Possibilidades

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· Perspectiva de Sarah

Sarah não conseguia parar de pensar no sonho que tinha tido com Joy e Juliette. Aquilo tinha mexido profundamente com ela. A dor que sentia pela perda de Joy ainda era viva em seu coração e a forma em que aconteceu a se fez culpar. Ela escolheu voltar para o Brasil na esperança de deixar tudo para trás, pois Los Angeles representava tudo o que ela tinha construído ao lado de Joey.

A atração que sentiu por Juliette fez com que a culpa tomasse proporções ainda maiores. Ela não estava pronta para se relacionar com nenhuma outra mulher, ela não poderia fazer isso. Devia seu amor a Joey e somente a ela.

Com o passar dos dias, com muito esforço, conseguiu esquecer da morena de cabelos longos. Sentiu-se aliviada por não precisar encontrá-la novamente. Seu amigo pediu que explicasse os motivos de ter tratado sua advogada barra amiga daquela maneira. Ele sabia que aquele não era o seu modo de agir. Sarah desconversou e colocou a culpa no álcool e na irritabilidade que sentia por ter sido apalpada por um estranho.

- Sim, mãe. Te garanto que estou bem. – Disse Sarah.

Ela havia prometido que ligaria para a mãe, pelo menos duas vezes na semana para contar como estava sendo sua estadia no país e falar um pouco sobre o que tinha feito até ali.

- Eu não tenho como saber se você realmente está bem. Parece que não te vejo a anos, minha filha. Eu estou sentindo muito a sua falta. – Disse a sua mãe, com a voz chorosa do outro lado da linha.

Sarah estava em seu quarto temporário no apartamento de Gilberto.

- Eu também sinto a sua falta. – Disse num sussurro.

- Então volta. Eu ainda não entendo o motivo de você ter escolhido se afastar de mim. – Se queixou a mãe.

- Eu não escolhi me afastar de você, sabe disso. – Disse Sarah num tom frágil. – Eu precisava, ainda preciso...

Ela foi interrompida pelas batidas na porta.

- Mãe, só um minuto. – Disse Sarah levantando-se da cama e indo até a porta.

Era Gilberto.

- Loirinha linda, tenho algo para você! – Gil foi entrando e Sarah então reparou na grande caixa e na sacola que ele carregava.

Levantando o dedo indicador, ela fez um sinal para o amigo pedindo que aguardasse um instante.

- Mãe, preciso desligar. Estar tudo bem, eu juro. Te amo.

Assim que ouviu sua mãe se despedisse, finalizou.

Prendendo o cabelo em um coque mal feito e desarrumado, ela se sentou na cama e observou o sorriso estranho do amigo.

- O que são essas coisas? – Perguntou fingindo não estar completamente curiosa.

- Vamos, abri! – Gilberto bateu palmas e esboçou um sorriso de empolgação.

Devagar, Sarah desfez o laço da grande caixa e tirou a tampa. O papel de seda que podia ser visto assim que a tampa foi erguida já ostentava um símbolo que fez Sarah estremecer. Era um legitimo Valentino. O vestido preto logo foi exposto por Sarah que o segurava ao alto. Como uma boa garota que cresceu na alta sociedade, ela sabia muito bem como distinguir peças valiosas e de bom gosto.

- Eu não posso aceitar. – Sussurrou Sarah desviando os olhos para o chão.

- Já aceitou! Tenho certeza que este vestido ficará perfeito em você! – Gilberto delicadamente colocou a peça sobre a cama e pegou a sacola que acompanhava a caixa. Tirando da sacola de papel uma caixa que continha um par de Louboutin. O salto agulha combinava com a delicadeza do vestido.

- Gilberto... - Choramingou Sarah.

- Nem ouse. – Ele disse prevendo o que a amiga falaria. – Você vai aceitar e vai linda nesse evento. Lembre-se, você estará me acompanhando. Sou a estrela da noite, tenho que estar acompanhado por alguém a altura. – Disse ele, num tom de brincadeira se aproximando da amiga e a abraçando por trás encostando o queixo no ombro dela.

À noite, Sarah estava deslumbrante. Os cabelos arrumados em um coque milimetricamente organizado e o sorriso encantador de sempre.

Gilberto fazia o possível para deixá-la confortável diante das apresentações de pessoas que ela esquecia o nome logo após ser apresentadas. Ela estava no meio de um desses momentos de sorrisos rasos e troca de amenidades, quando sentiu uma corrente elétrica percorrer o seu corpo. Ao se virar para a entrada do salão, o seu olhar encontrou o de Juliette.

Ela não reparou quando o grupo se dissipou, deixando-a e Gilberto. Juliette e a loira que a acompanhava, estavam indo em sua direção.

Sarah sentiu as pernas tremerem e por um momento se arrependeu amargamente de usar o par de Louboutin tão alto. A loira estava com medo de despencar e cair ao chão a qualquer momento, tamanha era a sensação de formigamento em todas as partes do seu corpo.

Não, ela não podia ficar assim. O que Juliette tinha afinal? Pensou ela. Ela a mal conhecia, ela não poderia ter esse poder. Sarah não podia deixar que isso acontecesse, era nisso que ela se concentrava.

- Ei, Juliette! – Disse Gilberto sorridente para a amiga. – Alguém está diferente esta noite!

- O que será? – Juliette bateu o dedo indicador no queixo como se perguntasse teatralmente para si mesma o que poderia ser. – Ah, já sei! Devo ter deixado ela trancada dentro do closet e tomado o seu lugar.

Sarah que observava a cena, entendeu que era alguma piada interna dos dois. Pois até mesmo a loira que acompanhava Juliette esboçou confusão em seu semblante. Sarah se perguntava se a loira era apenas uma acompanhante como ela, ou se existia algo entre ela e Juliette. Não conseguiu deixar de sentir ciúmes com aquela possibilidade.

- Deixa eu fazer a apresentação oficial, para que assim possamos apagar aquela noite fatídica. – Começou Gilberto. – Sarah, está é minha melhor advogada, e depois de você, minha melhor amiga Juliette.

Juliette estendeu a mão em direção a Sarah, que por alguns longos segundo permaneceu com sua mão imóvel.

Assim que as duas mãos se chocaram, Sarah voltou a sentir a eletricidade.

- Olá! – Disse Juliette apenas, se desvencilhando do cumprimento.

Neste momento, um rapaz se aproxima e diz algo no ouvido de Gilberto.

- Os holofotes me chamam, meninas. Deixo com vocês o restante da apresentação. – Disse Gilberto, indo em direção ao palco.

- E eu sou a Vitória. – Disse a moça, também oferecendo a mão para Sarah.

- Prazer, Vitória. Desculpa, mas preciso falar com um conhecido. - Disse Sarah, procurando uma desculpa para se afastar o mais rápido de Juliette. 

Amor e ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora