· Perspectiva de Juliette
A noite estava sendo confusa para Juliette. Primeiro a sensação que teve ao rever Sarah, o arrepio que sentiu pelo corpo ainda pairava sobre ela. Tentava se concentra na conversa que estava tendo com Rodolfo, mas sua mente tentava processar o que tinha provocado aquela sensação. A primeira impressão que tivera de Sarah foi substituída, antes sentia certa repulsa pela moça, agora algo nela a deixava intrigada.
Mesmo absolvida pela conversa com Rodolfo, Juliette pode sentir o olhar de Sarah queimar sobre ela, o que a fez olhar em sua direção.
- Hora de dançar com a mulher mais linda dessa festa. – Disse Rodolfo a puxando para a pista.
Juliette passou os próximos minutos envolvida em seus braços.
Quando já estava na terceira música, notou as intenções de Rodolfo. Por mais que o tivesse achado um homem atraente e gentil. Juliette não estava inclinada a se envolver com alguém tão cedo. Seu coração ainda estava machucado. Por mais que sentisse que o amor entre ela e Arcrebiano tinha chegado ao fim, a traição que sofrerá deixou uma grande ferida em seu peito.
- Você é linda – Disse Rodolfo ao pé do ouvido de Juliette.
- Obrigada.
- E dança muito bem. – Disse ele, num sussurro.
- Você que sabe conduzir, com isto me fazendo parecer saber o que eu estou fazendo. – Disse Juliette num tom baixo.
Juliette varreu com os olhos o salão, a procura de Vitória. Tinha esperanças que ela tirasse daquela situação, mas não a encontrou.
- Gostaria de conhecê-la um pouco mais. Saber o que mais você sabe fazer. – Disse Rodolfo. – Poderíamos jantar, quem sabe?
Juliette não soube como reagir.
Ela tinha adorado ter a companhia de Rodolfo, mas não queria ir além de uma simples dança. Tentou não parecer grossa ao responder.
- Não vejo com uma boa ideia.
- Posso mudar esta visão. – Insistiu ele.
- Acredito que sim.
Por fim, a música deu uma pausa para mais um pronunciamento de Gilberto. Juliette aproveitou a deixa como desculpa para se afastar de Rodolfo.
- Adorei dançar com você, agora preciso verificar por onde anda a minha amiga.
- Posso ir com você, se desejar.
- Não será preciso. – Disse Juliette, indo em direção ao bar.
Fingiu procurar Vitória, quando Rodolfo sumiu da sua visão ela se virou por barmen e pediu uma bebida. Após ingeri-la foi em busca de um lugar em que pudesse respirar.
Acabou dando de cara com Sarah, aquela sensação de eletricidade a invadiu quando sentiu as mãos de Sarah sobre o seu corpo.
Tentou manter a compostura. Algo pulsando dentro dela ficava cada vez mais forte. Juliette nunca havia sentido aquilo por ninguém, principalmente por uma mulher. Sua mão foi parar nos braços de Sarah, ela não mais as controlava. Quando viu, já estava aos beijos com Sarah a puxando para mais perto. Como se fosse sua tábua de salvação.
A sua mente plenamente consciente queria empurrá-la de perto de si, mas o seu corpo desejava aquilo, deseja o toque de Sarah e seu beijo, e parecia que o mesmo acontecia com Sarah.
Enquanto Sarah a beijava, Juliette sentia o calor do corpo inteiro de Sarah, o calor dela vinha para Juliette como ondas, ondas de excitação e calor, e elas vinham de acordo com o ritmo das batidas do coração de Sarah. E Juliette sentiu que saía do dela também, afinal, ambos corações estavam batendo em ritmos iguais.
A cabeça de Juliette estava com um turbilhão imenso de pensamentos, enquanto correspondia ao beijo de Sarah, mas um desses pensamentos foi o de que desejava mais do que apenas um beijo com ela, que talvez sentisse algo por ela. Isso a assustou e a aterrorizou profundamente.
'' Como assim eu estar atraída por uma mulher?'' Pensou ela, a ideia lhe pareceu inconcebível, simplesmente não tinha cabimento. Não, para Juliette não.
E então com uma força que não soube de onde tirou, Juliette conseguiu empurrar Sarah e dar um passo para trás.
Ambas estavam ofegantes.
Aquela mulher estava querendo a deixar louca.
Primeiro a insultará, agora a beijando. Sua reação de dar um tapa forte no rosto como resposta para o atrevimento da mulher ao querer brincar com a sua cabeça foi a única reação que Juliette julgou plausível para tudo aquilo.
- Idiota! Quem você pensa que é para me beijar? Jamais repita isso. – Disse Juliette com a voz rouca, dando as costas a Sarah logo em seguida.
Juliette ficou excitada com o beijo, isso a deixou apavorada, assustada.
Sua mente a alertava que aquilo não deveria ter acontecido, porém seu corpo desejava mais.
Buscou as cegas o caminho do banheiro. Precisava se distancia de Sarah o mais rápido possível. Deixou que a fúria tomasse o lugar da excitação.
Mas ela não sabia se a fúria vinha pela frustração do seu corpo, por desejar se entregar aquela mulher ou por ter sido beijada por ela daquela maneira. Ainda mais estando em público, aos olhos de quem quisesse presenciar aquela cena.
Sua cabeça ainda girava. Sua boca ainda inchada pelos beijos, latejava.
Ao entrar no banheiro, duas mulheres conversando no canto sobre um certo homem que uma delas estava ficando. Juliette as ignorou, dirigiu-se ao espelho.
O rosto estava vermelho.
Ligou a torneira, umedecendo a mão passou por sua nuca na tentativa de aplacar o calor irracional que sentia.
Juliette passou a língua pelo lábio inferior, como se estivesse acabado de saborear um prato muito delicioso. O gosto de Sarah ainda permanecia em seus lábios.
As mulheres que cochichavam no canto do banheiro voltam para a festa, Juliette continuar encarar o seu reflexo no banheiro, relembrando, mesmo contra a sua vontade, o beijo trocado com Sarah.
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Amor e Ódio
ФанфикAmor e ódio não se excluem. Movem-se num mesmo campo e, apesar de possuirem aspectos aparentemente distintos, a relação entre estes dois sentimentos envolve uma ligação entre eles. Duas mulheres de personalidades distintas, tendo seus caminhos entre...