de colocar todos para fora a base de gritos, e o fato de não saber quem poderia estar na porta a deixou ainda mais irritada. Ela só queria um pouco de paz, e acabará tendo sua casa invadida por pessoas que desejava que não estivesse ali.
Se desvencilhando de Vitória ela foi até a portada atender ao toque da campainha.
Ao abri-la se deparou com Sarah parada em sua porta.
Sentiu uma corrente elétrica percorrer por todo o corpo, sua respiração ficando pesada. Por mais que tivesse decidido se afastar dela, vê-la ali parada em sua porta a deixou feliz. Não era somente desejo, Sarah a fazia se sentir bem e completa. A vontade de fugir para outro estado tinha se dissipado por completo junto com a sua escolha de deixá-la fora da sua vida.
- Posso voltar outra hora. – Disse ela encarando os visitantes indesejados de Juliette.
- Não, não vá. Eles já estão de saída. – Disse Juliette tentando disfarçar o desespero que sentiu com a possibilidade dela ir embora.
Juliette não se importou de parecer grossa diante de Vitória e seus companheiros. A única coisa que importava para ela, era o fato de Sarah ter a procurado. Por mais que ainda estivesse magoada por ela não ter aparecido e por provavelmente está se relacionando com outra mulher, o fato dela estar ali, em sua porta deixava tudo aquilo em segundo plano.
- Entre, por favor. – Pediu Juliette num sussurro.
Sarah respondeu ao seu pedido, e mesmo demonstrando certo receio entrou.
Mesmo após sua entrada, Juliette permaneceu com a porta aberta. Queria que todos, exceto Sarah, fossem embora.
-Obrigada por terem vindo, mas se me dão licença. – Juliette se virou para os demais, tentando soar razoavelmente gentil.
- Pensei que seu plano era ir visitar a sua mãe. – Disse Vitória, num tom penetrante. – Se tinha planos de sair com sua nova amiguinha, não precisava usar ela como desculpas.
- Vitória! – Alertou Juliette. – Você me conhece o bastante para saber que não sou mulher de desculpas, mas agora realmente preciso ficar só. Podemos nos falar depois.
- Só? Ou com sua nova amiguinha? – Disse ela, se sentindo ultrajada.
- Preciso ficar a sós com Sarah. – Se corrigiu. – Muito obrigada por ter vindo, e principalmente por terem cuidado de mim. – Olhando para Rodolfo continuou. – Sei que ofereceu de bom grado, e volto a agradecer. Peço desculpas, mas realmente preciso que vocês saiam.
Vitória foi a primeira a sair batendo o pé, nem ao menos se despediu. Fazendo um breve aceno com a cabeça, Bruno foi o segundo a se retirar.
Rodolfo se aproximou de Juliette, pegando uma das suas mãos disse.
- Como lhe disse, qualquer coisa que você precisar estarei aqui. Não importa a onde ou o quer, saiba que sempre estarei disposto para você.
Juliette não sabia o que fazer, se puxada a mão para si, se olhava para ele ou para Sarah que presenciava tudo aquilo.
Optou pela primeira opção.
- Obrigada. – Se resignou a responder.
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Amor e Ódio
Fiksi PenggemarAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...