Amor e Ódio

Tic tac

· Perspectiva de Juliette

Assim que viu Sarah lhe dar as costas para ir em direção a mãe, Juliette começou o seu trabalho. Primeiro ligou para um amigo de confiança investigador civil, lhe contou tudo o que a Sarah lhe passou sobre a primeira encomenda que recebeu, e detalhes sobre a segunda não esquecendo de mencionar o bilhete deixado com ela. Ouviu os conselhos do amigo e como deveriam agir. Ele por sua vez lhe indicou alguém capaz de encontrar as pistas que ela desejava.

- Você precisa pergunta-la se tem certeza que deseja abrir um B.O. – Alertou ele. – Antes de saber quem realmente está enviando esses pacotes.

- E por qual motivo? – Quis saber Juliette.

- O fato dela não está no país de origem para começar a receber essas ameaças me deixou com uma pulga atrás da orelha. E como você disse, o bilhete estava em português. O que leva a mais um denominador comum, a pessoa sabe onde ela está, usou a língua mãe dela para mandar recado. Isso não vem de alguém desconhecido, a pessoa a conhece muito bem, ou tem alguém passando informações importantes. Alguém do ciclo dela. O que leva a pergunta: Ela irá querer envolver a polícia nisto sabendo que pode ser alguém próximo a ela o responsável?

Juliette permaneceu alguns segundos em silêncios.

- Nossa! – Disse soltando o ar.

- Pois é. Fora que ela terá que informar também as autoridades dos Estado Unidos, por só estar passando um tempo aqui e ter moradia fixa lá. Podemos investigar primeiro, e só depois decidir se levará ou não para a justiça.

- Irei repassar tudo isso para ela. Espero que não a afete tanto, mas obrigada. Entrarei em contato com a pessoa que você me indicou. Ele realmente é de confiança?

- Pode apostar nisso.

Depois de conversar um pouco mais com seu amigo, Juliette finalizou a chamada e esperou por Sarah na sala. Aproveitou para revisar o contrato do acordo que Gilberto iria fechar logo mais. Não queria forçar simpatia para a mãe dela, sentiu que ela não tinha a recebido de braços abertos, então resolveu dar espaço para mãe e filha.

Ao revisar o contrato, mesmo não gostando de não constar o nome do outro sócio, esse não era o que a tinha deixado sobre alerta em relação aquele empreendimento. As clausuras deixavam algumas coisas subentendidas, podendo trazer problemas futuros, ou não. Ela já tinha alertado o Gilberto sobre isso, mas ele pareceu não dar muita importância.

Ela nunca o tinha visto tão displicente com seus negócios quanto estava com este.

- Oi, princesa. – Disse Sarah ao se aproximar.

Juliette não tinha notado sua presença, até sentir o calor dos seu braços.

- Oi. – Respondeu sem jeito, com o olhar procurou a mãe de Sarah, verificando se la tinha voltado para a sala com a filha.

- Conseguir amansar a fera. – Disse num tom suave. – Minha mãe quando quer, consegue ser bastante dramática. – Rindo continuou. – Tive a quem puxar.

- Então quer dizer que você é dramática? – Juliette se virou para encara-la.

- Você não imagina o quanto. – Fez beicinho.

Juliette roubou um selinho dela e voltou a olhar em direção ao corredor.

- Ela não foi com a minha cara, não é?

- Quem? Minha mãe?

- Não, menina. Elba Ramalho. – Juliette aperou os olhos. - Claro que sua mãe.

- Ela gostou de você, por acha que não?

- Não sei, foi a impressão que tive.

- Não fica pensando nisto. Minha mãe gosta de fazer um drama, de agir como se eu não ligasse para ela. – Levando a mão até a lateral do rosto de Juliette. – Ela seria louca de não gostar daquela que estar fazendo sua filha voltar a amar a vida.

- Você é uma boba.

- Boba por você.

Neste momento a mãe de Sarah retornou a sala.

- Meninas! – Disse chamando atenção das duas. – Que tal almoçarmos juntas para comemorar a minha chegada e a felicidade que minha filha está sentindo.

Juliette e Sarah se entreolharam.

- Seria maravilhoso, mas logo mais ela iria para uma reunião. Mas podemos transformar esse almoço em um jantar, o que acham?

- Por mim, tudo bem. Ficarei amis do que feliz. – Disse Juliette num tom gentil.

- Formidável. Então iremos jantar. – Disse a mais velha.

Juliette ficou observando mãe e filha conversar, volta e meia Sarah fazia questão de fazer com que ela também participasse da conversando, trazendo assuntos que ela pudesse interagir.

Um pouco antes do almoço, Juliette se despediu de Sarah. Iria para reunião com Gilberto, por estar em seu apartamento iria pegar carona com ele.

Aproveitando o minuto a sós com Sarah, disse:

- Eu não toquei no assunto na frente da sua mãe, pois percebi que você não queria que ela soubesse. Conseguir falar com o meu amigo. Ele me passou alguns detalhes que eu não tinha me dado conta antes, assim que tiver um tempo irei repassar tudo para você. Só peço que se mantenha tranquila e não esqueça que eu estarei aqui com você.

- E eu sou grata por ter você.

Antes que pudesse falar mais alguma coisa, Maaba voltou a aparecer acompanhada por Gilberto.

- Chegou a hora. Está pronta? – Perguntou Gilberto.

Então depois de uma rápida troca de gentilezas eles partiram.

A reunião seria em um restaurante, o que sinalizava que a outra pessoa era alguém de confiança de Gilberto para ele marcar naquele horário e local, o que não passou despercebido por Juliette.

O restaurante escolhido por Gilberto, especializado em carnes, chamado Fava, inspirado nas casas Argentinas de carnes sendo um dos restaurantes com preços mais elevados da região. Na entrada do restaurante, foi construída uma réplica de uma das casas, cartão postal da Isla San Martin, eram construções primitivas que foram encontradas pelos espanhóis, na época da colonização.

Entraram no restaurante, Gilberto não esperou que o metre o indicasse a mesa, ele pareceu saber muito bem onde ir. Juliette o acompanhou.

Ao se aproximar encontrou dois homens sentados nela, e para a sua surpresa um deles lhe era familiar. Os dois se levantaram ao mesmo tempo para recebe-los.

- Rodolfo!

- Tic tac, quanto tempo não nos vemos. – Disse Rodolfo, dando um sorriso de canto de boca.

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Só observo esses tais "desafios" de vocês. 

Um beijo e queijos, procês. 

Até breve!