Garota safada

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· Perspectiva de Sarah

Quando Sarah abriu os olhos, a luz do sol do início da manhã estava infiltrando através da janela e Juliette tinha ido embora, mas o seu lugar na cama ainda estava quente e seu cheiro permanecia nos lençóis. Sarah não se lembrava de adormecer, mas em algum lugar no turbilhão de prazeres da noite passada ela deve ter adormecido. Ela rolou para a leve depressão que o corpo de Juliette tinha deixado no colchão e observou as sombras se deslocarem no chão do quarto.

As preocupações sobre o encontro que teria amanhã começaram a lhe atingir. Finalmente teria informações sobre quem estava por trás das correspondências misteriosas que recebeu recheado de conteúdos dolorosos do seu passado.

Seja o que for que acontecer, ela disse para si mesma que tudo iria ficar bem.

Elas poderiam lidar com tudo o que viesse pela frente juntas. Estavam bem apesar das complicações passadas, logo elas estariam caminhando para a tranquilidade sem se preocupar com intervenções externas.

Sarah ainda não sabia o que iria ser do seu futuro. Se pretendia voltar para Los Angeles e tomar o controle de seus negócios e retomar a carreira ou ficar no Brasil e começar algo novo. Ela ainda não tinha certeza de nada disso, especialmente em relação a impor uma mudança brusca na vida da Juliette se a sua decisão fosse voltar para Los Angeles. Por mais que ela desejasse que a primeira opção fosse possível, ela não iria tomá-la sem antes pensar na amada.

Sarah olhou o relógio. Sete e meia.

Passos anunciaram Juliette, que voltou para o quarto completamente vestida. Com um terninho completo escuro que destacava os seus olhos e Sarah desejou abruptamente que ela realmente não precisasse sair da cama.

O que ela realmente gostaria era puxar Juliette com ela e tirar aquele terninho peça por peça, expondo lentamente seu corpo perfeito para as suas mãos e seu olhar.

Elas tiveram uma longa noite de amor, mas mais não significar o suficiente. Sarah não tinha certeza se havia tal coisa como suficiente, especialmente quando Juliette entra parecendo disposta a dominar o mundo com um simples gesto de tão sexy que estava com aquela roupa.

- Posso dizer o que você está pensando. – Disse Juliette, num tom que fez Sarah estremecer até dos dedos dos pés com desejo e arrastar seu olhar de volta para o rosto dela com um pequeno sobressalto culpado. Juliette lhe deu um sorriso lento que fez o seu calor acelerar através do seu centro. – Garota safada.

- Então você sabe o quanto eu quero que você volte para esta cama. – Sarah respondeu, sorrindo de volta para Juliette.

Ela viu o desejo nem seu rosto, nos seus olhos castanhos, mas Juliette balançou a cabeça, a expressão maliciosa derretendo em resignação.

- Infelizmente, não posso. Meu chefe foi substituído pelo Ebenezer Scrooge, uma falta ocasionaria o corte desse lindo pescocinho aqui.

- Ebenezer Scrooge? – Sarah ergueu a sobrancelha em questionamento. – Como no conto de natal?

- Pior. - Juliette revirou os olhos. – Seu amigo está me fazendo querer arrancar meus próprios cabelos.

- Está tão ruim assim?

- Meu querido e compreensivo chefe tirou umas férias, deixando em seu lugar uma nova versão de si, digamos que um pouco menos adorável. – Ela suspirou. – Ele está um pé no saco, esqueceu-se como ser bondoso pelo meio do caminho. Sim, está tão ruim assim.

- Posso ajudar em algo para melhorar esta situação? – Disse de forma sugestiva.

- Não no momento. Infelizmente preciso ir.

Sarah suspirou.

Ela sentou-se e saiu da cama, relutante em deixar seu calor, mas mais relutante em deixar Juliette ir sem um beijo. Ela a tomou em seus braços ao se aproximar e a puxou contra o seu corpo. Sua cabeça mergulhou para encontra a dela, Juliette abriu-se para que ela enquanto a beijava lento suave.

- Mais tarde. – Disse Juliette enquanto recuava, deixando-a. – Eu realmente preciso ir trabalhar agora.

- Eu sei. – Sarah respondeu. Ela sorriu para Juliette de novo, sem o olhar de flerte. – Vejo você hoje à noite.

- Você irá.

Sarah deu um passo para trás, mas Juliette a pegou de novo, puxando-a para mais um beijo, que Sarah retribuiu de maneira entusiasmada.

- Realmente não tenho certeza se estou de acordo com me beijar assim e ir embora. – Disse Sarah quando Juliette interrompeu o beijo e ela tinha conseguido reunir ar suficiente para falar.

- Estou me torturando tanto quanto estou torturando você, amor. Confie em mim. - Juliette riu.

Juliette desapareceu pela porta e Sarah voltou para a cama sentando-se em sua beirada, os braços descansando nas coxas.

Ela levantou-se e caminhou para o banheiro, olhando no espelho enquanto passava. Talvez ela estivesse apenas imaginando coisas, mas ultimamente ela pensava que às vezes parecia mais velha do que sua idade lhe infligia, algumas marcas de expressão novas em seu rosto. Provavelmente era todo o estresse que tinha vivido com tudo o que tinha lhe acontecido nos últimos anos.

Tudo o que tinha auto infligido.

Levou a mão direita ao rosto, traçando caminhos. Primeiro pelas linhas dos olhos, depois seguindo pela lateral e se demorando em seus lábios.

Ao chegar aos lábios lembrou dos beijos trocados momentos antes com Juliette, passou a ponta da língua no lábio inferior como se pudesse sentir o gosto dos beijos de Juliette novamente e o calor dominou o seu interior.

Não conseguiu conter o sorriso que dominou os seus lábios ao se dar conta, de que mesmo uma simples lembrança dela era capaz de lhe incendiar completamente.

Ela tinha se tornado o epítome da sua existência.

Se deu conta que a escuridão causada pelo amor que sentia por Joey fora substituída por uma luz gloriosa. Finalmente havia superado todo o passado, sua busca agora era somente por respostas. Amanhã seria o dia que finalmente as teria, e então, finalmente enterraria Joey e tudo o que lhe dizia a respeito.

Assim como tinha concluído que precisava tomar outro passo decisivo em sua vida, este um pouco mais delicado, mas que a levaria a concretizar a sua felicidade. Assim esperava.

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora