O atropelamento

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· Perspectiva de Juliette

Após passar uma noite maravilhosa ao lado de sua noiva, Juliette acordou cedo pra mais um dia de trabalho. Ela deveria ter aquele dia de folga, mas as coisas não estavam dentro do habitual na empresa e seus dias dentro daquele prédio tornaram-se mais constantes. Juliette estava a frente de uma investigação interna para garantir que a empresa que seu chefe, e amigo, tanto lutou para construir não vira-se ruínas.

Após de despedir a contragosto de Sarah, ela se despediu e partiu para iniciar o dia longo de trabalho.

Esperava encontrar com Gilberto na empresa, queria ter a conversa com ele antes do evento.

Quando estava próxima ao prédio decidiu descer antes e passar em uma cafeteria para pegar café para os seus novos colegas de sala, Viviane e João. Que agora trabalhavam junto com ela, dividindo seu escritório vasculhando todos e quaisquer papéis suspeitos em busca de qualquer discrepância.

Enquanto aguardava o sinal fechar para que pudesse atravessar a avenida, o seu telefone tocou.

O sinal abriu para os pedestres ao mesmo tempo, Juliette caminhou enquanto procurava seu telefone na bolsa, pensou o quanto era conveniente que nessas horas os aparelhos sempre acabassem no fundo dela. A tarefa de encontrar o aparelho prendendo totalmente a sua atenção. Ela nem viu quando um carro veio em sua direção, ele bateu na sua perna.

Ela bateu no chão com força e rolou.

Juliette nem se deu conta de como era o carro ou se ele tinha atingindo mais alguém, tudo aconteceu muito rápido a deixando atordoada. Ela tentou avaliar se estava bem.

Um outro carro parou e um sujeito de meia idade desceu do veículo.

- Oh, meu Deus! Você está bem, senhora? – Ele caiu ao lado dela e estendeu a mão, tocando no seu ombro com cautela. – Aquele idiota furou o sinal. Partiu sem parar para verificar se estava bem. Inacreditável.

- Estou bem. Apenas torci meu tornozelo um pouco. – Juliette reprimiu a queimação das lágrimas e sentou-se. – Estou bem, mas obrigada por verificar.

Poderia ter sido pior. Muito pior. Ela pensou.

- Tudo bem, você precisa de uma carona até o hospital ou para a sua casa? É capaz de caminhar? – Ele ergueu a sobrancelha antes de estender a mão para ajudá-la a se levantar do chão.

- Posso caminhar, mas obrigada. – Juliette não queria que o homem a levassem a qualquer lugar, mesmo se ele realmente parecesse amigável.

Ele a conduziu para o banco da cafeteria do outro lado da rua e a colocou sentada.

Ela agradeceu mais uma vez a ele e esperou até que o sujeito amigável fosse embora para se levantar. Ela conseguiu se levantar, mas não poderia colocar muita pressão no tornozelo.

- Maldição. – Praguejou.

Pegando o telefone, ela ligou para Sarah, mas a ligação foi para o correio de voz. O mesmo aconteceu com a ligação para Gilberto. Ela considerou ligar para a mãe de Sarah, mas decidiu que preferia rolar para casa do que falar com a mulher. Por mais que ela demonstrasse que estava em busca de um relacionamento amigável, Juliette ainda não conseguia acreditar sem por cento na mulher.

Ela discou o número de Viviane, sabendo que ela já deveria estar no escritório, ou perto dele.

- Ei. O que houve? – Sua voz estava tão animada como sempre. A mulher parecia nunca estar mal humorada. – Aconteceu alguma coisa no escritório? Eu juro que já estou chegando.

Ela adiantou a se justificar sem ao menos esperar que Juliette falasse algo.

- Ei. Preciso que você venha me pegar. Sinto muito por incomoda-la, mas não conseguir contato com Sarah tão pouco com Gilberto. – Juliette deixou escapar um suspiro rápido. – Eu...

- Problemas com condução? Mas você não mora perto do escritório? – Viviane a interrompeu.

Juliette segurou a vontade de revirar os olhos, mesmo sabendo que a outra mulher não poderia vê-la fazendo.

- Não. Estava perto do escritório, mas decidir comprar café para a gente. Um carro bateu na minha perna quando passou acelerado por mim e eu cair no chão.

- Puta merda, Juliette! Você está bem? – O pânico tomou conta da voz de Viviane.

- Sim. Estou bem, apenas não consigo colocar nenhuma pressão no meu tornozelo. Não estou longe muito longe do escritório, estou em frente ao café. Posso implorar para você....

- Estou a caminho agora. Fique queta. Quer que eu fique no telefone com você? Não me importo.

Juliette reparou que a respiração de Viviane tinha ficado um pouco estranha, então ela concluiu que Viviane só poderia estar se movendo rápido, o que significava muito para ela. Isso fez o seu coração aquecer. Seu ciclo era muito pequeno, e saber que Viviane a tinha em um nível elevado de importância para a fazer correr para ajudá-la fez Juliette se sentir grata pela aproximação e amizade que estava nascendo entre elas.

Sarah teria feito a mesma coisa se ela simplesmente tivesse conseguido entrar em contato com Sarah, ou até mais. Juliette sentiu por não ter conseguido avisar a amada.

- Não. Estou bem. Leve o tempo que for preciso. Não já pressa. – Ela desligou e olhou ao redor.

A rua ainda não estava tão movimentada, o incidente não tinha chamado a atenção de mais do que duas pessoas, e as mesma já tinham se dispersado.

Juliette voltou a se sentar e esperou pacientemente por Viviane, agradecida pelo fato que o tempo estava alguns graus mais frio tornando a temperatura agradável na área externa do café.

Dez minutos depois, Viviane parou em frente ao café e atravessou para ajudá-la a entrar no carro.

- Muito obrigada, Viviane. Realmente aprecio...

- Juliette. Está tudo bem. – Ela olhou para Juliette, segurou e apertou sua mão. – Você é uma pessoa incrível que tive a oportunidade de conhecer um pouco melhor. Faria qualquer coisa para você.

- Bem, obrigada. – Juliette sorriu. – Se não for incomodar mais ainda, bem que poderia entrar e pegar alguns cafés lá dentro.

Juliette apontou para a cafeteria.

- Sem problemas. – Viviane retribuiu o sorriso. – Você precisa ter esse tornozelo examinado.

- Está tudo bem. Colocarei um pouco de gelo quanto chegar no escritório, não foi nada demais, apenas uma torção. - Ela acenou com a mão.

Quinze minutos depois, Viviane parou o carro no estacionamento da empresa.

- Vou carregar os cafés. Você precisa que eu te carregue também?

- Isso não daria certo. – Juliette desceu do carro e caminhou com cuidado até o elevado. – Vê? Posso fazer isso. Apenas vou ter que ir devagar.

- Sim, certo. – Viviane segurou a porta para elas passaram. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora