Império Pub

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Ao sair novamente do prédio, Sarah se perguntava qual rumo iria tomar. Se iria pegar um taxi de volta para o apartamento de Gilberto ou se seria melhor não voltar para lá naquele momento. Pensou que retornar para o apartamento e encontra-lo vazio iria piorar ainda mais a sensação que estava sentindo, então escolheu a segunda opção.

Andando sem rumo, ela resolveu evitar voltar para o apartamento, pelo menos naquele instante.

Ainda não era o meio do dia, mas Sarah encontrou um boteco aberto.

O "Império Pub" era um dos principais redutos da boemia recifense. Situado na Rua da Moeda, o boteco funciona em tempo integral, sete dias por semana, no piso térreo de um casarão colonial de dois andares que possui um publico fiel e cativo, que ao cair da noite lotava suas dependências e expandia-se por seu entorno.

Parando na entrada, ela pensou duas vezes se deveria entrar, mas por fim decidiu por sim.

A decoração do bar era bastante simples e rústica, com diversas fotos de pontos turísticos da cidade em suas paredes, além de pequenos toneis fixados na parede do bar usados para armazenar os componentes do carro-chefe da casa: bebidas destiladas.

Naquela manhã de domingo, não foi diferente. O bar estava funcionando e, em suas mesas, algumas pessoas ainda postergavam o fim da noite anterior.

Ocupando um dos assentos disposto próximo ao grande balcão, Sarah chamou a atenção de um garçom que estava imenso no seu trabalho de reabastecer as prateleiras vazias com copos limpos.

Mesmo estando em um ambiente agradavelmente novo, Sarah não conseguiu prestar atenção aos detalhes daquele lugar. Tinha ido parar ali por obra do acaso.

- Pode me servir uma bebida? – Perguntou ao rapaz, o fazendo vira-se em um susto, pois não tinha notado a sua chegada.

- Oh! Bom dia! Me desculpe. – Disse o rapaz, um pouco sem jeito. – O que a senhora deseja?

Sarah queria algo forte, tão forte quanto a dor que sentia em seu peito.

- O que você tiver de mais forte dentro disso aí. – Disse apontando para trás do rapaz.

Pegando um copo, ele escolheu um dos pequenos barris e o encheu. Colocou em sua frente junto com um guardanapo.

- Obrigada! – Sarah agradeceu num quase sussurro.

Ao invés de beber o liquido em sua frente, ela o encarou.

Voltou a pensar em tudo o que tinha acontecido no dia anterior e no que acabara de acontecer nesta manhã. Lutou novamente contra as lagrimas que ameaçavam voltar. Não. Não iria voltar a chorar, resignou-se a dor, mas não iria permitir que as lagrimas voltassem a escorrer, não por agora.

Ela começou a ponderar sobre voltar para sua casa, mas concluiu que isso seria uma forma de fugir, e ela estava cansada disso. De fugir dos seus demônios, estava mais do que na hora de encara-los.

Duas mulheres entraram em sua vida sem pedir licença, levando tudo o que tinha pela frente. A deixando de guarda baixa.

A primeira tinha lhe dado um vislumbre da felicidade compartilhada, tinha lhe mostrado que amar valia a pena no início. Mas logo lhe mostrou da pior maneira como amar incondicionalmente uma pessoa pode nos levar ao fundo do poço. O quanto elas têm o poder de lhe machucar mesmo depois de partir, e mesmo assim lhe fazer sentir culpa por isso. Joey tinha sido a melhor e a pior coisa que aconteceu em sua vida. A tinha levado do céu ao inferno, a deixada cheia de feridas.

A segunda, mal tinha entrado em sua vida, mas já tinha conseguido mexer com sua cabeça e seus sentimentos. Juliette conseguiu fazer com que Sarah voltasse a acreditar que poderia se envolver com alguém depois do que tinha acontecido com Joey, tinha o poder de expulsar os demônios que lhe assombrava.

Sarah sabia que era um risco se permitir deixa-se envolver por Juliette, mas não conseguiu evitar. E agora estava aqui, sozinha em um bar desconhecido encarando um copo com bebida sentindo a dor de relembrar o que presenciou no apartamento de Juliette.

