Você pode falar agora?

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· Perspectiva de Sarah

Após o passei turístico na companhia da mãe, sua mãe a fez entrar em diversas lojas, sempre pedindo sua opinião para qualquer item que ela julgasse perfeito. O que a deixou sem tempo livre para tentar entrar em contato com Juliette, pelo horário sabia que sua reunião já tinha encerrado, mas ainda não tinham se falado. Mas sempre que pensava em pegar o celular por um instante sua mãe pedia por sua atenção. Deram fim a maratona de comprar já no final da tarde, o que daria pouco tempo de descanso antes do jantar.

Foi só então que se deu conta de que não tinha discutido com a mãe, tão pouco com a Juliette, onde iram jantar.

Sarah acompanhava sua mãe até o quarto onde ela estava hospedada.

- Acredito que não irá desejar jantar fora, não depois disso tudo. – Levantou as sacolas que segurava, enquanto a sua mãe colocava as delas em cima da cama. – Pensei em pedir algo, assim podemos descansar um pouco mais e também tornar o jantar algo mais íntimo e menos formal.

Maaba se virou para encara-la.

- Na verdade, pensei em remarcar. – Ela sentou-se na ponta da cama. – Estou um pouco cansada, acho que exageramos demais no passeio.

Sarah se encostou no batente da porta.

- Mãe, já combinamos de jantarmos. É só não sairmos que fica mais leve, e de qualquer forma temos que comer algo, não é?

- Sim, temos. Mas estou me referindo a jantar com a sua namorada. Podemos deixar para uma outra hora. Assim estarei descansada e poderei dar a atenção que ela merece receber. – Argumentou Maaba.

- Então trate de se descansar, porque ela virá jantar conosco essa noite. – Sarah deu as costa para a mãe não esperando por sua resposta e foi para o seu próprio quarto.

Assim que chegou em seu quarto, Sarah deixou as sacolas caírem ao lado da cama e começou uma busca em sua bolsa a procura do seu celular. Ela tinha passado um longo tempo sem notícias de Juliette, o que lhe pareceu uma eternidade.

Ela amava essa sensação, pois a fazia aproveitar cada segundo, como julgava dever, ao lado dela.

Assim que localizou o aparelho, pensou primeiro em mandar uma mensagem para ela, mas a saudade misturada com a urgência a fez escolher a segunda opção. Então nem verificou se tinha recebi alguma mensagem dela, ou outra não menos importante e decidiu ligar diretamente para Juliette.

Sarah torcia que não tivesse problema em fazer a chamada, supôs que naquela altura Juliette já deveria estar em seu apartamento, o que não era distante do prédio onde trabalhava.

Quando ela atendeu com o tradicional alô, Sarah falou para brincar.

- Oi?

- Sararah, é você! – A reação de Juliette foi espantosamente alegre e espontânea, quase um grito.

Sarah respirou aliviada, pois pela reação, pelo visto, ela poderia conversar.

- Você pode falar agora?

- Posso, estou no intervalo entre a próxima sessão. Tenho algum tempo antes de voltar para a tortura.

Sarah entendeu ao que ela se referia, Juliette estava na academia de ginástica.

- Eu não estou atrapalhando seu exercício?

- Fique tranquila. Estou adorando que você tenha ligado, depois de tanto tempo!

- Como assim tanto tempo? Nós nos falamos hoje pela manhã, antes de você sair para trabalhar.

- Pois então, para mim, isso é uma eternidade quando se trata de você. Sentir falta de falar com a minha galega do pão doce.

Sarah ficou aliviada e feliz com a receptividade dela.

- Então liguei na hora certa.

- Ligou. Como disse, estou no intervalo, mas ligou na hora certa por outro motivo, também.

Sarah ficou curiosa.

- Sério? Qual o outro motivo?

- Eu estava querendo ouvir a sua voz. – Disse Juliette, no entusiasmo. – Até parece que leu meus pensamentos.

- Ah, bem que eu gostaria de ter esse poder...

- Ficaria decepcionada. Não rola nada de interessante aqui dentro da cachola.

- Hummmmm .... Acho que não é bem assim. – Sarah fez uma pausa. – Eu também queria ouvir a sua voz.

- Pensamos igualmente, mais uma prova de que estamos conectadas. – Respondeu Juliette.

Pelo tom de voz, Sarah percebeu que ela ficara feliz com o que tinha dito.

- Isso mesmo, muito conectadas. – Sarah pigarreou, sem jeito, antes de continuar. – Liguei também para saber sobre o jantar. Como acabamos de chegar, acho que o melhor é jantarmos aqui mesmo, pedir algo. Assim minha mãe tem tempo de descansar e não precisamos enfrentar uma ida a algum restaurante. Além de transformar isso em algo mais intimista. Tudo bem para você?

- Tudo ótimo. Do jeito que você preferir, eu irei adorar.

- Pensei em mais uma coisa, o que acha de passar a noite aqui? Assim você não precisa se preocupar com o horário de voltar para a sua casa, ficando mais a vontade para curtir a noite do lado da minha mãe.

- Da sua mãe?

-É!

Ambas riram.

- Eu sei suas intenções, safada.

- Sempre as melhores. – Rebateu Sarah.

Ambas tornaram a rir.

- Irei passar a noite ai, mas só por um motivo maior.

- Qual motivo? – Perguntou Sarah curiosa.

- Precisamos conversar sobre a encomenda. Preciso lhe dizer o que foi passado para mim, mas precisa ser pessoalmente. Quero lhe contar quando estivermos a sós, longe de qualquer ouvido. Suponho que ainda não tenha contado para a sua mãe? – Disse Juliette, adotando um tom sério.

- Não, ainda não o fiz. E para ser sincera, não sei se devo fazer. – Admitiu.

- Vamos deixar essa para mais tarde. – Sarah consegue ouvir alguém chamar Juliette do outro lado da linha. – Preciso voltar a me movimentar. Adorei que você tenha ligado.

- E eu adorei você ter aparecido em minha vida. Te espero as 19h. Bom exercício. Não demora a chegar, estou com saudades.

- Obrigada! Ah, eu também adorei você ter aparecido na minha. Quem diria que eu iria estar morrendo de saudade de estar ao lado da mulher insuportável que conheci em uma delegacia.

Ambas tornaram a rir antes de desligar o telefone. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora