Conversa de reconciliação

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· Perspectiva de Juliette

Em meio a investigações de relatórios e revisões de arquivos de setores que não estava acostumada a trabalhar, Juliette sentiu-se esgotada. Em meio a tudo isso tentou localizar o paradeiro de Gilberto, sem ter êxito em suas tentativas.

- Acho que já podemos encerrar por hoje. – Disse ao fechar a pasta que tinha revisado por duas vezes.

- Concordo plenamente. – João levantou-se, se alongando.

- Então até amanhã, pessoal. – Disse ela.

- Happy hour, topa? – Sugeriu Viviane, levantando uma das sobrancelhas.

- Hoje não, infelizmente meu trabalho ainda não chegou ao fim.

- E o convite não serve para mim? – Questionou

- Claro que sim, João.

-Então estou dentro. – João olhou para o relógio em seu pulso. - Sério? Pretende ficar ainda mais no escritório?

- Meu trabalho aqui acabou, por enquanto, mas isto não significa que não o levarei para fora daqui. – Disse se arrumando para sair. – Mas se divirtam por mim.

- Vai ficar me devendo uma saída. – Disse Viviane.

- Pode deixar, em uma próxima pago essa dívida.

Ao sair da sua sala, Juliette notou que Thais não estava em sua mesa. Lembrou-se do convite feito a dois dias atrás, pensou que talvez ela tenha encerrado o expediente cedo e ido se reunir com o restante do pessoal do escritório. A porta da sala de Gilberto estava fechada, decidiu ir até lá para verificar se ele tinha aparecido na empresa, mas encontrou sua sala vazia.

Ela precisava conversar com ele o quanto antes, não poderia adiar por tanto tempo de lhe informar sobre o suposto envolvimento de sua fiel secretária e seu, até então, namorado.

Ao entrar no elevador Juliette pressionou a discagem rápida para o número de Gilberto. Tudo o que conseguiu foi o correio de voz.

O dia tinha sido mais intenso do que imaginava que seria, mas isto não a impediu de ir atrás de Gilberto em seu apartamento, antes que finalmente desse o expediente de trabalho como encerrado.

Ao chegar no apartamento não o encontrou, para a sua frustração. Mas encontrou uma Maaba, pelo que transparecia, disposta a ter uma conversa de reconciliação.

- Tivemos um encontro desconfortável. – Maaba encarou Juliette. - Eu me comportei de uma forma inaceitável, e fico mais do que feliz que esteja aqui. Preciso me retratar com você, assim como fiz com a minha filha. Se puder me dar um minuto, irei ficar mais do que grata.

Juliette não sentiu-se confortável com aquela conversa, mas resolveu ceder ao pedido da mais velha. Tinha ido ali para conversar com Gilberto, mas o destino tinha feito outros planos. Só lhe restava sentar e conversar com a mãe de sua namorada. E que as entidades lhe ajudem, clamou Juliette.

- Vocês querem algo para beber? – Perguntou Sarah.

- Seria ótimo uma taça de vinho, mas depois da nossa conversa. – Disse Maaba.

Juliette assentiu com um aceno. Ela acreditava que uma dose de álcool seria mais do que bem-vindo naquele momento. Tinha tido um dia agitado, e agora com uma conversa delicada em eminência uma dose de álcool lhe ajudaria a lidar com toda aquela situação.

- Tudo bem. – Disse Sarah.

Segurando a mão de Juliette, como se ela fosse uma criança indefesa, Sarah a guiou para o sofá sentando-se ao seu lado sem soltar a sua mão. Juliette sabia que aquele ato era para lhe mostrar que estava ali com ela, a apoiando. Ela deu um discreto aperto em sua mão em agradecimento.

Maaba se manteve de pé, mas se posicionou de frente para elas.

- Serei breve, pois sei que vocês têm planos para esta noite. E não é passar a noite com essa senhora aqui tendo uma conversa séria. – Ela deu um breve sorriso. – Juliette, primeiro quero lhe pedir desculpas por ter ido em seu trabalho falar algumas coisas, as quais não deveriam ser ditas. Sei que passei um pouco do ponto, mas quero que saiba que minha única intenção era proteger o coração da minha filha e não magoa a você, tão pouco a ela com as minhas atitudes.

- Compreendo. – Disse Juliette de forma sucinta.

- Minha filha passou por muitas coisas ao lado de Joey...

- Mãe. – Interrompeu Sarah. – Isto não importa mais. Já conversamos, lhe pedir para deixar o passado em seu lugar.

- Eu sei, minha filha. Só estou tentando explicar que agir errado em compara a sua namorada com aquela mulher. Deixe me explicar. – Ela fez uma pequena pausa. – Para uma mãe, não é fácil presenciar o sofrimento da fia e sentir como se fosse sua responsabilidade o estado dela. Quando lhe encontrei daquela maneira, jurei que não mediria esforços para lhe proteger. E era o que eu estava tentando fazer, ou pensava que estava fazendo. Juliette, eu sinto muito. Não lhe dei a oportunidade de conhecê-la antes, e espero que não seja tarde para lhe pedir uma segunda chance.

Juliette não sabia o que dizer, a mulher estava lhe pedindo desculpas, mas ela ainda guardava dentro de si todas as palavras ditas por ela em seu escritório. Palavras essas que a fez criar uma imagem nada amigável dessa mulher.

Ela encarou Sarah, que lhe olhava de modo esperançoso. Ela sabia que sua namorada desejava que sua mãe e ela se dessem bem. Então por ela, somente por ela, Juliette decidiu dar uma segunda chance aquela mulher.

- Sim, você terá. – Juliette a encarou. – Como lhe disse antes, minha única intenção é fazer a sua filha feliz e nada menos do que isso. Em relação ao passado, por mais que ela tenha vivido algo ruim lá atrás, isso não define como será o resto da sua vida. Sempre faremos escolhas ruins em algum momento na vida, mas elas não nos impediram de tomar ótimas decisões mais a diante. E sua filha é a melhor decisão que eu já tomei. E não, irrevogavelmente eu não sou a Joey. E o fato de nunca ter namorado uma mulher não anula o que eu sinto por sua filha, o que temos é real e a cada dia se torna mais concreto. – Juliette mudou de posição, ficando de frente para a lateral do corpo de Sarah. – Sua filha me faz a mulher mais feliz desse mundo e pretendo fazer que ela se sinta igual a mim.

- E eu sinto, e como sinto. - Sarah abriu um enorme sorriso para ela.

O que fez o coração de Juliette aumentar as batidas. Estar ao seu lado fez com que ela esquecesse o dia ruim e cansativo que passou, a fez sentir que tudo valia a pena se ao final do dia estivesse ao seu lado. Por ela poderia enfrentar o mundo, enfrentar até mesmo uma sogra insatisfeita com a união da sua filha com uma mulher que julgasse inadequada.

- Não é, e admito o meu erro de lhe compara. Estou sendo sincera ao pedir desculpas pelo meu comportamento, tanto a você como a minha filha. Eu quero apenas que ela seja feliz, e como ela me deixou bem claro em nossa conversa, é ao seu lado que isto está acontecendo. Cabe a mim só desejar que o melhor aconteça e desejar que a felicidade faça sempre parte da vida de vocês.

- Se depender de mim, isso aqui é só o começo de algo grandioso. – Disse Juliette.

- Faço das suas as minhas palavras. – Os olhos de Sarah ganharam um brilho intenso. – Aproveitando a deixa, preciso te fazer uma proposta. Eu pretendia conversar com você esta noite, em um momento oportuno. E acho que o momento é agora.

Sarah alternou o olhar entre a sua mãe e Juliette. 

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