Uma mensagem

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Assim que Vitória saiu de seu apartamento, Juliette tentou entrar em contato com Sarah. Foi só então que se deu conta de que não possuía seu número. Riu consigo ao pensar na situação. Tinha tido noites de intensa intimidade com aquela mulher que no curto tempo tinha conseguido ganhar seu total interesse, mas nem ao menos tinha salvado em sua agenda o número do seu telefone.

Juliette se deu conta de quão avassalador estava sendo aquela experiência.

Em tão pouco tempo em sua vida, Sarah já tinha feito um estrago considerável.

Mesmo mal se conhecendo, possuíam uma ligação fora do comum. O que deixava as coisas ainda mais interessantes.

Por mais que sempre tivesse cuidado em suas relações ao se entregar a um possível candidato a "homem da sua vida", Juliette estava se vendo rendida por uma mulher a qual mal conhecia, mas que conseguia fazê-la se sentir como nenhum outro conseguiu.

Pensou em ligar para o apartamento de Gilberto, mas logo desconsiderou. Por mais que fosse amiga dele e que ele soubesse do que estava acontecendo com ela e Sarah, Juliette não queria parecer desesperada, afinal logo Sarah estaria de volta como combinado.

Por volta das duas da tarde, Juliette já estava agitada. Sarah ainda não tinha retornado para o seu apartamento. Elas tinham combinado de passar o dia juntas, mas com a interrupção de Vitória as coisas ficaram meio no ar. Sarah tinha dito não demoraria a retornar para o apartamento, mas após sair da casa de Juliette não deu amis sinal se realmente iria fazer isto.

Juliette ficou dívida, não sabia o que fazer àquela altura. Se esperava por ela, se iria até a casa de Gilberto ou se tentava entrar em contato ligando para a casa dele já que não possuía o número particular de Sarah.

Quanto mais o horário combinado com Vitória se aproximava, mais preocupada Juliette ficava. Então resolveu de uma vez por todas fazer a ligação em busca de notícias sobre Sarah.

Juliette ligou para o telefone do apartamento, mas não ouve resposta. Insistiu diversas vezes antes de partir para o numero pessoal de Gilberto, também não tendo sucesso. A ligação estava indo direto para a caixa postal.

Juliette olhou para o relógio da tela do celular, marcava três horas e trinta minutos, decidiu que deveria ir até o apartamento de Gilberto. Sua preocupação tinha ganhado um nível absurdo. Por mais que o amigo desse dores de cabeças em certos momentos, como sua advogada e amiga, Juliette sabia muito bem que ele nunca iria deixar seu celular desligado. Algo estava errado.

Quando estava prestes a sair, Juliette recebeu uma mensagem de um número desconhecido, ela pensou que poderia ser Sarah, e o seu pensamento aparentemente estava correto.

"Oi!

Não irei retornar.

Bj"

Juliette encarou a breve mensagens por alguns longos minutos.

Sarah não tinha si dado o trabalho de formular um pedido de desculpas pelo cancelamento, se atendo a brevidade tão fria e distante.

Juliette não conseguiu entender o que estava acontecendo, e nem pensar em uma explicação plausível para tal repentina mudança de comportamento da parte de Sarah. Quem havia chegado em sua porta com flores e vestida de romantismo para a mulher fria e extremamente grosseira da mensagem.

Respondeu a mensagem perguntando se algo tinha acontecido, mas não recebeu resposta. Tentou ligar para o número, assim como o de Gilberto, ia direto para a caixa.

Então desistiu de insistir e tentou não ficar magoada por isto, algo que estava sendo impossível.

Toda a animação foi substituída por um desanimo. O dia que tinha começado maravilhoso, tinha se tornado um princípio de frustação e melancolia.

Juliette ficou arrasada com a mensagem, pensou até em desistir de sair com Vitória. Não queria acabar estragando a noite da amiga por estar chateada com Sarah.

As cinco e meia, Juliette pegou o seu baby-doll, resolveu que iria ficar em casa; Mas bem na hora em que iria colocá-lo, tocou a campainha. Era a sua amiga, havia chegado em seu apartamento antes da hora combinada, ela havia combinado de se arrumar no apartamento de Juliette.

Juliette não teve coragem de manda-la embora. Afinal, era o grande dia dela, Juliette precisava apoiar a sua amiga. Pelo menos fazer alguém feliz aquela noite. Então se rendeu. Deixou-a entrar e foram para o seu quarto.

- Cheguei! Pronta para sairmos sem hora para voltar? – Disse Vitória num tom animado.

- Estava quase sucumbindo a minha cama, para falar a verdade. – Juliette tentou não transparecer todo o seu desanimo.

- Nem ouse, hoje é dia de comemorar. Ou melhor, noite. Fiz uma lista de possíveis lugares ideias para essa grande noite. – Dando uma pausa e olhando ao redor, Vitória continuou. – Sua amiga já chegou? Espero que eu não tenha antecipado demais o meu horário, para no fim esperar demais pela chegada dela e acabar perdendo boa parte da diversão.

- Não, ela não chegou, mas não se preocupe. Ela não irá conosco.

- Pensei que você falou que era iria nos acompanhar.

- Na verdade, falei que já tinha marcado algo com ela. Você que insistiu que saíssemos e a incluísse nisso. - Corrigiu Juliette.

- Então ela não aceitou o convite? Será que ela não gostou de mim?

- Não é nada disso.

- Como não? Sair com você estava tudo bem, ai quando você me incluiu ela caiu fora.

Juliette ponderou por alguns minutos sobre a suposição de Vitória, se perguntou se Sarah tinha ficado tão fria ao ponto de dispensa-la por uma simples mensagem por ter incluído Vitória em seus planos. Mas logo descartou, afinal ela não tinha tido a oportunidade de comunicar a Sarah que Vitória tinha imposto a elas a saída a bares para comemorar seu novo emprego.

- Não, Vitória. Não tem nada a ver com você. Ela apenas desmarcou por um motivo maior. – O motivo que Juliette adoraria saber.

Vitória a encarou com um olhar inquisitivo.

- Como se tornaram tão próximas? Até onde lembro, vocês mal se falaram na festa. Você está tentando manter uma amizade com ela por conta do Gilberto?

Juliette devolveu o olhar.

- Você acha que eu seria capaz de uma coisa baixa como essa, Vitória? Eu lá sou mulher de fazer as coisas por interesse? Que pensamento incabível esse seu.

- Desculpa, amiga. Eu só quero entender essa súbita aproximação. – Vitória deu de ombros.

- Não é súbita, só descobrimos que temos algumas coisas em comum, e que de certa, forma nos aproximou. Vamos montar o look da noite? – Juliette começou a andar em direção ao closet, Vitória indo atrás dela. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora