Convite irrecusável

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Juliette saiu do banho com a mente ainda nevoada pelo que tinha acabado de acontecer, o calor ainda queimava o seu corpo. Ela varreu o local da festa com os olhos a procura da amiga, sentia que precisava ir embora antes que fizesse uma loucura maior do que ter beijado Sarah.

Ao recorda-se dos beijos, sentiu uma forte vibração.

Ela não conseguia compreender o que estava acontecendo consigo.

Avistou Vitória próximo ao bar, na companhia de Rodolfo. Seu primeiro pensamento foi evitar chegar perto dele, mas precisava ir até lá para avisar a amiga sobre o seu desejo de ir embora daquela festa. Vitória iria passar a noite em sua casa, ela não poderia ir e deixa-la.

- Olha só quem decidiu nos agraciar com sua presença. Sua amiga e eu estávamos nos perguntando por onde andava. – Disse Rodolfo com a aproximação de Juliette.

Ela deu um sorriso forçado, tentando ser a mais simpática possível.

- Precisei de um pouco de ar depois de uma maratona de dança. Sabe como é. – Disse Juliette oferecendo a Rodolfo um breve sorriso. Se dirigindo a amiga. – Podemos ir?

- Sim, estava só esperando você aparecer para finalmente poder ir embora. Eu não deveria ter vindo... – Disse Vitória.

Só agora Juliette notara que a loira não estava carregando no rosto o entusiasmo por estar ali.

- O que houve? Por quê diz isso? – Perguntou Juliette, demonstrando preocupação na mudança brusca da amiga.

Vitória permaneceu em silêncio.

Juliette alternava o olhar de Vitória para Rodolfo, buscando algo que justificasse a mudança em sua amiga.

- Acredito que seja melhor deixá-las a sós. Caso precisem de mim, estarei por perto.

Assim que Rodolfo se afastou, Juliette insistiu que a amiga explicasse o que tinha a feito mudar de opinião sobre a festa.

- Por quê?

- Eu... Nunca fui numa festa assim e... Essa... Esses.

- Vitória? – Juliette se aproximou ainda mais da amiga, a encarando.

- Eu não deveria estar aqui, eu não combino com este lugar. – Disse Vitória numa voz chorosa.

- Você deve estar aqui, assim como todos os outros convidados. Tudo bem querer ir embora, também quero fazer isso. Mas também quero entender o que te fez perder a empolgação por estar aqui. O que aconteceu afinal? Rodolfo te disse algo que a machucou?

- Rodolfo? Claro que não. – Vitória a olhou com espanto. - Ele quem me ajudou. Eu estava te esperando aqui no bar, quando um homem se aproximou e começou a conversar comigo. Eu só fui educada. Pouco depois duas mulheres se aproximaram, aparentemente ele as conhecia a bastante tempo, mas ele tentou manter a conversa tanto comigo quanto com elas. Mas elas me olhavam como se eu estivesse nua, ou pior. Como se eu estivesse suja.

- E você não disse nada a elas?

- Eu tentei me afastar deles, mas o homem insistiu que eu ficasse. Eu fiquei sem graça, pois ele estava sendo muito gentil comigo. Rodolfo apareceu e me salvou daquela conversa. Eu nunca me sentir tão deslocada.

- Amiga, elas estavam com inveja da sua beleza. Tenho certeza que o homem deve ter ficado encantado com você, e elas perceberam que não seriam parias para você, então tentaram fazer você sentir inferior a elas. – Disse Juliette, num tom manso, acalmando a amiga. – Você merece estar aqui e onde você quiser. Não deixe ninguém te fazer acreditar do contrário.

- Ele gosta mesmo de você. – Disse Vitória, mudando bruscamente de assunto.

- Vamos embora. – Disse Juliette dando de ombros.

- Mas Ju.

- Você gosta de comida japonesa?

- O que?

- Comida japonesa. Você gosta? – Repetiu Juliette.

- Gosto.

- Então vamos procurar um restaurante antes de voltarmos para casa, assim a noite será fechado com chave de ouro. – Disse Juliette com um sorriso

- Combinado. – A loira sorriu em resposta.

As duas caminhavam em direção a saída, quando Juliette avistou Sarah ao lado de Gilberto. Seu coração voltou a bater em descompasso. Eles pareciam também estar de saída.

- Meninas, espero que tenham curtido a festa. Ju, precisamos marcar um jantar o quanto antes, estou sentindo a falta das nossas conversas fora do ar excruciante do trabalho. – Disse Gilberto. –

Juliette sentiu o olhar de Sarah queimar sua pele, mas evitou encara-la.

- Obrigada por me convidar, eu adorei ter vindo. – Disse Vitória, recobrando a animação por estar ali.

- A festa está sendo maravilhosa, curtimos o suficiente, mas estamos de saída. Irei amar jantar contigo, vamos combinar uma noite favorável para os dois. Vamos nos falando. – Disse Juliette.

- Também estamos de saída, apesar de ainda acreditar que estamos perdendo o melhor da festa. – Disse Gilberto com um olhar de reprimenda em direção a Sarah. – Mas alguém deseja muito ir embora, e só me resta acompanhá-la. Então espero você amanhã as vinte horas no meu apartamento, não se atrase.

Juliette ficou sem jeito.

- Pensei que seria algo mais para frente. – Tentou argumentar.

- Meu amor, sei que não tenha nada programado para o final de semana, a não ser ficar enfurnada dentro daquele apartamento esperando que eu faça ao extraordinário e incrível para tirá-la do tédio. Então me poupe de suas desculpinhas. Estar marcada para amanhã e ponto final.

Em outras circunstâncias Juliette não iria se importar com a forma autoritária em que Gilberto a convocou, mas o fato de que Sarah iria fazer parte do jantar a deixou aflita. Ela sabia que Sarah estava instalada no apartamento de Gilberto, e sua ausência só iria ocorrer por um milagre.

Não resistindo mais, Juliette então olhou para Sarah.

Ela pôde notar um certo ar de expectativa vindo dos olhos de Sarah, ou pensou assim ter enxergado. Isto deveria ser mais um motivo para recusar o convite, mas o que aconteceu foi o oposto.

- Amanhã estarei lá.

E assim se despediram e foram embora da festa. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora