Apenas você e eu

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·         Perspectiva de Sarah

- Você o matou. – Sarah pretendia fazer uma pergunta, mas sua voz soou como uma afirmação.

- Eu não iria, nem mesmo nos meus momentos ruins era capaz de ferir alguém, não fisicamente, mas naquele momento, com minha irmã sangrando em meu colo que eu jurei que não deixaria nada de mal te acontecer. Que jurei para ela ser a melhor mãe que eu pudesse ser. – Maaba deu um passo à frente, na direção de Sarah. – Então eu precisava me livrar dele, pois ele não iria desistir de levar você. Não iria desistir de tirar você de mim. Eu tive que fazer muitas coisas por você. Eu tive que usar o nome da Maria para poder cumprir com a promessa, mas não quis ser chamada pelo mesmo nome, pois eu seria uma outra versão dela, outra versão de mim, mas não mais nenhuma das duas. Naquela noite Carolline e Maria morriam para nascer Maaba. Eu mentir para poder continuar com você. Com meu passado, eu não poderia dizer a polícia que quem tinha morrido tinha sido a Maria. Eles nunca iriam permitir que eu ficasse com você. Eu sou sua mãe, sua única mãe e nada nem ninguém irá mudar isso. Mesmo você me odiando, não mudará nada. Nunca irei medir esforços para manter quem quer que ouse a lhe machucar ou lhe afastar de mim, mesmo que eu tenha que matá-la com as minhas próprias mãos.

Maaba abriu a bolsa que tanto abraçava e sacou uma armar dela.

- Mãe, por favor, guarde isso. – Sarah pediu, sua voz soando trépida. – O que você pretende fazer com essa arma?

Maaba passou a arma de uma mão para a outra, como se estivesse ponderando sobre o seu peso.

- Eu não posso viver longe de você, filha. Não depois de tudo o que Maria passou, não depois de tudo o que tive que passar. Não posso deixar ninguém se colocar entre a gente. – Maaba segura a arma frouxamente enquanto fala. – Você é minha. – Ela segura a arma com mais firmeza, apontando em direção a Sarah. – Você sempre será minha. Minha pequena princesa. Minha pequena esperança. Eu nunca estive longe de você, nem mesmo por um segundo. Nem quando aquela vadia fez sua cabeça a querendo manter longe de mim.

Sarah sentiu todo o seu corpo gelar.

Ela estava paralisada com a cena. A mulher que sempre acreditou ser sua mãe, quem pensou que tinha lhe trazido a esta vida estava agora apontando uma arma em sua direção.

- Agora essa está querendo fazer o mesmo, mas eu não vou permitir que isso aconteça.

- Mãe, por favor, guarde essa arma. – Pediu Sarah novamente, tentando controlar o pânico que crescia em sua garganta.

Sarah deu dois passos para trás e acabou esbarrando com o enorme arranjo decorativo de flores, o derrubando no chão. O que fez um grande barulho.

- Filha! – Maaba deu um passo em sua direção, seu semblante demonstrando preocupação.

- Eu...

- Sarah! – Alguém entrou pela porta instantes depois exclamando o seu nome e a fechando logo em seguida.

Ao se deparar com Juliette, pela primeira vez desde que a conheceu, sentiu um enorme pesar. Ela era a última pessoa que desejava que estivesse ali, com Maaba com uma arma empunhada.

- Eu ouvir... – Juliette parou de falar assim que encarou Maaba.

- Você precisa voltar para o salão. – Sarah disse, institivamente se colocando a frente de Juliette. Ficando entre ela e Maaba.

- Não! – Gritou Maaba. – Ela não irá sair daqui.

- Mãe, a conversa é entre nós. Você e eu.

- Se engana em achar isso. Ela também tem relação, pois como aquele infeliz ela quer lhe tirar de mim. Como a outra ela quer se colocar entre nós. Eu não posso permitir. Eles são farinha do mesmo saco, querendo te levar para longe de mim. Eu jurei que não iria permitir. Maria, eu prometi a Maria. Eles querem te roubar de mim. Querente te levar, mas não vou permitir.

- Do que ela estar falando? – Juliette perguntou em um sussurro.

Sarah ignorou a pergunta de Juliette, sua atenção estava voltada para Maaba e o revolver em sua mão e toda a sua energia em persuadi-la a guarda-lo. Sarah percebeu que a chegada de Juliette a deixou ainda mais alterada. Precisava se manter calma para que as coisas não trilhassem por um caminho ainda mais trágico.

- Ninguém irá nos separar, eu juro. – Olhando rapidamente para Juliette continuou. – Está tudo bem, vá para festa, logo nos juntaremos a você.

- Eu não... – Juliette começou.

- Eu já disse que ela não irá sair daqui. – Maaba interrompeu Juliette. Dando alguns passos agressivos na direção delas antes de parar. – Você é uma garotinha insolente, que nunca soube o seu lugar. Se achar tão espertar e inteligente, mas não consegue enxergar que seu lugar não é ao lado da minha filha. Garotas como você não merecem estar ao lado de mulheres como minha Sarah. Uma vadiazinha que ao levar um pé na bunda de um garoto mimado foi atras da minha filha. Você é uma puta carente e toda essa besteira de romance barato do século XXI está ficando cansativo. Não irei permitir que você arruíne a vida dela, não irei permitir que tire a minha filha de mim.

- Você se sente melhor sobre si mesma ao tentar me humilhar? – Juliette disse num tom firme, dando um passo para o lado e saindo de trás de Sarah. – Você realmente pensa que ao me atacar vai mudar toda merda que você esconde nesse seu discurso de boa mãe e preocupada? Você não passa de uma mulher obcecada pela própria filha, que não consegue enxergar o quão toxico é essa sua obsessão em mantê-la sobre o seu controle. Você diz que a ama, mas isso não é amor, é uma doença.

- Você não sabe nada sobre meu amor por minha filha. – Maaba apontou um dedo tremulo para Juliette. – Quem você pensa que é para falar como amor ou deixo de amá-la? Sua garota insolente.

- Ei! Chega. – Disse Sarah. – Mãe, você precisa guardar essa arma e deixa-la ir. Por favor, não torne tudo mais complicado. – Sarah soltou um suspiro e obrigou-se a acalma-se. – Lamento por tudo o que lhe aconteceu. Lamento muito por tudo o que teve que fazer por mim, mas chegou a hora de acabar com essa conversa.

- Ela. – Maaba apontou a arma para Juliette. – É tudo culpa dela. Se ela não tivesse se intrometido em sua vida o passado continuaria enterrado em seu devido lugar... Assim como ela deve ser enterrada agora.

– Você só pode está louca. - Horror gélido percorreu o corpo de Sarah.

Sarah se arrependeu no mesmo instante de insulta-la.

- Não me chame de louca. – Gritou.

- Mãe. – A voz de Sarah soou mais suave. – Por favor, guarde a arma. Por que não me escuta e a deixar ir? Podemos continuar conversando sobre tudo isso e resolver as coisas. Por favor.

- Conversar? – Maaba olhou para Sarah, como se Sarah que estivesse louca.

- Apenas você e eu. Como sempre foi.  – Sarah fechou os olhos e respirou lentamente como se tentando controlar suas emoções. – Eu entendo tudo agora, entendo seus motivos e a perdoou. Só a deixe ir.

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora