Conto quando puder

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· Perspectiva de Juliette

Juliette é acordada pelo barulho distante de uma campainha, sua cabeça reclama no mesmo instante que o barulho parece preencher o quarto. Porque não fechou a porta do quarto? Pensou. Foi quando se deu conta de tudo o que aconteceu na noite anterior e surgi uma pergunta ainda mais importante. Como veio parar em seu quarto?

Agradecei pelo barulho da campainha sessar.

Ela sabia que não fazia bem estar sentindo isso, mas estava com ódio de Sarah. A dor de cabeça não era nada para a dor que estava corroendo o seu coração. Logo ela, que sempre detestou pessoas dramáticas ali estava, fazendo o maior drama do mundo por uma mulher que lhe deu um bolo para transar com outra.

Juliette nunca sentiu isso antes. Ela mal tinha acordado e já estava surtando pelo simples fato de lembrar de Sarah com aquela vadia. Isso estava doendo, mais do que quando pegou Arcrebiano com outra. Juliette não sabia explicar o porquê. E pior é que não sabia como fazer parar.

Vitória entrou no quarto. Pareceu adivinhar que ela tinha acabado de acordar. Trazendo analgésico e uma xicara de chá de camomila. Ela se sentou na cama, Juliette fez o mesmo. Tomou o remédio com um gole de chá.

- Obrigada.

Vitória apertou os lábios como se dissesse "por nada" e ficou mexendo na costura do lençol.

- Você dormiu aqui? É obvio que sim. – Se corrigiu. – Como viemos para casa? – Perguntou hesitante.

- Rodolfo nos trouxe. – Respondeu Vitória.

Juliette arregalou os olhos, lembrou-se da conversa que teve com ele, mas não conseguiu lembrar de como tinha vindo para casa e nem no momento que decidiu mudar de ideia e aceitar a carona.

- Como assim nos trouxe? Eu disse que não queria a ajuda dele.

- Amiga! Você apagou no meio da boate, e se não fosse por ele, eu não sei o que iria ser de você. De mim. De nós. Ele estar sendo um fofo. – Disse Vitória num tom manso, como se quisesse apaziguar as coisas entre Juliette e Rodolfo.

- Como assim estar sendo? – Perguntou intrigada.

- Ele está lá na sua cozinha preparando o nosso café da manhã. – Disse Vitória com um largo sorriso no rosto. – Não é demais? Além de lindo, rico, atencioso é um fofo. Pacote completo.

- Como assim ele estar aqui? Ele dormiu aqui? – Juliette disse num tom exasperado.

Vitória riu do desespero da amiga.

- Aqui não. – Disse apontando para a cama. – Aqui no seu apartamento. Para ser mais específica, no quarto de hospedes. Eu que dormir com você. Você chegou desacordada, então ele te trouxe para o quarto e decidiu ficar aqui para caso eu precisasse de ajuda.

Juliette olhou para o próprio corpo.

- E quem me trocou?

Vitória revirou os olhos.

- Claro que foi eu. Que pânico todo é esse? Acha mesmo que ele seria capaz de fazer algo com você desacordada, ou que eu seria capaz de te deixar sozinha com ele naquele estado? Que julgamento é esse, Juliette? – Repreendeu Vitória, seu tom demonstrava um pouco de ressentimento pela reação de Juliette.

- Amiga, desculpa. É que ele é um completo estranho para mim, e saber que ele estar aqui no meu apartamento depois de ontem me deixou em pânico. Eu confio em você, nele que não. Tem muita coisa acontecendo, minha cabeça está entrando em pan. Ultima coisa que eu preciso nesta altura do campeonato é acabar indo pra cama com um cara após encher a cara. – Juliette passou a mão pelos cabeços. – Eu sei que ele não quer só a minha amizade, e eu não quero nada além disso.

- Calma! Ele não fez nada. Como te disse, me ajudou a te trazer e ficou para se certificar que ficaria bem. Ele é um homem bom. Não entendo porque você não quer dá uma chance a ele, ele estar sendo tão maravilhoso com você. – Disse num tom condescendente.

- Agradeço imensamente por ele ter cuidado de mim e lhe ajudado a me trazer para casa, mas isso não irá mudar os meus sentimentos sobre ele. Única coisa que ele poderá ter de mim é a amizade.

- Amiga, você tem que esquecer o mala do seu ex.

- Não era você que o achava sensacional? Agora virou mala?

- Você disse certo, achava. Depois do que ele aprontou com você, acha mesmo que eu iria continuar tendo a mesma visão sobre ele? – Vitória arqueou uma das sobrancelhas.

- Enfim. Quem disse que o já não esqueci?

- Suas atitudes.

- Como assim minhas atitudes?

- Ontem você ficou a maior parte do tempo encarando o celular, talvez a espera de um sinal dele. Encheu a cara com uma louca, não que eu esteja reclamando. Era para a gente encher a cara, mas não a ponto de ficar desacordada. Foi super grossa com um cara maravilhoso. Sério que você ainda quer que eu acredite que não o esqueceu?

Juliette sabia que não era por conta de Arcrebiano, mas sim de Sarah.

O seu sumiço. A mensagem estranha. O suposto fraga dela com outra mulher. Tudo aquilo tinha tirado a racionalidade de Juliette e feito ela beber sem pensar nas consequências. Agradeceu mentalmente pela única consequência ter sido o desmaio e a ressaca que estava sentindo. Ela não se perdoaria se acabasse indo para cama com Rodolfo.

- Você não poderia estar mais errada do que agora. A noite de ontem nada tem a ver com ele. Arcrebiano faz parte do meu passado e de lá ele nunca irá sair. – Disse Juliette com toda convicção.

- Então me explica o que rolou ontem.

- Não é nada.

- Tem certeza?

Juliette afirmou que sim.

- Adiciona na listinha de "conto quando puder". – Disse Juliette sorrindo para a amiga, depois deu um beijo no sue rosto.

Lembrando-se do barulho que a fez despertar, Juliette disse:

- Quem tocou a campainha?

- Quando eu sair da cozinha, Rodolfo já tinha atendido e a pessoa tinha ido embora. Ele me disse que foi um entregador que se confundiu com o número do apartamento.

Juliette soltou um forte suspiro. Mesmo sentindo ódio de Sarah, tinha esperanças que ela a procurasse para se explicar sobre ontem e tirar a duvida se realmente era ela naquela boate. Juliette chegou à conclusão que deveria ser ela, e que o fato de não aparecer só provava que ela estava ainda com a vadia da noite anterior. 

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