· Perspectiva de JulietteA noite ao lado de Sarah tinha sido uma das melhores na vida de Juliette. Tanto no âmbito de romance quanto no cunho sexual. Suas expectativas para aquela noite não chegaram nem perto, e ela agradeceu por isso.
Elas estavam em sincronia, como se conhecessem a anos, Juliette sentiu-se confortável ao seu lado. Sentiu como se fosse alguém realmente desejável, como nunca tinha sentido antes. Mas algo mudou em Sarah depois do pesadelo, Juliette sentiu que não tinha sido algo simples, que por trás daquele sonho algo estava a perturbando. Então decidiu que deveria ir embora depois do café, pois sentiu que Sarah precisava de um tempo para lidar com os demônios que a assombrava. E por mais que as duas tenha criado algo magico nas ultimas hora, não era o suficiente para Juliette se tornar sua confidente e porto seguro.
Por mais que desejasse ficar e prolongar a sensação que a noite de amor a tinha causado, Juliette foi para seu apartamento.
O caminho de volta foi repleto de flashes dos momentos com Sarah.
Ela estava encantada por realmente conhecer aquela mulher, pelo menos um pouco mais. O bastante para mudar sua visão totalmente sobre ela. Sarah tinha se mostrado uma pessoa atenciosa e romântica. A delicadeza com que tratou Juliette na hora do sexo não deixou de ser apreciada. Ela a primeira vez que Juliette sentia-se valorizada.
Seis anos ao lado de Arcrebiano não chegava aos pés das poucas horas que teve ao lado de Sarah. Ela desejava por mais momentos como esses. Sarah tinha sido uma surpresa em sua vida, tanto pelo fato de ver-se atraída por uma mulher, tanto quanto pela forma que se sentia ao estar ao lado dela.
Ao chegar em seu andar se deparou com uma presença indesejada parada em frente a sua porta. Seu corpo se retraiu, e a vontade de dá meia voltar e o ignorar gritava alto em sua cabeça, mas ela ficou parada o encarando.
Ela tinha esquecido de avisar na portaria que a entrada dele ali não era mais livre.
- O que você está fazendo aqui? – Disse ela, encarando Arcrebiano com um olhar predatório.
- Você não dormiu em casa. – Afirmou ele sustentando o olhar de Juliette.
Juliette franziu a testa se perguntando como ela sabia que ela tinha passado a noite fora. Ela ficou em dúvida se voltava para o elevador, se ficava ali mesmo no hall ou se entrava em seu apartamento. Ela optou pela última opção, passando por ele abriu a porta. Arcrebiano entrou logo depois.
- O que você veio fazer aqui? – Perguntou Juliette virando para o encarar. Ela manteve os braços cruzados a frente do seu peito.
- Você dormiu com outro cara? – Perguntou Arcrebiano com a voz rude.
Juliette deu um passo para trás, por instinto de segurança. Mas por mais que Arcrebiano estivesse visivelmente alterado, ela sabia que ele não seria capaz de machuca-la fisicamente.
Ele encarava esperando a resposta, seus olhos presos aos dela.
- O que você está fazendo aqui. – Perguntou mais uma vez.
- Caramba! Você está com outro, não é? Você terminou comigo porquê queria ficar com ele. Me diz quem é ele. – Berrou Arcrebiano.
Juliette não conseguiu controlar a raiva dentro de si. Ela não conseguiu acreditar no absurdo que acabará de escutar.
- Você deve me achar a pessoa mais idiota da face da Terra, não é possível. Você me trai, me faz de besta e ainda tem a coragem de vim em minha casa me acusar de coisas que foi você quem cometeu? – Disse Juliette dando um sorriso de canto de boca. – Você realmente acredita nessa palhaçada que acabou de me acusar?
- Você dormiu com ele, eu sei que dormiu. Já que você não me atendia resolvi te dar um tempo para se acalma e esfriar a cabeça, então ontem resolvi vim te fazer uma surpresa e quem foi surpreendido foi eu. Fui informado pelo porteiro que você tinha saído, voltei aqui a meia noite e você ainda não tinha chegado. Quando voltei agora pela manhã, adivinhe só, você também não estava. Ou seja, você dormiu fora, com outro cara. – Disse Arcrebiano num tom exasperado.
- Você não tem o direito de ficar irritado com nada referente a mim. Se eu saio, ou deixo de sair não te interessa. Muito menos se eu estou ou não com outro alguém. Essa foi a primeira e ultima vez que você vem até a minha casa alterado para me cobrar satisfações. Quando eu estive ao seu lado, nunca lhe faltei com o respeito. O que não pode ser dito o mesmo sobre você. Então não venha com esse ego ferido, dando um de macho alfa para o meu lado.
- Eu te amo, eu só quero te ter de volta... – Arcrebiano foi interrompido por ela.
- Me ama? – Juliette se aproximou da porta, dando um meio sorriso e continuou. – Você tem coragem de dizer que me ama depois que te peguei me traindo? Você testa a minha paciência e minha inteligência. Não pense que naquela noite não sentir vontade de partir para cima de você e quebrar a sua cara, pois era o que você merecia. Não me tome por idiota, só porque não fiz um escândalo naquela noite não pense que irei acreditar em suas mentiras novamente. Eu sou melhor do que aquela cena deprimente, eu mereço algo melhor do que ter você ao meu lado. Me contentei com pouco por muito tempo, mas isso acabou.
- Eu sei que você merece muito mais, eu sei que fiz merda, mas eu amo você. Você precisa acreditar em mim. Foi apenas um deslize. Você é a mulher da minha vida, quem eu escolhi para construir uma família. Não deixe que uma noite de escolha precipitada acabe com o nosso futuro. Quem nunca errou? Você não pode nos condenar por um único erro.
- Se você realmente me visse deste modo não teria me traído, teria me tratado com mais importância e valorizado a minha companhia. Agora é muito fácil você vim aqui me dizer essas coisas, mas o difícil foi prová-las com atitudes. Ou melhor, você conseguiu provar sim, mas o contrário. Suas atitudes mostraram que nunca me amou, que para você eu não passava de alguém para preencher sua vida em momentos em que você estivesse entediado ou quisesse mostrar aos seus pais que era alguém responsável e que pensava no futuro, fazer seu papel de bom moço e bom filho. Mas agora você procure outra idiota para ocupar o meu papel nessa farsa. – Juliette abriu a porta. – Se me der licença.
Ela permaneceu encostada na porta aberta aguardando que ele saísse por ela, mas ele continuou parada a encarando.
- Preciso que você vá embora. – Disse impaciente.
- Você não estar pensando direito, você está sendo movida pela raiva. Não está conseguindo enxergar as coisas como elas realmente são. Você diz como parecesse que te usei e somente isso. Você sabe muito bem que não é por aí, eu nunca seria capaz de fazer tal coisa contigo. Eu errei em te trair, uma única vez, mas errei. Mas daí me dizer que só te usei, isso é um absurdo. Você sabe disso. – Disse Arcrebiano se aproximando de Juliette.
Esticando um braço, ela o impediu que se aproximasse ainda mais.
- Não gaste o seu latim. Sabemos que eu não mentir em nada do que disse. Por muito tempo acreditei em suas palavras, em suas mentiras. Acreditei que poderia realmente existir amor entre nós, mas eu estava apenas me enganando. Não querendo ver o que nossa relação tinha se tornado. Eu falei com você que seria a última tentativa para fazer dar certo, não imaginando que naquele momento já estava acabado para nós dois. Mas nada melhor do que um choque de realidade, não é? Não temos mais nada há dizer um para o outro, então por favor, vá embora. – Juliette apontou para a saída.
Desta vez Arcrebiano fez o que ela pediu, mas ao passar pela porta parou.
- É um erro acabar assim. – Disse ele em voz baixa.
- Foi um erro não ter acabado antes. – Disse Juliette fechando a porta na cara de Arcrebiano.
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Amor e Ódio
FanfictionAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...