O restante do dia foi mais tranquilo, depois de conversar um pouco mais com sua mãe, Sarah conseguiu fazer com que sua decepção se dissipa-se um pouco.
Em um momento de pouca fé em sua mãe, Sarah questionou a veracidade das suas últimas palavras. Pensou se realmente ela estava sendo sincera ao dizer que se arrependia do que tinha feito, ou só se desculpou porque a tinha dado um ultimato. Mas logo se arrependeu do pensamento. Queria acreditar que a mãe realmente estava arrependida dos seus atos, e assim poder de uma vez por todas deixar os acontecimentos para trás.
Ela passou todo o dia pensando em muitas coisas. Coisas essas, que não trazia nada de concreto. Afinal de contas, tudo dizia a seu respeito, era difícil entendimento.
Algum tempo mais tarde, quando o sol já ameaçava começar sua descida até o mar, por onde permaneceria escondido até a que a manhã chegasse, Sarah havia acabado de sair do prédio onde já estava considerando o seu lar e indo ao encontro de Juliette em seu trabalho. A vontade de vê-la o quanto antes fez com que Sarah antecipasse o encontro daquela noite, ao invés de encontra-la em seu apartamento decidiu que seria melhor ir buscá-la no trabalho e talvez de lá fazer alguma programação antes de voltarem para o seu apartamento. Mesmo sendo o melhor da semana, julgou ser uma ótima ideia.
O taxi não demorou a estacionar em frente ao prédio que guardava a sede da Vigor.
Ao descer do carro olhou para o céu que já começava a ficar amarelado, quase laranja. Sarah concluiu que já deveria ser quase dezoito horas. Esperava que não tivesse chegado cedo demais, ou tarde demais, para fazer uma surpresa a Juliette. Não tinha avisado que a encontraria ali. Quando ponderava se teria sido uma boa ideia ir sem avisar, Sarah a avistou saindo do prédio da sede Vigor na companhia de uma mulher.
A mão da mulher estava na base da coluna de Juliette, como se estivesse a conduzindo. Juliette estava sorrindo enquanto a mulher estava lhe dizendo algo.
Sarah ficou em choque, não conseguindo se mexer nem desviar os olhos da cena que presenciava. Ficando paralisada no meio da calçada, sentindo uma pontada no coração.
A intimidade que a mulher tocava Juliette a deixou fervendo de ciúmes, a intensidade do seu sentimento pareceu se solidificar e atingir Juliette. Ela olhou para o lado e, quando avistou Sarah, falou algo com a mulher que por sua vez também olhou em sua direção. A mulher retirou a mão de Juliette enquanto caminhavam em direção a ela.
- Que surpresa maravilhosa! – Exclamou Juliette dando um beijo na lateral do seu rosto.
O breve contato foi capaz de provocar um incêndio em Sarah, precisou muito esforço para que ela não agarrasse Juliette ali mesmo, no meio da calçada e na frente de todos. Principalmente daquela estranha. Mesmo que seu ato parecesse apenas que quisesse marcar território, mas ela se conteve e apenas sorriu em resposta.
- Pensei que iriamos nos encontrar em meu apartamento, mas que bom que veio até aqui. – Continuou Juliette.
- Pensei em te buscar e irmos a algum lugar legal tomar uma bebida antes de irmos para o seu apartamento. Sei que é o meio da semana, mas acho que poderíamos fazer isso depois dos últimos dias.
- Estávamos falando sobre isto a poucos minutos atras, com o dia foi extremamente estressante que tivemos merecíamos de umas bebidas. Mas essa garota aqui estava com pressa de ir para casa, agora entendo o motivo. – Disse a morena.
– Ah! Essa é a Viviane Queiroz, uma amiga de trabalho. – Disse Juliette encarando Sarah um pouco sem jeito, virando para encarar a morena ao seu lado, ela continuou com as apresentações. – E essa é a Sarah Andrade, minha namorada.
Juliette se pós do lado de Sarah, segurando a sua mão. Sarah sentiu orgulho por ser apresentada como sua namorada.
O prazer que ela sentiu com as palavras de Juliette foi capaz de minar um pouco do ciúme que sentiu ao vê-la na companhia de outra mulher. Mas não o suficiente, pois Sarah conseguiu alcançar uma fagulha no olhar daquela mulher, mesmo não sabendo ao certo o que aquilo representava. Seu instinto lhe dizia para ficar de olhos abertos com aquela mulher.
- Prazer. – Estendeu a mão livre na direção da mulher.
- A Ju não parou de falar sobre você quando sairmos para almoçar mais cedo. - Apertou sua mão de forma demorada. - Que bom dar uma cara ao nome. – Sorriu.
- Espero que coisas boas. – Sarah encarou Juliette de forma provocativa.
- Ao contrário, coisas terríveis. – Disse Juliette mordendo o lábio inferior.
- É mesmo? Gostaria de saber quais são essas coisas terríveis. – Sarah arqueou a sobrancelha.
- Confie em mim, você não vai querer saber sobre as coisas terríveis que ando espalhando por aí sobre você.
- Hã-hã. – Viviane pigarreou, chamando a atenção das duas. – Você é uma mulher de sorte, a Juliette é uma pessoa incrível.
- Sim, e como sou.
- Então, desse jeito vou ficar sem graça. – Disse uma Juliette corada. – Então já que estamos as três aqui paradas podemos começar a nos movimentar e procurar algum lugar legal para algumas bebidas, o que acham?
- Por mim tudo bem. – Disse Viviane animada. – Podemos ir naquele barzinho da esquina.
- Ótimo! – Concordou Juliette. – Você vai adorar, tem vários petiscos e o ambiente é muito legal. O pessoal do escritório costuma se encontrarem lá.
Juliette abriu um enorme sorriso para Sarah, que não conseguiu resistir a ele. Mesmo ela querendo voltar atrás no que tinha dito sobre elas irem para algum lugar antes de irem para o apartamento de Juliette, pois agora Juliette tinha estendido o convite para a outra mulher. Ela não conseguiu negar aquela saída depois de ver que Juliette parecia tão empolgada com a ideia.
Engolindo o descontentamento que sentia naquele momento, Sarah forçou um sorriso nas palavras ao dizer.
- Me parece uma ótima ideia. – Disse.
Juliette entrelaçou a mão na sua e assim elas caminharam de mãos dadas até o estabelecimento acompanhadas por sua colega de trabalho.
O bar ficava na esquina de duas ruazinhas, suas paredes decoradas com grafite. Era o tipo de lugar que simplesmente fazia acreditar que não passava de um grande galpão abandonado. A não ser pelo barulho da música que vinha de dentro e o movimento de algumas pessoas entrando e saindo dele.
Lá dentro a história era bem diferente. Havia velhos filmes em preto e branco projetados na parede. Luzes coloridas conferiam ao bar uma atmosfera retrô. Em uma das paredes continha um telefone público, apelidado pelos brasileiros de orelhão, um símbolo dos anos setenta.
Apesar de ser meio da semana, o bar estava movimentado.
Escolheram uma mesa em um dos cantos mais sossegado, onde pudessem conversar sem precisar se preocupar com os outros clientes. Viviane se antecipou fazendo o primeiro pedido pelas três assim que um garçom se aproximou de onde elas estavam acomodadas, o que não demorou a chegar.
- A os encontros não programados no final de um dia de trabalho nada agradável. – Viviane propôs um brinde levantando a caneca de cerveja.
![](https://img.wattpad.com/cover/259852605-288-k826140.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor e Ódio
Fiksi PenggemarAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...