Ela sabia que tinha possuído o seu corpo, mas que jamais iria ser capaz de possuir sua alma. Juliette nunca a amaria, nunca seria sua. Sarah concluiu que o que Juliette sentiu não passou de curiosidade, e que tinha chegado ao fim.

Sarah sentiu-se uma idiota por não ter dado ouvidos quando ela lhe disse ainda na festa que não sentia interesses por mulheres.

Ficou ali, encarando o copo por longos minutos.

Não queria se entregar a bebida como na noite anterior, aquilo não a tinha ajudado em nada. Só piorado ainda mais a coisas. A decisão de entrar naquele lugar era somente para encontrar certo conforto em estar rodeada de estranhos, tinha esperança que ali seus pensamentos fossem sufocados. Mas não era bem o que estava acontecendo.

Quanto mais encarava o copo em sua frente, mais pensava em Joey e em Juliette.

Já estava a quarenta minutos sentada ali, quando é tirada do seu transe ao ouvir o toque insistente do seu aparelho celular.

O procurou em sua bolsa, sua mão suava em ansiedade.

Ela não notou o tremor em suas mãos até pegar o aparelho, o nervosismo a dominava. Ela não saberia como iria reagir se no visor aparecesse o nome de Juliette. Se seria capaz de ignorar ou não aquela chamada.

Mas logo o nervosismo foi substituído pela decepção.

Era o seu amigo ligando.

- Onde você está? – Ele gritou do outro lado da linha assim que Sarah atendeu, não deixando espaço para que ela soltasse uma saudação.

Ela olhou ao redor, não sabia explicar onde estava e nem como foi parar ali.

- Eu estou em um bar. O que houve? – Perguntou espantada com a reação de Gilberto ao telefone.

- O que houve? Você deve estar de brincadeira com a minha cara, não é? – Disse ele, num tom exasperado. – Recebi suas mensagens, agora me diz onde você está.

Sarah levou a mão livra ao rosto. Flashes do dia anterior apareceram em sua cabeça, uma vaga lembrança de ter ligado para o amigo e ter pedido ajuda preencheu a sua mente. Mesmo sabendo da bronca que iria levar, agradeceu pelo amigo ter recebido suas mensagens e agora estar disponível para ouvi-la. Ela precisava mais do que nunca dele naquele momento.

Pedindo para o rapaz atrás do balcão explicar onde estava, Sarah passou a informação para o amigo. Que pediu para que ela o esperasse. Ele estava a caminho, não demoraria a encontrá-la.

- Não faça nada que possa se arrepender ante que eu chegue. – Disse Gilberto.

Sarah ainda encarava o copo com a bebida em sua frente.

- Não irei fazer.

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Como prometido, aqui está as atualizações.

Hoje é um dia feliz, e ao mesmo tempo triste... Vocês podem imaginar.

Eu tinha o plano de postar capítulos, além dos dois de costume que posto sempre, para comemorar a vitória da nossa pitica, mas infelizmente não vou poder estar fazendo o que desejei. Estou sem cabeça para revisar o capitulo que iniciei, e mais ainda para terminar o que deixei na metade. Então é isso.

Só queria deixar aqui meu agradecimento por todas(os) que acompanham essa história, e tantas outras. Vocês não tem noção do quanto seus comentários, votos, mensagens no direct, sugestões de leitura no twitter, até mesmo aqueles discreto que se deixam passar despercebidos, mas que possui igual importância aquecem o coração de nós "escritoras", nos dando motivos para continuar a externar nossos sentimentos em forma de criações de histórias.

Assim como a leitura é uma válvula de escape, a escrita funciona da mesma maneira. Ainda mais no tempo em que estamos vivendo, que infelizmente são tempos difíceis. Só queria deixar registrado aqui minha eterna gratidão por cada um de vocês, e retribuir todo o amor que recebo por essa "pequena " mensagem. Vocês são luz na minha vida, toda gratidão e amor a vocês ❤❤❤❤😘😘😍

Até breve🤞

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora