Minha pequena

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Enquanto sua mãe tomava banho, Sarah aproveitou para ligar para Juliette. Depois da conversa com Gilberto, Sarah mandou mensagem perguntando como ela estava, após uma curta troca de mensagens Juliette informou que precisava entrar em uma reunião e que a mesma seria longa. Então elas não tinham voltado a se falar desde então.

Sarah queria ir até o seu apartamento, ainda mais agora que tinha certeza que sua mãe estava bem, mas o convite do jantar a impedia. Sua mãe estava muito animada, ela não queria frustrá-la com uma recusa. Ainda mais depois da tarde preocupante que teve, sem saber se a mãe estava ou não bem, iria proporcionar este momento mãe e filha para ela.

Enquanto voltava para o seu quarto, Sarah ouvia os toques do telefone. Pensou que talvez Juliette ainda estivesse trabalhando, quando ia encerrar a chama ouviu sua saudação do outro lado da linha.

- Oi!

- Olá, sentir sua falta. – Respondeu Sarah.

Sarah ouviu um suspiro audível do outro lado da linha.

- Está ainda em reunião? – Pergunta.

- Não, terminou alguns minutos atras.

Mesmo por telefone, Sarah sentiu algo estranho em sua voz.

- Ei amor, está tudo bem? – Perguntou, não conseguindo disfarçar a preocupação que se instalou ao ouvir o tom de Juliette ao atender o telefone.

- Está sim, estou só um pouco cansada. O dia hoje foi muito exaustivo, além do habitual.

- Irei sair para jantar com minha mãe em alguns minutos, mas se quiser posso ir te fazer companhia depois do jantar. Posso fazer uma massagem nesses pezinhos e te cobrir de carinho e fazer você esquecer do dia exaustivo.

- Desculpa, mas acho melhor não nos vermos hoje. Não estou me sentindo bem, acho que estou um pouco gripada e não seria nada legal espalhar meus germes. Vou tomar algo tentar descansar um pouco, acredito que amanhã já deva estar um pouco melhor.

- Posso cuidar de você, não ligo para os germes. – Disse Sarah num tom suave.

- Sei que não. – Juliette fez uma pequena pausa. – Você vai jantar com a sua mãe, não quero que faça as coisas com pressa só para estar comigo. É capaz de eu já estar dormindo quando o jantar terminar, então não precisa se preocupar. Aproveite a noite na companhia da sua mãe, com calma. Te vejo outra noite, preciso ir. Beijos.

Sarah não tempo de protestar, a ligação tinha sido encerrada.

Sarah pensou que talvez devesse cancelar o jantar e ir atras de Juliette, sabia que tinha algo com ela. Aquela não era sua forma habitual de agir, o que deixou Sarah pensativa.

Talvez ela esteja somente doente como falou e sua preocupação fosse algo desnecessário, pensou Sarah. Iria respeitar a sua vontade, e deixar que descansasse como tinha dito. Na manhã seguinte iria até ela, verificar pessoalmente se tinha melhorado.

Ela deixou o celular de lado e foi se arrumar para o jantar com a mãe.

Alguns minutos depois, Sarah já estava pronta, mas decidiu voltar a olhar o celular para verificar se Juliette havia lhe enviado alguma mensagem. Assim que pegou o aparelho, não conseguiu evitar o sentimento de decepção ao não encontrar o que procurava, mas logo o sentimento deu lugar a preocupação.

Então resolveu deixar uma mensagem de texto para ela.

"Espero que a minha luazinha tenha chegado bem em sua casa. Minha vontade agora era ir direto para o seu apartamento e me certificar pessoalmente que está bem, mas vou respeitar a sua vontade, mesmo não sendo a mesma que a minha. Quando disse que estaria sempre contigo, não é só na saúde, mas sim também na doença. Como dizem por ai... A união se faz na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza. Até que a morte os separe. Sim, sei que essa frase é para casamento, mas serve para o que temos. Quero você a todo momento, de todo o jeito. E sobre qualquer circunstância. Estarei atenta ao meu celular, não hesite em me ligar. Seja qual for o horário, eu estarei aqui disposta para atender ao seu chamado. Melhoras, minha pequena."

Sarah encarou o visor do aparelho por alguns minutos, esperando receber uma resposta instantânea, o que não aconteceu. Pensou que talvez Juliette estivesse chegado e já adormecido por conta de algum antialérgico ou algo do tipo que tenha tomado para o tal germes.

Não demorou para a sua mãe aparecer no quarto, informando que já estava pronta para irem jantar.

- Podemos ir? – Sua pergunta soou mais como uma ordem, mas Sarah ignorou o tom da mãe.

Assim que pegou os seus pertences a acompanhou saindo do seu quarto.

- Tem um restaurante a uma quadra daqui se preferir algo mais próximo. Podemos ir caminhando, ou podemos pedir um táxi e ir em algum outro que desejar. – Sugeriu enquanto caminhava ao lado da mãe e se aproximavam da sala de estar.

- O restaurante pode ficar por sua escolha, não me importa o qual escolha, contanto que seja só nós a ir.

Sarah pensou que sua mãe tivesse se referindo a presença do Gilberto e Juliette, únicos possíveis para as acompanhar. Ela não conseguia compreender a insistência da mãe em lembrá-la que queria que aquele jantar fosse só entre elas. Sarah já tinha concordado e deixado mais do que claro que iria fazer como ela desejava.

- Seremos só nós, como desejou. – Respondeu simplesmente.

Gilberto tinha saído um pouco depois da conversa que tiveram, e antes tinha informado que não teria horário para voltar. Antão ela não precisaria se preocupar se ele chegasse enquanto ela estivesse fora. Sarah concluiu que ele tinha ido atrás de respostas, e essas respostas só poderiam ser encontradas com uma pessoa específica.

Seu amigo estava apaixonado e se recusava a pensar o pior da pessoa, até que estivesse provas irrevogáveis provando o contrário.

Então não foi difícil manter o amigo longe daquele jantar, assim também como não foi difícil manter a Juliette. Já que não tinham planos para se verem aquela noite, mas isso não amenizou o sentimento de tristeza que dominava Sarah ao pensar que se manteria longe dela aquela noite, ainda mais depois daquele telefonema estranho que tiveram.

Desejou também que seu mal estar não fosse nada grave.

Queria estar ao seu lado, cuidando e lhe dando tudo o que precisasse. Não se cansaria de mantê-la confortável e mimá-la incessantemente, mas sua presença tinha sido recusada e deixada para outro momento.

Pensou em levá-la ao restaurante indicado em outro momento por Gilberto, o qual tinha pedido Juliette em namoro, mas aquele tinha se tornado o restaurante delas. Pensou sobre um outro, mas sabia que sua mãe não iria gostar por ser um ambiente mais singelo. Sarah tinha amado a decoração de barris e o calor da agitação do local, mas esses seriam sérios motivos para sua mãe odiar a escolha.

Por fim, Sarah decidiu levar a mãe para o restaurante próximo ali.

Sarah optou pelo restaurante próximo, não queria estar muito longe caso fosse preciso acompanhar sua mãe de volta ao apartamento caso sua presença fosse solicitada por Juliette em seu apartamento. Mas também por achar o lugar incrível, e certamente seria um ambiente o qual cairia nas boas graças de sua mãe. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora