· Perspectiva de Juliette
O jantar tinha sido bastante agradável, Juliette pensou sobre como estava sendo maravilhoso compartilhar aquela noite de sábado ao lado de Sarah.
A primeira vez que a tinha visto, a julgou como alguém arrogante e digna do seu desprezo. Mas agora sentia que tinha sido injusta com ela, por mais que ainda achasse o seu comportamento daquela noite deplorável.
Depois de longos minutos na banheira, Sarah decidiu que tinha chegado o momento de se alimentarem. Assim que saíram da banheira, Sarah ajudou Juliette a vestir um de seus robes e depois se vestiu também com um.
Ela agradeceu por seu amigo não estar presente, lhe dando a oportunidade de se permitir e fazer aquilo que tanto desejava, mas tinha medo. Se jogar ao desejo e se permitir cair nos braços de outra mulher.
E agradeceu também por ele não voltar até o domingo. Teria mais tempo a sós com ela.
Enquanto comiam, elas conversaram um pouco sobre si. Contaram algumas lembranças da infância, como ela escolheram a profissão. Do que gostavam de fazer em seus momentos livres. O fato de estarem praticamente nua enquanto comiam faziam com que Juliette tropeçasse algumas vezes nas palavras quando era sua vez de fala. Ela tentava ao máximo não demonstrar o quanto aquela cena intimida a deixava nervosa e ao mesmo tempo excitada.
No final do jantar, após Juliette aceitar o convite para passar a noite ali, Sarah decidiu que deveriam ver um filme.
Ela argumentou que seria algo leve e que acabaria de uma vez por toda com o desconforto de Juliette.
- Você gosta de filmes dos anos 90? – Perguntou, enquanto segurava a mão de Juliette e a guiava em direção a sara de tv.
- Eu adoro.
Enquanto andavam pelo corredor, Juliette não pôde deixar de notar o quão grande e luxuoso era aquele apartamento. Não que o seu fosse de se jogar fora, mas não se comparava ao do seu amigo. Por mais que tivesse uma amizade com Gilberto, não tinha chegado ao ponto de explorar o seu apartamento, não daquela forma ao lado de Sarah.
A sala de tv era bastante espaçosa e possuía aparelhos de última geração. Com um grande sofá cama feito sobre medida, que Juliette julgou caber dez pessoas e ainda assim ter espaço para que elas se movimentassem livremente. A sara possuía um painel de controle, que permitia o usuário escolher a tonalidade e intensidade das luzes.
- Quer escolher o filme? – Perguntou Sarah num tom suave e com o olhar em expectativa.
Juliette notou com seus olhos brilhavam, e soube que ela tinha algo em mente. Então deixou que ela escolhesse o filme.
- Tenho certeza que você tem algo em mente, e sei que será uma boa escolha. – Disse num tom baixo.
Os olhos de Sarah acompanharam o sorriso que ela deu para Juliette.
Sarah escolheu o filme The Bodyguard, lançando em 1992 que conta a história de uma cantora e atriz Rachel Marron que ganhou vida através da atuação de Whitney Houston, que sempre teve liberdade para controlar sua vida glamorosa, mas por conta da sua fama não estava conseguindo manter essa liberdade. Quando ela começa a receber cartas anônimas contendo ameaças contra a sua vida, ela se ver obrigada a contratar um guarda-costas chamado Frank Farmer, protagonizado pelo ator Kevin Costner. Considerado um dos melhores no ramo e por cobrar um preço bastante alto pelos seus serviços ele é solicitado para protege-la. Frank é um ex-agente do Serviço Secreto que ainda não se perdoou do sentimento de culpa em relação à sua inabilidade de proteger o presidente Reagan, que quase foi assassinado por John Hinckley. Especialista em segurança e um grande profissional Frank se ver tendo que lidar com uma mulher mimada e mandona. Eles acabam se apaixonando, e acabam passam uma noite juntos, mas ele não deixa que este amor evolua pois temia perder o controle para os cuidados que um guarda-costas deve ter para seu cliente não se tornar uma vítima. O filme possuía uma trilha sonora maravilhosa.
O que agradou Juliette, porque ela também o adorava.
Assim que se acomodaram no grande sofá, Sarah a puxou para os seus braços. Fazendo com que assistissem ao filme agarradinhas. Juliette não pode deixar de notar algumas semelhanças ao decorrer do filme. O pouco que Sarah tinha revelado mostrou que ela vinha da mesma atmosfera que a personagem daquele filme.
No jantar, Sarah tinha revelado um pouco da sua vida em Los Angeles e sobre a sua profissão. Falou sobre ter tido que aprender a lidar com os holofotes e alguns paparazzis. Juliette pôde ter um pequeno vislumbre de como tinha sido a sua vida antes de retornar para o Brasil, só não conseguiu saber e tão pouco entender a sua escolha de deixar tudo aquilo para trás. Juliette sentia que ela não tinha lhe contado toda a história, mas não iria pressiona-la. Era muito cedo.
Enquanto assistiam, Juliette imaginava Sarah no lugar da atriz. Tendo toda aquela atenção e prestígio, também não deixou de imaginar no lugar de Kevim, tentou conter o riso que ameaçava sair da sua garganta quando esse pensamento surgiu. Ela estava longe de ser uma guarda-costas na vida de Sarah. Apesar de tê-la livrado das grades quando se conheceram. De certo modo, Juliette foi sua guarda-costas. Ela meneou.
No final do filme, Sarah decidiu colocar a trilha sonora do filme para tocar no sistema de som.
A primeira música da lista era I will always love you, Sarah estava em pé, no meio da sala. Mantinha os olhos fechados, mas seu corpo se balançava conforme a melodia. Era como se a letra expressasse os seus mais profundos sentimentos, como se contasse algo sobre o seu passado. Juliette não conseguiu deixar de sentir uma pequena pontada em seu coração, não sabia se seria ciúmes. Mas a forma em que Sarah recebia cada palavra daquela canção chamou sua atenção.
- "I'll think of you every step of the way" – Dizia a voz feminina saindo dos alto-falantes.
Sarah as repetia, sem emitir qualquer som.
Ela estava em seu mundo particular, Juliette aproveitou para observar suas feições. Sarah parecia estar absorta a sua presença, estrava entregue, seja lá qual fosse a lembrança que aquela musica a remetia.
- "Darling, I love you. I'll Always, i'll always love you." – Repetiu a última frase da canção antes de abrir os olhos e ir em direção a Juliette.
- Essa quero que você esteja em meus braços. – Disse Sara enquanto oferecia a mão para Juliette.
Ela não demorou em aceitar o convite, assim que depositou sua mão a de Sarah, foi puxada para os braços dela.
A próxima música a ser reproduzida pelos alto-falantes da sala era I have nothing, Juliette sentiu uma pontada no coração. Aquela canção era bastante significativa.
Com os braços em volta a sua cintura, Sarah começou a conduzi-la conforme o ritmo da melodia. Um ritmo a princípio lento, transformando a dança em algo tão íntimo e romântico. Juliette não pôde deixar de notar as palavras que Whitney Houston pronunciava e volta e meia Sarah as repetia, mas desta vez a olhando nos olhos. Como se estivesse usando a letra daquela música para lhe passar uma mensagem.
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Amor e Ódio
FanfictionAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...