Slow

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· Perspectiva de Sarah.

Ao voltar para o apartamento de Gilberto, Sarah sentia sua cabeça martelando tão intensamente que seu coração parecia estar martelando lá dentro. Podia sentir também seus olhos queimando com as lágrimas que ameaçavam jorrar novamente.

Depois de descobrir que sua mãe, se assim ela ainda pudesse vê-la, estava por trás dos envios das encomendas e escondido coisas ainda mais relevantes para a sua vida, Sarah sentiu que precisava manter um pouco de distancia para digerir tudo o que tinha acabado de descobrir. Ela não queria confrontar sua mãe sem antes entender realmente o peso de tudo aquilo.

Então ela decidiu que irá passar no apartamento para pegar algumas roupas antes de Juliette e ela irem para o apartamento dela.

Juliette tinha se oferecido para buscar as suas roupas, sem que ela precisasse ir até lá, mas Sarah se recusou. Mesmo sabendo que correria o risco de encontrar com a mulher que dizia ser sua mãe, ela preferiu ir juntamente com Juliette.

- Eu só preciso de cinco minutos para arrumar as minhas coisas. – Disse para Juliette assim que passaram pela porta do quarto.

- Tudo bem, não tem pressa. – Juliette disse num quase sussurro.

Sarah pegou o notebook o jogando em cima da cama, em seguida pegou a mala a abrindo sobre a cama e colocando nem um compartimento. Em seguida se encaminhou para o closet voltando de lá abraçada com uma pilha de roupas as jogando dentro da mala.

- Posso te ajudar em algo? – Perguntou Juliette. Agora sentada na cadeira em frente a escrivaninhas.

Sarah olhou em sua direção, identificando em seu olhar o quanto ela também estava abalada com as últimas descoberta.

- Não precisa, só mais cinco minutos e estaremos prontas para ir.

Juliette apenas assentiu.

Quando Sarah voltava com mais uma pilha notou a presença da sua mãe na soleira da porta do seu quarto.

Sarah sentiu o amor por sua mãe ser transformado em raiva ao se lembrar das mentiras que ela transformou a sua vida e do que ela foi capaz de fazer mesmo sabendo que suas atitudes poderiam afetá-la negativamente.

- O que você está fazendo? – Perguntou Maaba.

- Estou indo para o apartamento de Juliette. – Sarah conseguiu responder mantendo sua voz controlada. Mas manteve-se de costas para a sua mãe, ainda não estava preparada para encara-la.

- Como assim indo para a casa de Juliette? – A voz de Maaba soou urgente.

Sarah a ignorou e voltou para o closet, trazendo de lá alguns sapatos.

Tentou concentrar sua atenção na bagunça em cima da sua cama, tentando organizar sua mala ignorando a presença de Maaba.

- Vocês decidiram morarem juntas antes do casamento? Não acha muito cedo para isso? – Maaba disse ainda da porta. – Se bem que vocês poderiam voltar para Los Angeles. Está pensando em fazer a cerimônia lá. Como estarei voltando depois do final de semana, pensei em procurar por algum lugar legal para vocês. Assim quando vocês irem já estar tudo pronto.

Maaba falava de forma desenfreada.

Sarah continuou a ignorando, assim como Juliette.

- Vocês poderiam morar comigo enquanto procuram por uma casa para vocês. Acredito que você não irá querer levá-la para aquela casa que você morou com aquela mulherzinha.

Foi neste momento que Sarah sentiu seu sangue ferver.

Ela desejava sair dali sem brigas, esfriar a cabeça e só então confrontar a sua mãe. Mas ao ouvi-la falando daquela forma sobre Joey e fingir real interesse em sua felicidade foi a gota d'água para Sarah.

- Mãe, para! – Sarah não conseguiu conter a sua raiva. – Só por um minuto cala a merda dessa boca.

- Sarah Andrade, quem você pensa que é para falar assim com a sua mãe?

- Você realmente deseja obter a resposta? - Sarah deu um sorriso de canto de boca, demonstrando seu desprezo.

- Eu... Eu. – Maaba gaguejou.

- Foi o que pensei. – Sarah voltou sua atenção para a mala, a fechando e colocando no chão para poder puxada.

- Filha, o que está realmente acontecendo com você. – Maaba deu um passo em sua direção. – Porque está falando dessa forma comigo?

Sua voz soando chorosa.

- Vamos. – Disse olhando para Juliette, que se levantou e foi para o seu lado. – Estamos indo para o apartamento de Juliette, aproveite a estadia aqui, mamãe.

- Filha, você não pode sair assim. Não pode ir sem me explicar o que está acontecendo com você para que você saia desta forma. – Maaba alternava o olhar entre a mala, Sarah e Juliette. – Eu estou começando a ficar preocupada.

- Preocupada? – A voz de Juliette surpreendeu tanto Maaba quanto Sarah.

- Sim, estou ficando preocupada com essa atitude sem cabimento da minha filha. – Maaba respondeu após se recuperar da surpresa.

- Sem cabimento. – Repetiu Juliette de forma desdenhosa.

Sarah se manteve calada, tinha medo de falar e acabar deixando toda a sua raiva sair ao abrir a boca. Ela lutava para não jogar tudo o que tinha acabado de descobrir sobre a quela mulher para fora, ali mesmo, de forma raivosa e sem ponderação.

- Você pode me explicar o que está acontecendo Sarah? – Maaba a encarou, ignorando Juliette. – Como sua mãe, eu exijo que você me explique o que está acontecendo. Do que se trata tudo isso. Você não pode simplesmente fazer suas malas e ir para a casa da sua namoradinha sem me dizer o que está acontecendo. Já basta ter vindo para esse país sem meu consentimento...

- Se eu fosse você tomaria cuidado com o que fala. – Juliette a interrompeu. – Não sou a namoradinha dela, mas sim sua noiva e futura mulher. E para sermos sinceras aqui, ela não te deve nenhuma explicação. Como ela disse, estamos de saída.

Sarah sentiu os dedos de Juliette se entrelaçarem aos seus.

- Quem você pensa que é para falar assim comigo? Eu sou a mãe dela, é claro que ela me deve explicações. – A veia na testa de Maaba pulsava. – Sarah Andrade, você não irá a lugar nenhum antes de me explicar o que estar acontecendo. E não irei permitir que essa garota fale dessa maneira comigo, você irá deixa-la falar dessa forma com sua mãe?

- Eu irei a onde eu quiser. – Sarah sentiu como se sua garganta estivesse infestada de espinhos ao falar.

- Você só pode estar enfeitiçada novamente, só pode estar cega por conta de um rabo de saia ao deixa-la me tratar dessa maneira e não fazer nada. – Maaba esbravejava. – Como pode fazer isso com a sua própria mãe? Ela vai te fazer o mesmo que a outra.

Sarah levou alguns segundos para assimilar o que tinha acabado de acontecer.

Primeiro ouviu o barulho de uma mão se chocando fortemente com algo, o choque foi da mão de Juliette ao rosto de sua mãe, depois viu Maaba levar a própria mão ao rosto onde segundos antes Juliette tinha deferido o tapa. Tudo pareceu ter acontecido em slow. A choque e horror nas feições de Maaba, a raiva estampada no rosto de Juliette e a surpresa em seu próprio rosto. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora