· Perspectiva de Sarah
A melhor escolha que tinha feito era ter vindo para o Brasil, e por consequência ter conhecido Juliette. Por mais que ainda sofresse por Joey, Sarah estava feliz por ter ido até a casa de Juliette. A noite tinha sido incrível, jugou ter sido melhor do que da primeira, pois agora estava dominada pela vontade de se arriscar em algo novo. A vontade de deixar todo o sofrimento para trás tinha tomado conta do seu coração a dando forças para deixar os seus demônios trancados e finalmente seguir em frente.
Sarah sabia que seria um longo caminho a ser percorrido, mas valeria a pena.
Ter acordado ao lado de Juliette e tido uma manhã maravilhosa a deixava mais esperançosa.
Seu amigo tinha razão, ela precisava daquilo. Precisava se permitir ao novo, não deixar que seus traumas a limite.
Ainda na cama, ela observava Juliette conversar com alguém, e não pôde deixar de desejá-la de volta em seus braços. Sarah sentia algo estranho e ao mesmo tempo maravilhoso nessa atração, Juliette tinha conseguido colocar seu mundo de cabeça para baixo em menos de um mês. Ela sentiu vontade de rir de si, como poderia estar tão atraída por alguém assim.
Enquanto a observava não pode deixar de pensar sobre Joey, como tinha sido com ela. Mas logo tratou de deixa-la fora daquele quarto. Assim espantando o pensamento antes dela criar raiz.
Ao fim do telefonema soube do desejo da amiga, e vendo como Juliette tinha ficado dividida decidiu usar a desculpa que precisava ir até o seu apartamento. Mesmo desejando passar horas incontáveis ao lado daquela mulher, Sarah se despediu.
Assim que entrou no taxi seu celular começar a tocar. Na primeira chamada decidiu deixar que caísse na caixa, mas como a pessoa insistiu ela decidiu atender.
Assim que pegou seu celular viu no identificador de chamadas que era a sua mãe, ela pensou no fuso horário e se perguntou o motivo daquela ligação naquele horário, depois se lembrou que não falava com ela a oito dias. Pensou em não atender, não estava disposta a ter uma discursão com sua mãe dentro de um carro de um estranho, mas sentiu seu coração apertar. Não poderia ignorar sua própria mãe seja lá como aquela ligação iria acabar.
- Oi, mãe! – Disse animada ao atender.
- Oi, mãe? É isso que me diz depois de sumir e me deixar aflita? – Respondeu a mãe em histeria do outro lado da linha. – Você quer me ver morta de preocupação, não é possível. Onde já se viu fazer isso com sua pobre mãe? Você não pensa em mim?
Sarah revira os olhos sabendo que sua mãe não poderia ver.
Depois da faze Joey, sua mãe tinha se tornado ainda mais protetora, ao ponto de sufocá-la. Mas não a culpava, Sarah se colocava em seu lugar, se também tivesse encontrado sua filha a beira de uma overdose não se comportaria de modo diferente.
- Eu penso, mãe. Apenas tive uma semana complicada, me desculpe.
- Desculpas. Isso não anula o que sentir por todos esses dias. – Disse ela de forma exasperada. – Você não pode simplesmente sumir e ficar sem me dá noticias por tanto tempo. Já basta ter decidido voltar para o Brasil, decidindo ficar longe de mim. Eu precisei falar contigo desde a segunda e você nem ao menos me mandou uma mensagem.
Sarah tentou não se alterar, sua mãe estava sendo extremamente melodramática. Olhando para o banco do motorista, observou se ele estava prestando atenção a conversa, mas parecia que ele estava totalmente concentrado no trânsito a sua frente, ela agradeceu mentalmente por isso, pois sabia que depois do que iria dizer aquela conversa tinha grandes chances em acabar em uma calorosa discussão.
- Se queria falar comigo na segunda, poderia ter me ligado no dia, como estava fazendo hoje. – Tentou não soar ríspida. – A senhora não precisa esperar sempre que eu ligue ou dê notícias, sinta-se à vontade para entrar em contato comigo, garanto que não deixarei de atendê-la.
- Como irei saber se você irá mesmo me atender, ou continuar me ignorando como fez a semana inteira?
- Eu não a ignorei. Como disse, apenas tive uma semana complicada. Você poderia me ligar a qualquer momento, e caso eu não pudesse atender no momento, poderia muito bem retornar quando possível. Além do mais, existem aplicativos de mensagens, e pasme, ainda podemos mandar SMS. Não precisamos ficar presas a ligações e ao risco de não termos tempo para atendê-las no mesmo instante em que as recebemos. Não é incrível?
- Você está gozando da minha preocupação, Sarah Carolline Vieira de Andrade? Tudo isso para você é uma grande brincadeira, não? Você realmente não se importa com meus nervos. Você tripudia em cima da minha preocupação. – Disse a mãe num tom melancólico.
Sarah levou a mão livre ao seu rosto, cobrindo os olhos. Ela tentava manter a calma diante do drama da mãe. Precisava manter a cabeça fria e não se deixar levar pelas acusações. Sabia que quanto mais tentava explicar a mãe algo que ela entendia errado quando ela estava tendo suas crises de "mãe sofrida que a filha não dá a mínima" pior a conversa se tornava.
Tentando desviar das acusações da mãe, Sarah tenta uma nova abordagem.
- A senhora tem razão, estou sendo condescendente com futilidades. Sim, me conte o que a deixou neste estado, além da minha falta de notícias da minha parte, é claro.
Sarah pôde ouvir o longo suspiro que sua mãe deu do outro lado da linha. Percebeu que algo a estava a incomodando, e isto a deixou apreensiva.
Após alguns minutos em silêncios, ela finalmente voltou a falar.
- Chegou uma encomenda endereçada a você, a princípio achei que você algo que você tenha mandado do Brasil, porque era a única razão de chegar algo em seu nome aqui, já que você possui seu próprio endereço aqui na cidade, e me disse que tinha deixado alguém para cuidar desses assuntos. Falando nisso, preciso que você me dê mais informações sobre essa pessoa, você não pode deixar sua casa aos cuidados de um estranho. Isso é um absurdo, nunca se sabe o que podem fazer longe dos seus olhos. Como sua mãe, tenho o direito de supervisionar como estão os cuidados com sua casa, já que você está em outro país, para quando voltar encontrar tudo em ordem. E espero que seja o mais breve possível. – Ela fez uma pausa no assunto da encomenda para chamar a atenção de Sarah. - Porém vi que não possuía remetente e não me sentir no direito de abrir, então encaminhei via Fedex para o endereço que você me informou que estaria hospedada. Outra coisa que precisamos conversar. Acho um absurdo você ficar morando de favor na casa de um homem, mesmo que ele seja o seu amigo. Não me entenda mal, eu amor o Gilberto, mas você ficar morando de favor tirando toda a liberdade dele não está certo.
Sarah tentava manter a calma diante da repreensão da mãe, ela também não queria aquilo. Ficar ocupando o quarto de hóspedes no apartamento do amigo. O pensamento de alugar um lugar para ficar enquanto estivesse no Brasil estava em sua lista de coisas a serem feitas.
- Liguei para me certificar que você recebeu a encomenda, e também para saber notícias, já que você não o fez. A esta altura já deve ter chegado. – Informou ela.
- Irei verificar assim que chegar no apartamento. – Disse Sarah.
- No apartamento? E onde você está.
A perguntas da sua mãe não pararam por aí.
Sarah se arrependeu na mesma hora quando proferiu aquelas palavras. Sua mãe não se satisfez até saber de todos os detalhes, mas Sarah não queria que ela soubesse de Juliette. Pelo menos não agora, e nem que elas estavam se envolvendo. Isso a deixaria ainda mais preocupada, e Sarah acreditava que ela seria capaz de vir ao Brasil buscá-la pela orelha e leva-la para longe de Juliette e de qualquer outra mulher que se aproximasse de sua filha. Joey não só tinha deixado marcas em Sarah, mas também em sua mãe.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor e Ódio
FanfictionAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...