· Perspectiva de Sarah
Sarah fixou os olhos em seus pés, ordenando-lhes mentalmente que se mexessem. Saiu do edifício e sentiu o calor ardente do sol sobre ela. Pensou como era agradável sentir a força do sol sobre a sua pele gelada, mas não conseguiu se livrar da tristeza. Queria voltar para o prédio e deita-se ou até mesmo ir até a praia e deitar-se na areia para apanhar sol, talvez assim conseguisse se livrar do sentimento de tristeza instalado dentro de si.
Era o plano mais ambicioso que podia fazer no momento.
Quando ela fez menção para volto para dentro do prédio sentiu alguém segurando o seu braço, a impedindo.
Sarah sentiu como se tudo estivesse passando em câmera lenta a partir daquele momento.
Primeiro olhou para os dedos esguios ao redor do seu antebraço, depois se virou para encarar a dona daquela mão. Antes mesmo de completar o giro ela sabia a quem pertencia. Aquele movimento pareceu levar uma eternidade.
- Joey?! Não pode ser você. – Sarah quase gritou, seus olhos arregalados de espanto.
- Como assim? – Joey pareceu não entender.
- Você... Eu pensei que você não tinha sobrevivido... – Sarah não conseguia formar uma frase coerente.
- Sentir tanto a sua falta. – Joey a olhava como da primeira vez que se declararam apaixonadas. Um brilho intenso em seu olhar, demonstrando o quão feliz se sentia ao estar ao seu lado.
Sarah a encarou em choque.
Não podia acreditar que Joey estava ali na sua frente.
- Como? Como você conseguiu me encontrar? – Sarah conseguiu perguntar.
- Eu achei que iria ficar feliz em me ver, sentir tanto sua falta meu amor.
Joey a puxou em um abraço.
Sarah inicialmente não conseguiu retribuir, ficando paralizada. Sua cabeça girando enquanto tentava entender o que estava acontecendo.
Então retribuiu, abraçando de volta aquela mulher.
As duas, Joey e Sarah, permaneceram o que pareceu um longo tempo abraçadas, Sarah incrédula. Aquela situação não parecia real, estava mais para um sonho. Por alguns instantes Sarah pensou que era apenas efeito de confusão mental pela qual seu cérebro estava passando, mas ainda conseguia identificar um acontecimento verdadeiro quando participava de um. E decididamente aquilo estava acontecendo.
Somente depois do que pareceu um longo período de tempo, Sarah afastou-se da mulher, e começou a fitá-la intensamente.
Joey não disse nada.
Então foi Sarah que pronunciou as primeiras palavras após o longo contato que o abraço ocasionou.
- Por favor, me diga que é você mesmo. Diga-me como conseguiu sobreviver ao acidente e qual motivo fez parecer estar morta?
Sarah finalmente conseguiu arrancar aquela palavra das profundezas de sua garganta.
- Não tentei fazer você pensar que eu estava morta. – Disse simplesmente.
- Que saudade sentir de seu abraço.
Sarah sentiu um nó se formando em sua garganta.
Como poderia uma pessoa ser capaz de fazer algo como isso? Forjar a própria morte e depois retornar como se nada estivesse acontecido? Não poderia ser verdade. Todo o sofrimento que passou. O buraco onde se meteu por conta dessa dor.
- Durante todo esse tempo, eu pensei que você estivesse... – morta, mas Sarah preferiu não dizer novamente a palavra. – No entanto, você está aqui.
- Sim eu estou, e você também.
- Não consigo acreditar. Como conseguiu me encontrar?
- Procurei por você.
- Eu pensei ter sido a culpada pela... – novamente, Sarah julgou essa palavra pesada demais para o momento.
De repente, o tempo que outrora estava ensolarado ganhou grande nuvens pesadas, ameaçando se dissolver em uma grande tempestade.
Uma forte rajada de vento fez os seus cabelos esvoaçarem.
Um arrepio correu por sua espinha, mas isso nada tinha relação ao tempo ruim que se formou ao seu redor.
As pessoas, que antes andavam calmamente pela calçada, agora se movimentavam com maior agilidade em busca de abrigos seguros para quando a chuva que ameaçava cair não as pegasse.
Sarah estava dividida, não sabia se voltava para o abrigo do apartamento ou se continuava onde estava. Parada na poda do edifício encarando aquela mulher, que a mais ou menos um ano e meio tinha visto ser enterrada.
- Não, eu devo estar louca. Isso não pode ser verdade. – Sarah disse mais para si, tentando convencer a própria mente a voltar para a realidade.
Joey levou a mão esquerda até a lateral do rosto de Sarah, a tocando de modo suave. Sarah sentiu como se tudo ao seu redor voltasse a se mover em baixa velocidade. O tempo pareceu perder as forças, se demorando a passar.
- Eu amo você. – A voz de Joey soou suave.
Sarah começou a movimentar a cabeça de um lado para o outro.
- Não. Não. – Repetia. – Isso não está acontecendo, não pode ser.
- Eu fiz tudo para te encontrar e você nem ao menos vai dizer que me ama? Não sentiu a minha falta? – Insistiu Joey.
Sarah continuou movimentando a sua cabeça, a mão de Joey ainda pousada na lateral do seu rosto.
Não! Ela não queria que aquilo fosse real, não queria Joey ali.
- Eu te encontrei, isso é o que importa agora.
A chuva que antes ameaçava cair, finalmente rompeu os céus. Sentiu como se sua vida estivesse desmoronando, assim como ela.
Sarah fechou os olhos, e neste momento sua mente lhe trouxe a imagem de Juliette, trazendo consigo um sorriso esplêndido.
Sentiu uma vontade de gritar o seu nome, pedir por sua presença ali. Joey não poderia estar ali reivindicando o seu amor, voltando para a sua vida como se tudo não passasse de um sonho. Isso! Concluiu ela, só poderia ser um sonho. Sua mente estava lhe pregando uma peça.
- Juliette. – Sarah deu um grito, finalmente se desprendendo.
Seu grito soou como um trovão, uma tormenta a fazendo abrir os olhos.
Acordou com o seu quarto ainda envolvido na escuridão, o baby doll de cetim que usava estava grudado em seu corpo molhado pelo suor. Lentamente sentiu sua alma retornando para o seu corpo e retomando a consciência aos poucos enquanto terminava de despertar. O sonho tinha sido real demais, ela lutava para se livrar da sensação que ele a tinha causado. Levou a mão, ainda tremula, ao coração. Ele batia de forma descompassada.
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Espero não ter matado nenhuma luazinha do coração com essa atualização :)
Não consigo responder todos os comentários, mas não pensem que eu não os leio. É cada teoria melhor que a outra... Nem vou relatar sobre o desejo que vi em certos comentarios querendo matar um certo alguém. Saibam que os leio com bastante carinho, mesmo quando não consigo respondê-los. Obrigado por tudo e por tanto. Todos vocês que acompanham essa história merecem um mundo. Até breve ;*
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Amor e Ódio
FanfictionAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...