Amor e Ódio

Ultimato

- Entender que mais uma vez minha filha está se envolvendo com alguém que irá quebrar o seu coração em mil pedaços e ter que cruzar os braços, é isso que você quer que eu entenda e aceite?

Sarah virou-se para encara-la.

- Seu eu vou ou não quebra o meu coração, essa escolha é minha e só te cabe respeitar. Eu não sou uma criança, eu sou responsável por minhas escolhas, sejam elas boas ou ruins. Então só cabe a mim decidir o que devo ou não fazer da minha vida. Você melhor do que ninguém deveria saber disso. – A mágoa tinha tomado conta do seu tom. – Desde sempre você tentou fazer com que a minha vida fosse espelho das suas escolhas, sem ao menos parar para me ouvir e respeitar os meus desejos.

- Me preocupar em dar um futuro bom para a minha própria filha é algo a ser condenado? Eu fiz o que fiz para tentar te colocar em um caminho que te levasse a uma vida estável e digna.

- Não, mãe. Você tentou fazer com que eu folhe um fantoche dos seus desejos. Primeiro quis que eu seguisse com a carreira de atriz, mesmo não se importando se era o que eu também queria para mim. Depois tentou me tirar, mesmo sendo a minha vontade permanecer. Você nunca se importou com o que eu queria, com os meus desejos.

- Você era uma criança, te deixei entrar nesse mundo por não saber das barbaridades que aconteciam. Se quis tirá-la era para o seu próprio bem, olha só onde você foi parar.

- Não, você não queria o meu bem. – Foi a vez de Sarah rir sem encontrar real graça. – Você só queria continuar me dominando, continuar fazendo da minha vida o que bem decidisse. Você só se importava com você mesma e nada mais. Seu egoísmo não te deixa enxergar as coisas como realmente são. Até mesmo querer me forçar a seguir o mesmo caminho que o seu, você quis impor. Me diz, como isso é querer a minha felicidade?

- Você claramente não era capaz de decidir-se quanto ao que queria da vida! Eu não poderia ficar de mãos atadas esperando você crescer e abandonar essas suas pretensões tolas, se você chama de egoísmo uma mãe querer o melhor para sua filha. Fato é que eu me importava e ainda me importo com você, o que é incrível dadas as circunstâncias! As coisas que você me diz, Sarah Carolline! Você me descreve como a pior das mães, você tem noção do quanto eu abdiquei da minha própria felicidade por você? Para no fim você me dizer coisas horríveis. Você tem noção do quanto eu me preocupo com você e com a sua felicidade?

- Você só se preocupa quando lhe convém, mãe.

- Deus queira que você nunca tenha filhos, para que você não perceba o tamanho de sua ingratidão comigo.

- Eu quero que você vá embora. Ou você respeita o meu relacionamento com a Juliette ou você me deixa em paz e volta imediatamente para Los Angeles. É simples.

- Com quem você pensa que está falando?!

- Com você, mãe. – Sarah caminhou até a janela e olhou para fora. – Eu passei muito tempo me culpando pela escolha que fiz em relação a Joey, acabei deixando com que você voltasse, de certa maneira, a controlar a minha vida novamente. Eu sou muito grata por tudo o que fez por mim depois que me encontrou naquele estado, mas sua interferência deve acabar aqui. A Juliette... Ela é uma pessoa maravilhosa, se você ao menos abrisse esse seu coração veria que ela é alguém a quem podemos depositar confiança. Veria o quanto estou feliz desde que ela entrou em minha vida e no quanto eu voltei a brilhar. Ela foi quem me fez acreditar novamente em mim, acreditar que a vida estava apenas começando para mim. – Sarah voltou a encarar Maaba. – Nada do que você disse para ela é verdade, ela não é e nunca será a causadora de sofrimento. E mesmo que nossa vida tome caminhos diferentes, eu voltaria no tempo e tomaria a mesma decisão, que é escolher viver ao seu lado e aproveitar cada segundo do paraíso que ela me proporciona. Não sei do que será feito o nosso futuro, nem mesmo se teremos um, mas te garanto que só de ter um presente ao lado dela vale a pena qualquer e todo o sofrimento que isso tudo poderá ou não causar. Então... De duas, uma. Ou você respeita a minha escolha parando de agir como se eu fosse uma criança ou acho melhor você ir.