- "Take me for what I am." – Repetia Sarah.Juliette sentiu seu rosto esquentar.
- "Don't make me close one more door. I don't wanna hurt anymore, stay in my arms if you dare" – Repetiu Sarah mais uma vez, mantendo o seu olhar preso ao de Juliette.
Mesmo vestidas com o robe, Juliette conseguia sentir o calor do corpo de Sarah. Sentia como se não tivesse nenhuma barreira física para impedir. Ela não sabia dizer se a sensação estava sendo produzida pela música, pela aproximação ou por já ter experimentado sua pele contra a de Sarah.
- Não se afaste de mim. Não se atreva a se afastar de mim. – Repetiu Sarah, desta vez traduzindo o que a voz feminina dizia em inglês nos alto-falantes.
Após mais algumas minutos entregues as melodias de Whitney, foram para a cama, onde mais uma vez fizeram sexo. De forma calma e contemplativa antes de finalmente pegarem no sono e se aconchegarem uma na outra.
A noite tinha sido mais do que perfeita, Juliette tinha experimentado o que verdadeiro prazer ao lado de Sarah. Todas as suas reservas e medos sobre aquele novo sentimento deram lugar ao sentimento de preenchimento. Agora sentia-se como se algo, antes faltante, agora tinha chegado e a completado.
Isso se atribuía a entender a si e ao seu corpo, entender que ele poderia leva-la a lugares ainda pouco explorado.
Em seus relacionamentos anteriores, o envolvimento sexual era algo mais levado para o prático da coisa. No começo a fazia sentir como se fosse mais uma obrigação por estar em um relacionamento do que um prazer.
Mas seu corpo se recusava a achar o que tinha suficiente, e sempre, mesmo inconscientemente, desejou por mais.
Ela nunca imaginou que esse mais viria através de uma mulher. Nem em seus sonhos mais sórdidos ousaria pensar que se sentiria atraída por alguém do mesmo sexo, e que esse alguém fosse capaz de dar ao seu corpo o que tanto ele suplicava.
Já era alta madrugada, e ela não conseguiu recusar o convite de Sarah para permanecer e dormir com ela. A princípio Juliette achou muito apressado da sua parte aceitar, mal se conheciam e já dormirem juntas, mas depois ponderou sobre tudo o que tinha acontecido naquela noite. Dormir era a coisa mais inofensiva que seria feita.
Ela foi acordada pelo movimento de Sarah. Dormir ao seu lado não tinha sido uma má escolha, ao contrário, seus corpos tinham se encaixado perfeitamente, dando para ela um conforto ao ponto de fazê-la dormir como se estivesse nas nuvens.
Já passava das quatro e vinte da madrugada quando foi acordada pelo movimento ao seu lado. Sarah se mexia em agitação, enquanto balbuciava algumas palavras.
A pouca caridade não impediu que Juliette pudesse ver o seu estado.
Estava nítido que aquele sonho estava a perturbando. Sarah suava e se remexia em agitação.
- Não. – Dizia ela.
Juliette a observou enquanto cogitava se a acordada ou não.
- Não se culpe, a culpa é toda minha. – Dizia Sarah se remexendo.
Juliette sentiu uma pontada em seu peito. Aquele sonho estava deixando Sarah perturbada, ela podia notar. Então decidiu interrompe-lo.
- Sarah. – Chamou.
- Não. Me solte. Eu não posso deixá-la. A culpa foi minha. – Esperneou Sarah.
- É só um sonho. Por favor, acorde. – Pedia Juliette enquanto tocava em seu rosto com delicadeza.
Sarah agarrou a sua mão ainda com os olhos fechados.
- Não faça isso. Eu não quero que você faça isso, você precisa me ouvir. – Suplicou.
Juliette ficou preocupada em sua recusa a acordar, decidiu ser mais incisiva. Pegando em seus ombros a sacudiu.
- Sarah, acorde! – Com a voz mais firme pediu.
Como se estivesse reagindo ao um ataque, Sarah se virou de modo que aprisionou Juliette por debaixo do seu corpo.
- Não me toque! – Gritou.
O coração de Juliette bateu em disparada, não como antes, de forma boa e empolgante, mas sim de medo. Pela primeira vez, ela sentiu medo de Sarah. Pensou que ela fosse lhe machucar. Que tivesse odiado ser acordada da forma que Juliette tinha resolvido ser a melhor maneira. Mas depois dos primeiros segundos de pavor, Juliette conseguiu compreender que Sarah ainda estava dormindo, e que aquilo não passava de reação ao seu pesadelo.
- Sarah, pelo amor de Deus, acorde! – Juliette gritou ao mesmo tempo que buscou forças e a jogou de lado, a tirando de cima de si. – É só um pesadelo. Acorde.
Recobrando a consciência da realidade, Sarah abriu os olhos.
Antes que encarasse Juliette, varreu o quarto com o olhar. Parecendo tentar entender onde estava. Juliette que agora estava de pé, ao lado da cama, esperava com paciência que Sarah entendesse o que tinha acontecido e tomasse consciência da realidade.
Ela continuou aturdida por mais alguns minutos antes de se dá conta da presença de Juliette parada ao lado da cama.
- Eu. – Tentou argumentar.
- Eu sei. Você teve um pesadelo. – Disse Juliette voltando para a cama.
Sarah ajeitou o corpo de modo que ficasse sentada na cama com as costas apoiada na cabeceira, Juliette ocupou o espaço ao seu lado.
- Me desculpe, eu não a queria assustar. – Disse Sarah, num sussurro.
- Não me assustou. Na verdade, me deixou preocupada. – Juliette sorriu para ela, na esperança de conforta-la.
- Eu te machuquei?
- Não. Você não fez nada demais, além de tentar se defender de algo que a estava lhe atormentando no sonho. O que houve? Que me contar sobre o pesadelo? – Juliette tentou soar o mais gentil possível.
- Eu não me lembro. – Disse Sarah.
Juliette a encarou, sentiu que ela estava mentindo sobre o sonho. A sua reação tinha sido muito forte para que não se lembrasse do que o sonho tratava, mas Juliette decidiu não insistir. Se ela não se sentia confortável em falar a respeito, cabia a Juliette respeitar.
- Tudo bem. Venha aqui. – Foi a vez de Juliette a puxar para os seus braços. – Está tudo bem agora, foi apenas um sonho.
Elas permaneceram em silêncio, abraçadas enquanto o dia ganhava vida.
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Eu adoro ler os comentários que vocês deixam. Saibam que os guardo dentro do meu coração com muito carinho.
Volto em breve com mais capítulos ;*
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor e Ódio
Hayran KurguAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...