· Perspectiva de Juliette
Juliette se manteve a maior parte do tempo em apoio silencioso, enquanto via Sarah desenterrar o seu assado em busca de resposta. Enquanto Sarah verificava cada um dos papeis contido naquele envelope, Juliette conhecia algumas pessoas que faziam, ou fizeram, parte da sua vida através dos relatórios e fotografias anexadas a eles.
Quando ela lhe passou a foto de Joey, Juliette não deixou de se perguntar o que tinha levado aquela mulher a comer tais atos, a ponto de suas escolhas levarem ela para uma vida curta.
Juliette não podia ser ver machucando ninguém, muito menos uma pessoa tão maravilhosa como Sarah era. Ela não conseguia compreender como Joey foi capaz de fazer tanta atrocidade com alguém que a amava.
- Você está bem? - Juliette levou sua mão até o ombro de Sarah.
- Oh. – Sarah a olhou. – Sim, estou bem.
O seu sorriso tentando a tranquiliza-la, mas Juliette compreendia a magnitude daquela situação.
Por mais que Sarah estivesse caminhando por solo mais planos, sua mente ainda possuía alguns terrenos irregulares. A terapia estava fazendo um papel crucial em ensina-la a lidar com o passado, assim como saber deixar para trás algumas coisas dele. Mas isso não diminuiu a preocupação de Juliette.
- Tem certeza? – Juliette insistiu.
- Sim, tenho. – Sarah respondeu prontamente. – É que... eu só estava pensando em tudo o que passei ao lado dela, como desejava que o acidente nunca estivesse acontecido. – Disse de forma sincera. – Eu lamento muito por tudo, eu realmente desejava que estivesse sido tudo diferente. Não que eu esteja dizendo que não quisesse te conhecer, não me entenda mal. É que...
Juliette entendia onde Sarah estava querendo chegar.
Ela também se perguntou se ao tomar atitudes diferentes Joey ainda estaria viva. Ela também desejava que Sarah não estivesse passado por todo o drama ao lado daquela mulher, que nada de ruim estivesse acontecido em sua vida.
- Ei, calma. – Juliette a interrompeu. – Eu entendi muito bem o que você quis dizer. Infelizmente não temos controle sobre tudo em nossa vida, que dirá ter controle sobre a vida do outro. Também me pego desejando que estivesse sido de forma diferente algumas coisas do meu passado, e como desejo, mas não devemos nos sentir presos a esse desejo. Pois se isso acontece ele acaba virando culpa e, de alguma maneira, isso acaba nos corroendo por dentro.
Sarah apenas assentiu com a cabeça. Entregou a foto e relatório a Juliette e continuou verificando o conteúdo do envelope.
Passaram alguns longos minutos lendo os relatórios contidos naquele envelope.
Tudo estava, querendo ou não, dentro do esperado. Relatórios feito pelo investigador sobre pessoas próximas que poderiam estar ligadas aos envios das encomendas para Sarah. Contendo detalhes sobre suas rotinas e uma descrição detalhada sobre seus passado e presente.
A cada relatório lido um suposto suspeito era descartado. Até que Sarah se deparou com os papéis que relatavam sobre o passado da sua mãe, e recém descoberta tia.
Juliette observou entrar em choque a cada linha do relato que ela lia em voz alta o suficiente para ser escutada por Juliette.
Quanto mais Sarah se aprofundava no passado da mãe, mais Juliette se horrorizava com os acontecimentos contidos naquele relatório.
Juliette nunca conseguiu confiar totalmente na mãe de sua então noiva. Algo em Maaba a fazia se sentir desconfortável. Ao ver Sarah lendo que Maaba supostamente poderia ter roubado a identidade da própria irmã e criado Sarah dentro de uma mentira a deixou ainda mais em choque.
Se perguntou como uma pessoa poderia ser tão vil a esse ponto.
- Como ela pôde? – Disse Sarah, com a voz embargada.
O que fez com que Juliette sentisse que seu próprio coração estivesse sendo quebrado em pedaços naquele momento. Olhar para a mulher ao seu lado, sendo reduzida a nada por descobrir mentiras sobre a sua própria vida era algo indescritível para Juliette. Ela não sabia o que pensar ou dizer para aliviar o sofrimento de Sarah. Então ela simplesmente a envolveu em um abraço, e isto foi o bastante para irromper em lágrimas, e os soluções presos na garganta de Sarah virem à tona.
Por mais que não confiasse naquela mulher, Juliette não esperava que ela fosse capaz de cometer tais atos com Sarah, a filha que supostamente dizia amar e querer a felicidade.
Além de ter a criado em uma telha de mentira, Maaba foi capaz de brincar com a saúde mental da própria filha.
Como se uma venda fosse retirada dos seus olhos, Juliette conseguiu entender as atitudes de Maaba em enviar as encomendas que sabia que iriam mexer com o psicológico de Sarah, ela queria manter o controle sobre a vida da filha. Pois Sarah frágil seria mais fácil de ser dobrada as suas vontades. De manterá por perto sobre seu controle doentio.
Ela tudo muito obscuro.
Ser capaz de tomar o lugar da irmã, criar uma criança como se fosse sua baseada em mentiras, querer controlar a vida dela como se não passasse de uma marionete em suas mãos.
Juliette sentiu sua repulsa por Maaba aumentar.
Sarah conseguiu recuperar o autocontrole.
Juliette a observou se afastar dos seus braços, as lágrimas que caíram deixaram um rasto pelo rosto de Sarah.
- Eu... – Sarah começou. – Ela mentiu para mim. Tudo foi uma mentira, todos esses anos, tudo a mais pura mentira. Minha mãe mentiu para mim e eu não posso... eu simplesmente não vou... - Sarah verbalizou cada frase com a intensa concentração de uma criança de colo que tenta empilhar blocos.
Juliette conseguiu notar o tremor em sua voz.
Então o autocontrole se dissolveu novamente. Juliette a observou fechando os olhos, as narinas se dilatando e Sarah se curvando para a frente até sua testa repousar em suas mãos apoiadas a mesa. Sarah emitiu um único som trêmulo, como se tentasse afinar o tom com um diapasão.
Chorou por cerca de dez minutos. Juliette a consolava, passando suas mãos lentamente pelo cumprimento dos braços de Sarah, tentando transferir o calor que suas mãos emitiam para o corpo dela em conforto silencioso.
– Ela mandou aquelas coisas para mim, ela sabia o que me causaria e mesmo assim foi capaz de mandar. – Sarah disse, entre soluços.
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Amor e Ódio
FanficAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...