Um pensamento

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· Perspectiva de Juliette

Juliette passou o restante da manhã em sua cama, onde buscou refúgio. Agradeceu por ter pegado no sono e ter dormido a maior parte do domingo. Quando despertou já passava das duas da tarde. Após um longo banho, decidiu limpar a bagunça que tinha deixado na cozinha.

Sua mente agradeceu por ter se permitido dormir, pois agora se sentia bem melhor.

Assim que se certificou que tudo estava em ordem na cozinha, voltou para o seu quarto. Pegando o celular verificou seus e-mails, mensagens e depois as ligações.

Vitória a tinha enviado várias mensagens, todas dizendo o quanto Juliette havia perdido por não a ter acompanhado, no corpo da mensagem tinha varias fotos do lugar, de Vitória, Rodolfo e mais outro homem que Juliette não reconheceu. As mensagens tinham sido enviadas um pouco antes do meio dia.

"Acabei de acordar e não me arrependo por não ter ido. Eu precisava descansar um pouco, ontem passei dos limites. Mas fico feliz por você está se divertindo, mesmo sem mim. Boa sorte amanhã no seu novo emprego, te desejo todo o sucesso desse mundo."

Assim que encaminhou a resposta para Vitória, um pensamento tomou conta de Juliette.

Talvez era isso que ela estava precisando, pensou.

Lembrou que já fazia um tempo que não visitava a sua mãe, tão pouco que tirava férias do trabalho.

Muita coisa tinha acontecido em um curto tempo. Ela precisava se afastar para poder colocar a cabeça de uma vez no lugar, e ir visitar sua mãe seria unir o útil ao agradável, concluiu. Antes precisaria verificar sua agenda para se certificar que poderia se afastar do trabalho sem grandes problemas, ainda mais sendo uma decisão tomada em cima da hora.

Os compromissos que possuía poderiam ser reagendados, e as entregas de algumas documentações, que precisavam de revisão, não era necessário estar presente, enviar por e-mail não daria problemas.

Um voo de Recife para campina grande levaria em media 50 minutos, se ela conseguisse pegar um que não tivesse escala. Verificando o horário, sua viagem poderia ser feita naquela mesma tarde. Só precisava contar com a sorte de encontrar um voo disponível.

Enquanto procurava por voos disponíveis, seu telefone toca. Era Vitória. Juliette pensa em deixar a ligação cair na caixa postal, não queria perder tempo em uma ligação quando estava disposta a comprar uma passagem para longe dali.

Assim ela ficou olhando para o visor do aparelho até que a chamada fosse encerrada, mas logo viu que Vitória estava disposta a falar com ela, pois persistiu ligando mais uma vez. Desistiu de ignora-la e decidiu atender.

- Amiga, estamos chegando na cidade. Não acredito em nada do que me falou, então decidir dá uma passada em sua casa para ver pessoalmente como você está. Estamos quase chegando, então se não quer ser pega nua, acho melhor se vestir. – Disse Vitória eufórica assim que Juliette atendeu a chamada.

- Ei! Espera um momento, você está de brincadeira, não é?! – Disse Juliette incrédula.

Ouviu-se um barulho de alguém algo fundo, ela não conseguiu identificar a voz nem o que diziam. Vitória pareceu responder algo, o que também não ficou claro para Juliette.

- Eu estou de sair daqui a pouco, vocês não podem vim. Não hoje. – Continuou Juliette.

- Amiga, deixa de desculpa furada. A pouco tempo você me disse que tinha acabado de acordar, eu te conheço a ponto de saber que não deu tempo de você arrumar um lugar para ir. Então deixar de ser ante diversão, para de inventar desculpas.

- Não é desculpas, eu realmente pretendo sair, ou melhor, pretendo ir visitar minha mãe. – Disse Juliette num tom apertado.

- Mas a sua mãe mora em outro estado. – Argumentou Vitória, soando um pouco confusa.

- Sim, mora. Eu estava tentando comprar uma passagem quando você me ligou. Preciso visitá-la.

- Mas assim de uma hora para outra?

- É, assim de uma hora para outra. Por isso não é o melhor momento de vocês aparecerem aqui. Você ainda está com Rodolfo, suponho.

- Sim, ainda estamos juntos. – Vitória voltou a responder a outra pessoa, deixando Juliette esperando na linha. Desta vez Juliette pode entender do que se tratava. Vitória acabara de dizer de forma resumida que Juliette estava indo ver a mãe, e comentou também sobre a procura da passagem. – Você viajará ainda hoje? – Perguntou ela, voltando sua atenção para Juliette.

- Sim, se assim conseguir um voo que tenha passagem ainda disponível a esta altura. Adoraria te ver, até mesmo continuar nessa conversa, mas preciso voltar a minha procura se ainda quiser embarcar hoje.

- Então você ainda não conseguiu a passagem? – Ela pareceu falar mais para a outra pessoa do que para Juliette.

- Como acabei de te dizer, ainda estou entrando em contato com as agencias, estou tentando encontrar um voo com passagens ainda disponíveis.

Juliette queria encerrar a ligação o quanto antes, mas Vitória parecia disposta a prolonga-la o quanto pudesse. E aquilo estava deixando Juliette frustrada, tinha medo de seus planos irem por água a baixo se continuasse a conversar com Vitória, perdendo um tempo crucial.

- Você sabe que é meio impossível encontrar passagens assim em cima da hora, não é? – Questionou ela.

- Sim, sei. Mas estou disposta a encontrar mesmo que me custe uma fortuna. Eu preciso fazer essa viagem. – Disse Juliette.

- Você não está tentando fugir dele você sabe quem? – Perguntou Vitória num tom baixo.

Juliette sabia muito bem quem ela se referia, e não deixou de revirar os olhos. Vitória pareceu fixar a ideia de que o seu sofrimento seria causado pelo termino com Arcrebiano, e por mais que explicasse que foi um equivoco da parte dela, Vitória estava mais do que disposta a sustentar sua tese.

- Não é nada disso. – Disse Juliette de forma exasperada. – Eu realmente preciso visitar a minha mãe, dar um tempo do trabalho também não será uma má ideia. Afinal, venho trabalhando sem interrupções por um longo tempo.

- Certo, vou acreditar em você. – Disse Vitória, não convencendo em nada Juliette.

Juliette ouviu um barulho de porta de carro sendo fechada, algo foi dito para Vitória, mas Juliette não conseguiu entender.

- É para acreditar, pois estou falando a verdade. Arcrebiano não merece nada de mim além da indiferença. E digo com toda a certeza, ele não me deixou saudades, tão pouco sofrimento. Ele é uma carta mais do que fora do meu baralho, então vamos evitar de voltar a traze-lo para onde não o pertence, que é o meu presente. Agora realmente preciso desligar. Tenho que deixar tudo organizado antes de ir.

- Tudo bem. Beijo. – Juliette estranhou a súbita alegria e disposição da amiga em encerrar a chamada sem titubear, mas resolveu não perder tempo pensando sobre.

- Beijos. Assim que puder, te mando notícias. – Disse Juliette.

Vitória não esperou por sua resposta, finalizando a chamada antes que a Juliette se despedisse. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora